Três filmes mudos, um dos quais realizado por um filho da terra, e música «exótica», composta para o efeito por Bruno Pernadas e tocada ao vivo, vão marcar a reabertura do CineTeatro São Brás, amanhã, sábado, às 21h30.
Este é mais um cine-concerto inserido na programação de mais um Vídeo Lucem, iniciativa que desde a primeira hora integra o programa do “365Algarve”, que tem vindo a desafiar artistas a acompanhar ao vivo filmes mudos, com música por eles composta.
A sessão de amanhã servirá, igualmente, para assinalar inauguração deste espaço cultural, após obras de beneficiação, mas também para homenagear do são-brasense Roberto Nobre, 50 anos depois da sua morte.
De caminho, serão apresentados dois outros clássicos do cinema mudo, ambos inacabados, como todos os que serão exibidos nesta edição do Vídeo Lucem.
É aqui que entra Bruno Pernadas. Os organizadores do Vídeo Lucem desafiaram o músico português a compor uma banda sonora para os filmes “Enfer”, de Henri George-Clouzot (França, 1964, filme inacabado, 15′), “It’s All True”, de Orson Welles (EUA, 1943, filme inacabado, 40′).
Foi com «muita paciência» que Bruno Pernadas compôs 45 minutos de música, para encaixar nas imagens destas duas obras. «Eu compus a música toda sozinho, fiz uma gravação e, depois, convidei os músicos», revelou ao Sul Informação.
«A música é bastante exótica. Foi esse o caminho que a minha me intuição me indicou. Vi o filme diversas vezes, antes de compor, sem ouvir a música original, para não ficar influenciado», acrescentou Bruno Pernadas.
O espetáculo de amanhã centrar-se-á numa das três histórias focadas por Orson Welles, “Quatro Homens Numa Jangada”, que retrata uma história verídica de quatro pescadores que, numa jangada, viajaram ao longo de 1600 milhas da costa brasileira, do Ceará até ao Rio de Janeiro, para pedir ajuda para a sua gente.
Esta não será a primeira vez que o artista faz um filme-concerto. «O mais difícil é encontrar as batidas por minuto certas, para que coincidam com os ambientes. E é preciso algum controlo para evitar que a música passe por cima da imagem e se sobreponha ao filme. Ou seja, que sirva de complemento e de guia e não o contrário», explicou.
O músico diz que este será um filme-concerto «muito especial» e mas tem «pena que não se repita. O trabalho que dá fazer 45 minutos de música para um filme é superior até ao de fazer um disco. Mas são as circunstâncias. Fazer desta vez já é bom».
A sessão de amanhã no Cine-Teatro São Brás começa com a exibição do filme “Charlotim e Clarinha” da autoria do são-brasense Roberto Nobre, «numa homenagem a esta figura incontornável do cinema em Portugal, no ano do cinquentenário da sua morte», segundo a Câmara de São Brás de Alportel.
A curta-metragem “Charlotim e Clarinha” é um filme mudo rodado no Algarve, entre 1923 e 1925, inspirado nos filmes de Charlie Chaplin, e que estreou pela primeira vez no Festival de Santarém em 1972. A sua exibição, amanhã, será acompanhada ao vivo por Francisca Cortesão, Mariana Ricardo e Sérgio Nascimento.
Segue-se a exibição dos dois filmes para os quais Bruno Pernadas compôs música e os quais acompanhará. Durante o cine-concerto, o artista português será acompanhado por Margarida Capelo, Pedro Pinto e Luís Candeias.
«O espetáculo vai contar com um contrabaixo, com bateria/percussão, piano e sintetizador, um segundo sintetizador, que serei eu a tocar, e guitarra», segundo o músico.
Os bilhetes para o espetáculo estão à venda na Galeria Municipal e, no dia do espetáculo, na Bilheteira do Cineteatro, a partir de 20h30.
A organização do Video Lucem propõe ainda a experiência CineCultural & Food Tour, uma atividade que inclui uma visita guiada ao Centro Histórico de São Brás de Alportel, um jantar típico algarvio e que termina com o espetáculo no renovado CineTeatro São Brás.
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