Instituições científicas procuram testemunhas do sismo de há 50 anos com inquérito online

O projeto lança desafio à comunidade escolar para que participe

Quatro instituições científicas portuguesas lançaram um inquérito nacional online para recolher os depoimentos de pessoas que testemunharam o grande sismo que, na madrugada de 28 de Fevereiro de 1969, afetou Portugal, sobretudo o Algarve.

O inquérito macrossísmico nacional, que assinala os 50 anos do evento e estará aberto até 22 de Abril, foi ontem lançado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera, o Instituto Superior Técnico, a Faculdade de Ciências e o laboratório associado Instituto Dom Luiz.

«O sismo ocorreu numa época em que a instrumentação sísmica não estava ainda suficientemente desenvolvida, sendo fundamental complementar os poucos registos instrumentais de então com os testemunhos da população afetada», salientam os promotores do inquérito.

Neste momento, «as tecnologias de comunicação permitem uma recolha de dados muito mais alargada do que a que foi possível naquele tempo. E, por motivos facilmente compreensíveis, não haverá no futuro outra ocasião com este significado e com real possibilidade de se salvaguardar esta memória. É por isso agora o momento certo para realizar um inquérito macrossísmico sobre os efeitos deste sismo tão importante».

«Hoje, compreendemos melhor a fronteira a sul de Portugal, que separa a placa Euroasiática da placa Africana. Trata-se de uma fronteira constituída por uma rede de falhas ativas com grande potencial para gerar sismos e tsunamis. Percebemos cientificamente melhor a propagação das ondas sísmicas, a atenuação da energia a partir das falhas, a forma como os solos amplificam ou atenuam a energia das ondas sísmicas, e como os edifícios se comportam sob o efeito das ondas sísmicas», salientam as quatro instituições, no site criado para o inquérito online.

«Mas muito há ainda por compreender, em particular no que diz respeito ao nosso território. E para avançar o conhecimento, é necessário validar hipóteses e modelos com dados», acrescentam.

O projeto lança mesmo um desafio à comunidade escolar, para que participe «ativamente no preenchimento do inquérito sobre o sismo de 1969, de forma a que juntos consigamos chegar a um maior número de pessoas». No final, até haverá prémios para as escolas.

As escolas podem participar da seguinte forma: «os alunos devem encontrar um adulto próximo (avô, tio-avô, vizinho, etc) que tenha sentido e se lembre tão bem quanto possível do sismo. As respostas são importantes quer o sismo tenha sido sentido de forma forte ou fraca».

Depois, «em conjunto com o adulto que sentiu o sismo, o aluno deve preencher o questionário online» e «no final do questionário, o aluno deve identificar a escola que frequenta».

Por cada relato, deve ser preenchido um inquérito, sendo que «um aluno pode preencher mais do que um inquérito, um por cada relato/testemunha».

Os promotores do projeto recordam que «este é o sismo de maior magnitude sentido na Europa desde o grande terramoto de Lisboa de 1755».

Ocorreu na madrugada de 28 de Fevereiro de 1969, por volta das 3h40, e teve epicentro a 180 quilómetros a SW de Sagres. Foi um sismo de magnitude Ms7.9, tendo gerado alarme e pânico entre a população, cortes nas telecomunicações e no fornecimento de energia elétrica.

Além do continente português, foi sentido na Madeira, Espanha, Marrocos e França, com registo de vítimas mortais em Portugal e Marrocos, tendo ainda sido gerado um pequeno tsunami registado instrumentalmente.

Amanhã, 28 de Fevereiro, dia em que se assinalam os 50 anos deste sismo, também haverá uma sessão evocativa em Lagos.

 

Clique aqui para aceder ao inquérito online

 

 

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