Contratação pontual de médicos para os Centros de Saúde é «ataque à carreira médica»

Os médicos vindos de fora que fizerem turnos de 14 horas vão ganhar mais que um jovem especialista do SNS, denunciou o SIM/Algarve

Crédito: Depositphotos

O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) acusa o Governo e a  Administração Regional de Saúde do Algarve de «atacar a carreira médica e diminuir a qualidade dos serviços prestados aos algarvios» ao contratar  médicos sem especialidade «para tarefas cujo conteúdo funcional coincide com o dos médicos especialistas em Medicina Geral e Familiar».

A delegação do Algarve do sindicato veio a público denunciar que a ARS algarvia se prepara para «pagar 20 euros por hora em períodos de 14 horas diárias» a médicos de fora do Serviço Nacional de Saúde que aceitem fazer turnos nos Centros de Saúde da região, «contrariando todas as orientações de tempo máximo de trabalho e aumentando a probabilidade do erro».

Os sindicalistas citam uma alegada nota informativa da ARS do Algarve, em que a entidade anuncia que está a recrutar médicos nestas condições – para o horário das 8h00 às 22h00 e abrindo a «possibilidade de colaborar durante todo o ano de 2019».

O SIM/Algarve realça que, com este procedimento, ir-se-á pagar 280 euros diários aos «médicos indiferenciados» que vierem de fora, «um preço/hora muito superior ao que é pago aos jovens médicos especialistas».

«Em vez da aposta na formação e na carreira médica, constata-se a delapidação de recursos financeiros em empresas de serviços médicos, com custos superiores e cuidados de saúde sem a diferenciação técnica e científica dos médicos da carreira médica. Em vez de promover a organização de USF modelo B aposta na indefinição e em cuidados pontuais sem qualidade», acusa o sindicato.

«Persiste assim a contratação de empresas de serviços médicos ao mesmo tempo que nada é feito para melhorar as condições de trabalho, incluindo remuneratórias, dos médicos do quadro do SNS», acrescenta.

O SIM/Algarve, na nota que enviou às redações, «lavra o seu protesto e exige esclarecimentos ao Governo e à ARS Algarve», lamentando que esta prática de contratação pontual continue, «ao invés de tornar os concursos atrativos e de desenvolver uma séria politica de incentivos para a atração e fixação de especialistas.

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