Bispo do Algarve apela ao voto na homilia de Ano Novo

D. Manuel Quintas diz que migrantes não devem ser «condenados ao ostracismo»

Foto: Samuel Mendonça|Folha do Domingo

O apelo ao voto, nas eleições que vão acontecer durante o ano de 2019, foi um das mensagens deixadas pelo bispo do Algarve na sua homilia de Ano Novo, durante a missa a que presidiu no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Loulé. Para D. Manuel Quintas, a política é «um meio de servir a sociedade», de «participar e colaborar no bem comum», que deve envolver todas as pessoas.

«Quando se fala em política não é apenas para aqueles que fazem dessa opção a sua ação para o bem comum; Todos somos corresponsáveis pelo bem-estar de todos, pela polis, pela cidade», disse o Bispo do Algarve, citado pelo jornal diocesano “Folha do Domingo”.

O bispo do Algarve incentivou a que cada pessoa «se sinta corresponsável em participar ativamente» quando é chamado, «sobretudo, nas eleições, através do voto».

Foto: Samuel Mendonça|Folha do Domingo

«Como é importante que não deleguemos noutros aquilo que nos compete e exerçamos os nossos direitos e deveres a este nível», acrescentou, realçando que este ano há eleições para o Parlamento Europeu (26 de Maio) e para a Assembleia da República (6 de Outubro).

D. Manuel Quintas lembrou que o Papa Francisco diz que «é fundamental combater o crescente absentismo, o desinteresse e o alheamento» com a participação responsável nas decisões que «determinam o rumo do próprio país, sobretudo, através do voto».

«Parece que os jovens caminham por outro caminho, não se sentem atraídos por isso», desenvolveu, perguntando o que «será preciso fazer para não crescer este absentismo».

“A boa política está ao serviço da paz” foi o tema da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2019, que se comemora a 1 de Janeiro.

«A paz é um desafio que requer ser abraçado dia após dia, supõe uma conversão do coração e do espírito nas suas vertentes pessoal e comunitária que são indissociáveis», prosseguiu D. Manuel Quintas.

O bispo do Algarve alertou também para a mentalidade de desconfiança em relação a quem exerce cargos políticos que é classificado como uma pessoa a «desconfiar ou duvidar».

Foto: Samuel Mendonça|Folha do Domingo

O prelado acrescentou ainda que participar na causa pública implica também «denunciar atitudes sem ética da parte de quem se esperaria um comportamento exemplar» e «pôr fim» à marginalização e mesmo à exploração dos migrantes e refugiados.

«Sabemos como é um drama nos dias de hoje para eles e como tanta gente tem medo, quer construir muros, quer impedir que toda esta gente encontre situações melhores para a sua vida e para a vida dos seus, com todos os problemas que isso traz», acrescentou D. Manuel Quintas, segundo a “Folha do Domingo” que considera que não se devem «desmobilizar, nem condenar ao ostracismo» todos que procuram um futuro melhor.

A homilia de D. Manuel Quintas vai ao encontro da mensagem de Ano Novo de Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, que também fez um apelo ao voto: «o que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente. Votem. Não se demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje», defendeu o chefe de Estado.

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