Águas do Algarve vai testar remoção de fármacos em ETAR de Faro

Empresa algarvia é um dos parceiros de um projeto LIFE que visa encontrar formas de remover fármacos de águas residuais tratadas

A Águas do Algarve prepara-se para entrar na fase final de um projeto LIFE de Investigação e Desenvolvimento (I&D) que visa encontrar formas de remover, mais eficientemente, fármacos prejudiciais para o ambiente em Estações de Tratamentos de Águas Residuais (ETAR).

Assim que terminem os ensaios-piloto que estão ainda a decorrer, para perceber quais os  compostos mais eficientes na remoção de compostos farmacêuticos em esgotos tratados, passar-se-á ao ensaio real, que decorrerá durante cerca de um mês, na ETAR Faro Noroeste, situada junto ao Aeroporto.

Este trabalho está a ser realizado no âmbito do projeto “Impetus – Improving current barriers for controlling pharmaceutical compounds in urban wastewater treatment plants, aprovado no âmbito do Programa LIFE 2014-2017 e que envolve oito parceiros a nível nacional, entre os quais a empresa algarvia e a Universidade do Algarve

Os principais objetivos da iniciativa são «monitorizar e determinar a eficiência de remoção de compostos farmacêuticos em ETAR de águas residuais urbanas com sistemas de tratamento convencionais, bem como avaliar estratégias de operação e, ou a adoção de novas tecnologias que permitam potenciar a remoção deste tipo de compostos nas ETAR urbanas», segundo a Águas do Algarve.

No Algarve, «está-se a proceder à realização de ensaios à escala piloto na ETAR de Faro Noroeste, onde são testados diferentes tipologias e doses de coagulantes químicos e de carvão ativado».

A escolha destes produtos está relacionada com a sua eficiência na remoção de compostos farmacêuticos, o seu custo e a minimização dos consumos energéticos associados.

«A monitorização de compostos farmacêuticos (cerca de 20 fármacos) exigiu igualmente o desenvolvimento e a aplicação de métodos analíticos fiáveis e robustos. Após estes ensaios à escala piloto passa-se para o ensaio à escala real que ocorrerá na ETAR durante cerca de 4 semanas. O projeto tem um caráter de demonstração e visa que as tecnologias testadas com sucesso possam ser aplicadas noutros sistemas de tratamento a nível europeu», explicou a empresa.

Em causa estão os chamados Contaminantes de Interesse Emergente (CIE), «substâncias químicas ou materiais, de origem natural ou sintética, que podem estar presentes em diversos compartimentos ambientais e cuja toxicidade ou persistência são suscetíveis de alterar significativamente o metabolismo dos seres vivos».

Alguns químicos encontrados em fármacos, produtos de higiene pessoal, pesticidas, produtos industriais e domésticos, metais, produtos tensioativos, aditivos industriais e solventes são CIE e «são libertados continuamente no ambiente, mesmo em quantidades muito baixas».

Isso pode «causar toxicidade crónica ou desregulação endócrina nos seres vivos», sendo que a água «constitui uma das principais formas de disseminação de CIE no ambiente».

Por esta razão, diz a Águas do Algarve, «a monitorização e o controlo de fármacos e hormonas presentes nas águas residuais urbanas é um tema que está na ordem do dia».

«Por um lado, alguns destes compostos podem resistir ao tratamento convencional, dependendo principalmente das suas características e das condições de funcionamento das estações de tratamento de águas residuais (ETAR). Por outro, trata-se de uma realidade mal conhecida. O projeto de investigação LIFE Impetus visa demonstrar medidas de melhoria do controlo de fármacos em ETAR com sistemas convencionais de lamas ativadas», concluiu a empresa algarvia.

Além das duas entidades algarvias, são parceiros deste projeto o Laboratório Nacional Engenharia Civil (coordenador do projeto), a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, a EHS – Environmental and Regional Development Consulting, a EPAL/Águas de Lisboa e Vale do Tejo e a Águas do Tejo Atlântico.

O “Impetus” tem um orçamento total de cerca de 1,5 milhões de euros e uma comparticipação de 855 mil euros de fundos da União Europeia.

A Águas do Algarve tem custos na ordem dos 155 mil euros, 60% dos quais financiados pelo programa LIFE.

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