Napoleão Mira lança livro de olhares e relatos que nos fazem viajar pela Índia

O livro apresenta as crónicas de duas viagens à Índia, fora dos circuitos mais turísticos

«O pior que vos pode acontecer ao ler o meu livro é irem parar à Índia, nem que seja sem sair do sofá», disse Napoleão Mira, na apresentação de «Olhares – Relatos da Índia», na biblioteca municipal da sua terra adotiva, Lagoa.

Este que é o mais recente «rebento literário» do escritor, poeta, performer e homem do turismo, foi apresentado pelo seu amigo e editor Helder Encarnação.

«Este não é mais um livro de viagens com as indicações do que podemos encontrar no sítio A e no sítio B», mas antes mostra «a Índia como nunca a leu», começou por dizer Helder Encarnação.

«À medida que se vai lendo este livro, somos transportados para os locais» da Índia que Napoleão Mira descreve. Até porque, sublinhou Helder, a obra «chama todos os nossos sentidos, desde logo o da visão, como se vê logo no título».

O livro conta as peripécias das duas viagens que o autor, com a sua mulher Natália, fizeram à Índia profunda e verdadeira, em comboios e autocarros apinhados de gente, entre cheiros intensos, paisagens de perder o fôlego, sorrisos e sustos. E segundo Helder Encarnação remete, imagine-se, para o Alentejo, onde Napoleão nasceu e «está muito presente» na obra.

Isso acontece, por exemplo, quando o autor fala dos miúdos indianos de mão estendida, que lhe fazem lembrar «os ciganitos da minha terra», ou quando descreve o vassourar de uma aldeã na Índia, que compara ao das senhoras da sua aldeia alentejana.

Olhares e relatos. É disto que trata este que é o quinto livro de Napoleão Mira. É o seu olhar sobre um país onde «acontece de tudo», até encontrar, entre a multidão que visitava o forte de Agra, importante monumento indiano, «uma amiga de infância que não via desde a escola primária». «Não nos víamos há cinquenta e não sei quantos anos…e fomos encontrar-nos ali, no meio da multidão, a milhares de quilómetros de casa…», conta o autor.

Napoleão Mira diz que o seu lema é «viajar é levar o olhar a passear». «Aos 62 anos, continuo a ser um tipo inquieto, a insatisfação faz parte de mim». E é essa sua inquietação que o levou a começar a escrever livros, aos 50 anos, e, sobretudo, a editar o que escrevia..aí com um empurrão de amigos, como Helder Encarnação. E que o levou também, entretanto, a gravar um disco, a fazer 80 espetáculos, sozinho ou com outros.

Confessa, em relação a este «Olhares – Relatos da Índia», que «muito do que eu escrevi, escrevi-o com as palavras instantes, nos locais onde estava, à frente da coisa», nomeadamente quando esperava pela mulher sentado nos degraus dos templos.

O livro, lançado em Outubro passado, até já teve o condão de levar alguns dos seus leitores a viajar para a Índia, depois de se entusiasmarem com os relatos e os olhares vívidos do autor. Um desses viajantes foi o guitarrista Ricardo Martins, que integra agora, com Napoleão, o músico Luís Galrito e o artista visual João Espada, o projeto Grafonola Voadora.

Presente na apresentação do livro, na sala cheia da Biblioteca Municipal de Lagoa, Ricardo Martins revelou que «acabei por fazer um contacto com a Embaixada de Portugal em Nova Deli e fui convidado para um festival em Calcutá, onde toquei e dei master classes de guitarra portuguesa, provavelmente as primeiras que lá ocorreram. E tudo graças ao livro “Olhares”, do meu amigo Napoleão».

E porque Napoleão Mira é mesmo um homem de muitos talentos, a apresentação do livro, perante a sala cheia da Biblioteca Municipal de Lagoa, começou com uma curta atuação do projeto Grafonola Voadora. Entre as imagens vídeo imaginadas por João Espada, os acordes de viola de Luís Galrito e da guitarra portuguesa de Ricardo Martins, o escritor interpretou a canção «Santiago Maior», composta com e para o seu filho Sam The Kid, mas também a sua «versão do melhor poema português de sempre», Tabacaria, de Álvaro de Campos, essa «personagem inventadamente algarvia». Houve ainda um tributo a José Afonso, pela vozes de Napoleão e de Luís Galrito.

O livro de crónicas de viagem «Olhares – Relatos da Índia» custa 15 euros e pode ser comprado diretamente ao autor, no seu site, clicando aqui.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

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