Trupe francesa traz a Monchique espetáculo de circo «difícil de definir»

Já se tornou tradição ir ao circo, ao novo circo, nos dias do final de ano, em Monchique. Desta vez, há cinco espetáculos…e bilhetes a esgotar-se rapidamente

«É uma ligação entre o novo e o velho circo. Este espetáculo é apresentado com uma dramaturgia circense contemporânea, mas encontramos, em alguns momentos, o sentir de um outro mundo, que estava antes do novo circo». É desta forma que Giacomo Scalisi, um dos responsáveis pelo projeto «Lavrar o Mar», descreve o espetáculo «Saison de Cirque – As Estações do Circo», que a companhia francesa Cirque Aïtal traz a Monchique, durante quatro noites e uma tarde, entre 28 de Dezembro e 1 de Janeiro.

E fica aqui só um aviso: os bilhetes para a noite da passagem de ano estão quase esgotados, enquanto as outras apresentações já estão também muito bem compostas. Por isso, se quer participar nesta que já se tornou uma tradição de final de ano, a do novo circo em Monchique, não se atrase. «Quem quiser passar o final do ano connosco tem de ser rápido», avisa Giacomo Scalisi.

«Esse é outro fenómeno: no início, o 31 de Dezembro era o dia mais difícil de esgotar. Mas, a partir do segundo ano, é o primeiro dia a esgotar. As pessoas perceberam que estar connosco no final do ano, com o espetáculo, as coisas para comer e beber, a banda do circo a tocar, é uma outra maneira de viver o final do ano». E é mesmo.

De ano para ano, a capacidade da tenda de circo montada no heliporto de Monchique, assim como o número de dias de espetáculo, tem vindo a aumentar. Este ano, o chapitô terá lugar para 670 pessoas, que vão encher as quatro noites e uma tarde.

Para mais porque a força, o humor e o amor que a trupe Aïtal trará a Monchique terá como resultado uma hora e vinte de puro encantamento, que «concilia o rigor de técnicas ancestrais com uma dramaturgia contemporânea e uma banda sonora contagiante».

Mas o que há assim de tão especial nestas «Estações de Circo»?

Em entrevista ao Sul Informação, Giacomo Scalisi levanta um pouco a ponta do véu: «este espetáculo é de uma companhia francesa que se chama Cirque Aïtal. São duas pessoas, o Victor e a Kati, ele é muito grande, é um gigante, e ela é muito pequenina. É a típica formação de um duo acrobático, onde ela é muito leve e viaja a velocidades e a alturas muito grandes».

«Kati veste as roupagens de um clown, mas um clown muito particular, que joga muito na diferença dos corpos. O Victor agarra a Kati por um pé, põe-na no ar. Há um diálogo do ponto de vista corporal e de acrobacia de mão na mão».

«Durante muitos anos, os dois apresentaram-se em espetáculos em todo o mundo e, no ano passado, decidiram ter uma grande aventura: construíram um novo chapitô grande e reuniram, num espetáculo, uma série de artistas que eles tinham encontrado ao longo do caminho, nessas itinerâncias em todo o mundo».

«O que queriam era falar sobre o circo: o circo novo, o circo tradicional, a ligação que estes circos podem ter. E assim nasceu este “Saison de Cirque – Estações do Circo”, que são mesmo estações do ponto de vista meteorológico, onde chove, tem neve, há tempestades, tem um pouco de sol», salienta Giacomo.

Mas «tem também números que não são típicos do novo circo contemporâneo». Há um, em particular, trazido a Monchique por «uma família russa, que vem da Ucrânia, e que tem esta especialidade da “barra russa”. É uma tira de madeira, apoiada nos ombros de dois gigantes, em cima da qual os acrobatas dão saltos mortais e caem nessa barra, que terá 20, 30 centímetros de largura, não mais. É um número antiquíssimo».

Depois, como sempre acontece no circo, há o «malabarista, que consegue fazer coisas surpreendentes».

Mas tudo isto «ligado a uma ideia, a de mostrar o que se passa atrás dos bastidores, no camarim. Há um camarim que se desloca até à beira da pista e que mostra o que acontece atrás». E assim o público pode assistir a «toda a vida do circo: o que acontece na pista e o que acontece atrás».

E há também os cavalos, que são dois. «É uma técnica de acrobacia sobre os cavalos», muito «tradicional, não é o Bestias». Mas, garante Giacomo Scalisi, «são também cavalos que são intérpretes, eles próprios têm nomes, estão no elenco. Há aqui uma relação que se encontra entre o artista homem e o artista animal».

Quanto ao duo acrobático de Victor e Kati, que são a alma de todo o espetáculo, Giacomo, como ator que é e para mais italiano, sublinha que «este espetáculo faz pensar nos “Clowns” de Fellini, penso que eles se inspiraram um pouco aí».

O responsável pelo projeto Lavrar o Mar garante que este é um espetáculo «completamente diferente dos anteriores, dramaturgicamente diferente, com cenas muito poéticas».

Tudo isto, insiste Giacomo, «numa dramaturgia circense contemporânea. É isso que se torna interessante: entrar no circo tradicional, mas com uma visão completamente diferente».

Os bilhetes para o espetáculo «Saison de Cirque – As Estações do Circo», que a trupe francesa Cirque Aïtal apresenta nos dias 28, 29, 30 e 31 de Dezembro, sempre às 21h00, e ainda no dia 1 de Janeiro, às 17h00, custam 10 euros, para o público em geral, e 5 euros para crianças até 12 anos.

Os bilhetes podem ser comprados na Bol, em https://lavraromar.bol.pt, e nos pontos de venda aderentes (Fnac/Worten/…), bem como, em Monchique, na Biblioteca Municipal, e em Aljezur, na Casa Lavrar o Mar, na Rua João Dias Mendes. A Câmara de Aljezur vai colocar um autocarro à disposição da população, para ir até Monchique ver o circo.

Lavrar o Mar é um projeto integrado no programa 365 Algarve. Apoiado por Portugal e União Europeia através do CRESC ALGARVE 2020, da Direção-Geral das Artes, do Município de Aljezur e do Município de Monchique.

 

Nota: Oiça esta quarta-feira, às 19h00, a conversa que Giacomo Scalisi e Madalena Victorino mantiveram com o programa de grande entrevista «Impressões», produzido em conjunto pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve (RUA FM). Ou veja a entrevista, que em breve publicaremos na íntegra, em vídeo, aqui no Sul Informação.

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