Paixão e vontade de aprender são o mais importante no novo coro da Orquestra do Sul

O novo coro da OCS teve ontem o primeiro ensaio, tendo em vista a preparação do seu espetáculo de estreia, em Junho

Não importa a idade, a nacionalidade ou se são mulheres ou homens e nem sequer é obrigatório ter experiência prévia – desde que o talento e a aptidão para a música estejam lá. No novo coro da Orquestra Clássica do Sul (OCS), que nasceu ontem, segunda-feira, o mais importante é «ter uma enorme vontade de aprender e de gostar de cantar bem».

A garantia foi dada aos jornalistas pelo barítono Rui Baeta, no intervalo de uma sessão que começou por ser de apresentação, mas que depressa se transformou num ensaio, que decorreu esta segunda-feira na sala de ensaios da orquestra, junto ao Teatro das Figuras, em Faro.

O cantor lírico algarvio é o responsável por este novo projeto da OCS, que ontem deu os primeiros passos. Cerca de 80 pessoas aceitaram o repto e serão a matéria prima com a qual Rui Baeta irá trabalhar, a partir de agora, tendo em vista a preparação de espetáculos em que, aos instrumentos dos músicos da OCS, se juntem vozes.

O grupo, como depressa se percebe, é bastante heterogéneo. «Temos aqui pessoas que já estudaram música, que cantam noutros coros, que tocam instrumentos. Mas também temos outras que vieram cá porque acharam graça», disse.

«Há aqui quem não tenha qualquer experiência prévia. Estas pessoas podem estar cá, desde que tenham as capacidades necessárias para acompanhar os ensaios do coro e da orquestra», disse Rui Baeta, que dirigirá o coro.

Essa seleção será agora feita, com o tempo, já que, antes da sessão de ontem, ninguém da OCS «tinha ouvido qualquer uma destas pessoas a cantar».

E o que é preciso para se pertencer a um coro? «A pessoa tem de ter boa voz, bom ouvido e memória musical. Pode ou não saber ler música, desde que a memória musical compense esse aspeto. Mas, sobretudo, deve ter uma enorme vontade de aprender e gostar de cantar bem. Porque cantar bem é que é mesmo o mais difícil e por vezes as pessoas não têm paciência para isso», ilustrou o responsável pelo coro da OCS.

«Pode-se aprender a ser afinado. A sensibilidade auditiva treina-se, mas também é algo inato. Há pessoas com mais sensibilidade auditiva, outras com menos. Há treino, mas a evolução será sempre proporcional à capacidade que as pessoas têm», acrescentou.

Ontem, depois de uma apresentação rápida por parte dos responsáveis da OCS, começou logo o trabalho. «Hoje já começámos a ensaiar um bocado. Nos dias 7 e 8 de Junho, vamos estrear o coro com a peça “Glória” de Vivaldi, que é magnífica, num concerto com a OCS, dirigida pelo maestro Rui Pinheiro», anunciou Rui Baeta. Rui Pinheiro, maestro titular da orquestra algarvia, participou, de resto, no ensaio, mas do lado do coro.

Ou seja, todos terão de estar prontos para subir ao palco, em breve. Tratando-se de um coro, para mais de uma formação em que alguns elementos têm já experiência, é possível, em poucos meses, prepará-lo para acompanhar uma orquestra.

«A preparação de um solista demora anos. Mas, aqui, é o coro em si que faz o trabalho. É uma conjugação de esforços. Se esta for eficaz, mesmo que haja uma pessoa que saiba muito mais que a outra, tudo funciona, porque todos colaboram», ilustrou Rui Baeta.

O cantor lírico algarvio também se mostra surpreendido com a adesão. «Nenhum de nós esperava tanta gente. Estávamos longe de imaginar que tivéssemos tantos inscritos. E o primeiro ensaio está a correr muito bem. As pessoas são muito afinadas, têm delicadeza e há vozes boas, que eu já ouvi», assegurou.

O facto de a OCS conseguir lançar um coro amador já com um certo nível de qualidade está intimamente ligado ao «excelente trabalho feito pelos grupos amadores das escolas de música do Algarve. Nós, de certa forma, estamos aqui a aproveitar todo esse trabalho que já vem de trás e é muito meritório. Isto não é algo que nasce no deserto».

Quanto ao número de cantores, é o ideal, para começar. «Mais do que este número não é necessário, nem sequer conveniente, não tanto por razões artísticas, mas por uma questão de logística. Provavelmente, não será tanta gente, porque há sempre imprevistos que surgem e as pessoas acabam por desistir», antecipou o responsável pela direção do coro.

As inscrições para o coro já fecharam, mas não está colocada de lado a hipótese de admitir «mais um ou outro elemento, se houver alguém com uma vontade especial (risos)», desde que acompanhada pelo talento, concluiu Rui Baeta.

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