Site quer acabar com o «grande» fenómeno do autocaravanismo selvagem

Nova plataforma já foi lançada e quer ser «contrapeso» a dezenas de sites que promovem o autocaravanismo “selvagem”

Combater o autocaravanismo “selvagem”, que reina por todo o Algarve, divulgando os 29 locais licenciados e legalizados existentes na região, é o grande objetivo de um site lançado, esta segunda-feira, 5 de Novembro, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve. 

Este é um problema que está identificado há anos e que até já fez nascer, em Dezembro de 2015, a Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo do Algarve (RAARA), que integra parques de campismo, áreas de serviço de autocaravanas e parques de campismo rurais.

É que, por todo o litoral e mesmo no interior, há locais que funcionam como áreas informais e ilegais para as autocaravanas pararem. E por isso há autocaravanas estacionadas à beira das arribas ou nas zonas ribeirinhas, junto a monumentos e praias, no meio da serra e do campo, em cima de dunas, sem quaisquer condições, nomeadamente para despejar os líquidos altamente poluentes das sanitas químicas, que acabam no solo ou nas redes de águas pluviais das localidades.

A zona de Lagoa e da praia da Marinha, por exemplo, é pródiga no chamado autocaravanismo “selvagem”, assim como toda a Costa Vicentina. Mas este é um problema transversal a todo o Algarve. E não só.

Francisco Serra, Alexandre Domingues e José Brito

Ora, situações destas são potenciadas pela existência de plataformas internacionais, como o Campercontact, que fazem publicidade a locais onde é proibido o autocaravanismo.

«O que nós queremos, com este site, é mostrar que há locais legais que cumprem todas as regras e que têm condições para acolher autocaravanas, fazendo um contrapeso a essas dezenas de sites», explicou Alexandre Domingues, técnico da CCDR Algarve, ao Sul Informação. 

Nesta plataforma, lançada de forma oficial perante dezenas de operadores turísticos, o utilizador encontra identificados, num mapa da região, os 29 locais devidamente legalizados e que vão desde Aljezur a Alcoutim. No entanto, a maior parte está concentrada no litoral, esquecendo, por exemplo, a Via Algarviana, onde seria importante haver áreas de serviço de autocaravanas.

Em paralelo, será também lançada, no futuro, uma aplicação móvel com as mesmas informações. Esta estratégia de lançamento do site, cuja promoção vai agora ser feita pela CCDR, vem, então, no seguimento do nascimento da RAARA, em 2015, mas cujos resultados práticos, até agora, «são fracos».

«Os efeitos da Rede não são aqueles que nós queremos. Há uma extrema dificuldade, na maior parte das Câmaras, para obter autorizações para criar espaços legais. Só que são, depois, as mesmas Câmaras que não controlam quem faz o autocaravanismo “selvagem”», lamentou Alexandre Domingues.

Alexandre Domingues a explicar como funciona o novo site

Ou seja, no fundo, «não há cuidado com a fiscalização e a legalidade, mas há uma série de entraves para quem o quer fazer com regras», explicou o técnico da CCDR Algarve que tem trabalhado estas questões da Rede de Acolhimento ao Autocaravanismo na região do Algarve.

Na cidade de Olhão, a título de exemplo, «não há uma área legal e há umas 10 ilegais». Por tudo isto, «o autocaravanismo selvagem continua a desenvolver-se com grande intensidade», considerou Alexandre Domingues.

Esta é uma realidade que só mudará quando houver alterações na lei e uma fiscalização eficaz. «Nós já propusemos várias vezes, mas não sei quando haverá essa alteração na lei. Já fizemos a sugestão para que fosse como em Espanha, com a multa a ser paga na hora, o que não acontece em Portugal. A GNR [ou a Polícia Marítima] passam a multa, que segue para a Câmara, depois para o estrangeiro se forem turistas de fora do país… e a multa nunca é paga», contou o técnico ao Sul Informação.

Segundo Alexandre Domingues, «a própria GNR queixa-se de que não há eficácia nenhuma nas multas».

Com uma fiscalização eficiente, este combate tornar-se-ia mais fácil, até porque o autocaravanismo já é um «fenómeno que, do ponto de vista económico, tem vindo a ganhar peso na região», segundo Francisco Serra, presidente da CCDR Algarve.

Por isso, esta é uma «área a ter em consideração e onde têm de ser desenvolvidas uma série de boas práticas», concluiu.

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