De cortiça, musgo e «das coisas de cá» se faz o presépio da Cortelha

Foram necessários 150 quilos de cortiça para construir o presépio

Foto: Irina Kuptsova|ETIC_Algarve

Desde 2004, os habitantes da Cortelha, no concelho de Loulé, semanas antes do Natal, saem para os campos para recolher a matéria prima daquele que será o presépio desta aldeia. Em 2018, não foi diferente e, a partir deste sábado, volta a estar patente um presépio especial em que o menino Jesus, os pastores, o burro, a vaca e até aos camelos, são feitos de cortiça.

«Isto é tudo arranjado do mato. Saímos e procuramos bocados de cortiça que nos permitam depois fazer a figura. Quando pegamos num pedaço de cortiça, ficamos a pensar em que figura poderemos encaixar», explica, ao Sul Informação, Avelino Costa, um dos habitantes da aldeia que participa na elaboração do presépio.

Avelino Costa | Foto: Mário Padinha|ETIC_Algarve

Um pedaço de cortiça pode transformar-se numa bossa de um camelo, ou no cajado de um pastor: tudo depende da forma.

O processo de construção do presépio demora semanas, «conforme a disponibilidade de toda a gente». Ao todo, envolvem-se na construção do presépio cerca de 15 pessoas, coordenadas pela Associação dos Amigos da Cortelha. É em frente ao edifício sede desta instituição que o presépio é montado.

Em 2018, há novidades e há até mais cortiça do que nos anos anteriores, cerca de 150 quilos. «Este ano, as figuras dos pastores e dos reis magos, são também feitas com cortiços. Antes, tínhamos uma estrutura em rede coberta por serapilheira e, depois, um manto, no caso dos reis. Mas, este ano, fizemos assim», explica Dionísia Costa, que também, desde 2004, participa na construção deste presépio.

Foto: Hélder Santos|ETIC_Algarve

De ano para ano, «as imagens são construídas de novo, ou reconstruídas um bocadinho. O meu sobrinho Rui, que é carpinteiro, ajuda na montagem das imagens, mas todos ajudamos para que as imagens fiquem o mais perfeitas possível», replica Avelino.

O Sul Informação visitou o presépio a dois dias da inauguração oficial, quando ainda havia trabalho por fazer. A chuva e o vento destruíram algumas imagens que já estavam prontas, mas «até sábado [hoje], vai estar tudo pronto, iluminado e com uma cascata que ainda falta terminar».

No primeiro ano em que foi construído o presépio, «o objetivo era o de dar uma imagem bonita da nossa terra e queríamos ganhar concursos, para dar valor à nossa aldeia. E ganhámos mesmo um concurso entre os presépios das aldeias do Algarve e do Baixo Alentejo», congratula-se Avelino Costa, enquanto aponta para os presentes que estão junto ao menino Jesus.

Foto: Hélder Santos|ETIC_Algarve

«São as nossas ofertas daqui, temos o pão, o mel, o azeite, o trigo e o medronho. É o que temos para oferecer», explica.

Já a quem visita a aldeia de propósito para visitar o presépio, os habitantes da Cortelha oferecem as boas-vindas: «vêm de todo o lado as pessoas para ver o nosso presépio, é muito visitado. Ainda antes de estar pronto, já tivemos visitantes e gostamos muito de receber as pessoas. É também para fazer a aldeia mexer, que construímos isto», conclui Avelino Costa.

O Presépio em Cortiça da Cortelha está exposto ao público no Largo da Associação até ao dia 6 de Janeiro e poderá ser visitado em qualquer horário.

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