Governo planeia ligar ferrovia ao Aeroporto até 2026, mas Câmara de Faro está «cética»

Obra implica a realização de um estudo ambiental que Rogério Bacalhau não sabe se foi feito

Foto: Pablo Sabater/Sul Informação

A ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro é uma das obras previstas no Plano Nacional de Investimentos (PNI) 2030, anunciado pelo Governo na semana passada, mas Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, apesar de «naturalmente satisfeito», está «cético» quanto à obra no terreno.

De acordo com o PNI, o projeto deve avançar no período entre 2021 e 2026. Já o valor do investimento não é explícito, uma vez que o total de 130 milhões de euros, anunciado pelo Governo, é para o Programa de Acessos Rodo e Ferroviários aos Aeroportos Nacionais, que inclui, além do investimento em Faro, também a ligação ferroviária ao Aeroporto Sá Carneiro, no Porto, e a reestruturação das acessibilidades rodoviárias ao aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. A obra será financiada pelo Estado e pela ANA Aeroportos, de acordo com o documento.

Apesar das intenções do Governo explícitas no Plano, Rogério Bacalhau, em declarações ao Sul Informação, lembra que «muitas destas obras estão nestes planos durante décadas». Por isso, o autarca diz estar «cético», até porque «a informação que tínhamos era que esta era uma obra a fazer, caso o estudo ambiental permitisse».

Em Janeiro de 2017, Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas, veio ao Algarve e anunciou que a ligação ferroviária ao Aeroporto de Faro seria uma das suas «prioridades para uma intervenção futura na ferrovia em Portugal» e que seria uma obra para avançar, «se não antes, no início do próximo quadro comunitário». Mas, tudo isto se fosse «possível do ponto de vista ambiental».

Mais de um ano depois, também Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, abordou o projeto, dizendo que a ligação ferroviária da Linha do Algarve ao Aeroporto de Faro, poderia custar entre 20 a 25 milhões de euros e que iria ser estudada. No entanto, realçou que a obra é um problema «essencialmente ambiental e não tanto financeiro».

De acordo com o responsável, a indicação que a IP tinha do Ministério do Planeamento e Infraestruturas era a de «desenvolver os estudos de avaliação da ligação da rede ferroviária nacional ao Aeroporto».

Estudos esses que, se foram feitos, a Câmara de Faro desconhece: «não tenho conhecimento que tenha sido feito algum estudo nesse sentido. A Câmara não foi contactada», garantiu Rogério Bacalhau ao Sul Informação.

A ligação da ferrovia ao Aeroporto de Faro, «se avançar», segundo o autarca, «pode estimular um conjunto de investimentos no concelho», nomeadamente ao nível da mobilidade, uma vez que, na revisão do PDM de Faro, que «está andar» e que Rogério Bacalhau espera ter concluída até final do ano, está prevista a criação da estação intermodal no Patacão, que alteraria a atual estrutura das linhas de comboio na cidade.

Neste cenário, «a ligação ferroviária à baixa de Faro, seria feita por outro tipo de comboios, mais ligeiros», conclui o autarca.

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