PCP: Ainda não há parques para receber a madeira queimada no incêndio de Monchique

Deputado Paulo Sá esteve em Alferce, onde constatou «que não foram criados quaisquer parques de madeira queimada e que as árvores mortas estão a apodrecer em vastas extensões de floresta»

Ainda não foram criados quaisquer parques de receção e comercialização da madeira queimada, após o incêndio de Monchique, denunciou o PCP. Os comunistas, que já antes tinham pedido ao Governo que criasse uma resposta pública para este problema que os produtores vítimas do incêndio enfrentam, voltaram à carga e pedem uma ação por parte do Ministério da Agricultura.

O deputado do PCP eleito pelo Algarve Paulo Sá esteve em Alferce, uma das localidades mais afetadas pelo incêndio, onde falou com o presidente da Junta de Freguesia.

«Nessa visita, a delegação do PCP pôde constatar que não foram criados quaisquer parques de madeira queimada e que as árvores mortas estão a apodrecer em vastas extensões de floresta. Perante isto, o Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural considerará, porventura, que a atitude adequada é a de continuar à espera, impassível, que a iniciativa privada avance com a criação dos parques e a limpeza da floresta», acusam os comunistas.

Uma crítica que decorre da resposta que o PCP recebeu a uma pergunta que dirigiu à tutela em Setembro, sobre a possível criação de parques públicos em Monchique, para receber e vender madeira queimada no grande incêndio do Verão.

Na altura, a resposta do Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, disse, apenas, «que “não é o Governo que cria os parques referidos [de madeira queimada]”, subentendendo que é à iniciativa privada que cabe criar esses parques, e acrescentou, cinicamente, que os parques serão criados “quando os produtores quiserem”».

O PCP considera que o «Governo não pode alhear-se deste assunto, fazendo de conta que o problema é exclusivamente da esfera privada e que o Estado não tem qualquer papel na defesa da floresta e na dinamização da produção florestal».

«As árvores ardidas constituem um problema. A madeira queimada sofre de imediato uma desvalorização considerável, não recebendo os produtores florestais por ela um valor justo, a que acrescem negativas consequências ambientais de se manter nos terrenos uma grande quantidade de árvores mortas e a apodrecer, as quais constituem – elas próprias – mais combustível para alimentar novos incêndios, além de facilitarem a propagação de doenças e pragas na floresta não ardida», enquadraram.

Assim, além de perguntar ao Ministério da Agricultura porque razão acha que não compete ao Estado criar este tipo de parques, o PCP pergunta se, passados todos estes meses sem que haja uma solução no terreno, o Governo pondera «assumir finalmente as suas responsabilidades e avançar com a criação de parques públicos, garantindo algum rendimento aos produtores florestais».

Os comunistas também querem saber quais as medidas que o Governo vai tomar «para mitigar os problemas ambientais que decorrem do apodrecimento das árvores mortas em vastas extensões de floresta».

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