“Descobridor” da Austrália foi comendador da foz do Guadiana, afirma historiador algarvio

Vila da foz do Guadiana teve muito mais importância simbólica e estratégica do que aquela que até agora lhe tem sido atribuída

O historiador algarvio Fernando Pessanha publicou um novo trabalho intitulado “Cristóvão de Mendonça, navegador no Oriente e capitão de Ormuz – Um desconhecido comendador de Arenilha”, na e-Strategica – Revista da Associação Ibérica de História Militar, no passado mês Dezembro.

De acordo com este estudo, o controverso Cristóvão de Mendonça, conhecido navegador no Oriente e capitão de Ormuz, aparece referido como comendador da vila de Arenilha, a comenda da Ordem de Cristo da foz do Guadiana, após as suas explorações nos mares da Australásia e posterior regresso ao reino, em 1524.

De acordo com Pessanha, não é intenção da presente investigação discutir as teorias em torno da descoberta da Austrália por Cristóvão de Mendonça. “Para tal, já o museu da Universidade de Coimbra realizou, em 2008, um colóquio e uma mesa redonda com historiadores de reconhecida credibilidade e de onde se concluiu que a exploração da Austrália pelos portugueses parece fortemente indiciada por vários testemunhos, como diria o Prof. Francisco Contente Domingos”.

A relevância deste trabalho prende-se, no entanto, “com o facto de este navegador ter sido agraciado com uma até agora desconhecida mercê: a comenda da Ordem de Cristo da foz do Guadiana, para além das tenças identificadas e da conhecida nomeação para a apetecível capitania de Ormuz, no Golfo Pérsico”.

Segundo o investigador do Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, a atribuição da comenda de Arenilha a este navegador “reveste-se de grande interesse, na medida em que muitos cavaleiros da Ordem de Cristo se lançaram no projeto expansionista português, ainda que muito poucos tivessem chegado a obter as tão almejadas comendas como recompensa pelos serviços prestados”.

Por outro lado, a entrega da comenda de Arenilha a um navegador como Cristóvão de Mendonça vem, desde logo, corroborar a ideia patente em “Ataques da Pirataria à foz do Guadiana…”, ou seja: de que a vila da foz do Guadiana tinha muito mais importância simbólica e estratégica do que aquela que até agora lhe tem sido atribuída.

A apresentação pública deste estudo, publicado pela e-Strategica e impresso em separata pela Editora Guadiana, terá lugar já no próximo dia 11 de Janeiro (sexta-feira), às 18h00, no Arquivo Histórico Municipal António Rosa Mendes, em Vila Real de Santo António.

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