PSD/Portimão critica datas da Feira de São Martinho que o seu vereador aprovou

PSD critica antecipação do certame e coincidência com a data da feira de Silves

O PSD de Portimão acusou hoje, em comunicado, o executivo camarário de maioria PS de cortar «com a origem histórica da data de realização da tradicional Feira de São Martinho, há séculos articulada entre municípios e fixa para benefício de âmbito regional».

Em resposta, a Câmara de Portimão acaba de emitir um esclarecimento público, onde recorda que «a data de realização da Feira de S. Martinho foi deliberada em reunião de Câmara de 21 de Novembro de 2017, depois de consultados os operadores que estiveram presentes na feira desse mesmo ano». Tal deliberação, acrescenta o executivo municipal, «foi aprovada por unanimidade dos presentes», incluindo pelo vereador do PSD Manuel Valente.

Em causa, para os social-democratas portimonenses, está o facto do certame, em 2018, ter começado a 2 de Novembro e não a 11 (dia de S. Martinho), como afirmam ser «tradicional».

Na sua resposta, a Câmara de Portimão desmente aquilo que considera ser uma «falsidade», recordando que «nos anos mais próximos, nunca a feira de S. Martinho se iniciou no dia 11 de Novembro».

Assim, nos últimos dez certames, em 2009, a feira decorreu de 6 a 15 de Novembro, em 2010, de 5 a 14, em 2011, de 4 a 13, em 2012, de 9 a 18 de Novembro, em 2013, de 8 a 17, em 2014, 7 a 16, em 2015, de 6 a 15, em 2016, de 4 a 13, em 2017, de 3 a 12, e, finalmente, este ano, de 2 a 11 de Novembro.

Os social-democratas exigem saber porque a razão da Câmara de Portimão «ter adulterado o que vários séculos demoraram a sedimentar».

Para o PSD/Portimão, esta alteração faz com que se «perca todo o simbolismo da criação da Feira». Também o Dia de São Martinho, que este ano é o de encerramento, deixa de ter «o esplendor de outrora ser o “ponto alto” desta celebração».

Além do simbolismo, há também razões históricas e ligadas à boa vizinhança. É que, lembrou o PSD, «as feiras de Silves e Portimão têm uma origem histórica, realizando-se há séculos em datas fixas, de modo a não colidirem, permitindo que as duas localidades pudessem usufruir do mesmo direito».

Este ano, com o antecipar da Feira de São Martinho, esta começou no mesmo fim-de-semana em que terminou a Feira de Todos-os-Santos de Silves, criticam os social-democratas.

No seu comunicado, aliás na sequência do que Nuno Campos Inácio, investigador de história local e genealogista tinha já afirmado na sua página de Facebook, o PSD diz que as datas das feiras anuais «remontam a 1662, quando D. Afonso VI emitiu o Alvará para a criação da Feira Franca de São Martinho na Vila Nova de Portimão, e que a Feira de Todos-os-Santos de Silves foi criada por D. João II, em 1491, fixando as datas tal como eram respeitadas, pelo menos em Portimão, até 2017».

A Câmara de Portimão rebate este argumento das datas fixas para as feiras, agora no que diz respeito à que se realiza no vizinho concelho de Silves. «Desde 2014, as datas de realização da Feira de Silves foram as seguintes: 2014: de 30 a 2 de Novembro; 2015: de 29 a 1 de Novembro; 2016: de 29 a 1 de Novembro; 2017: de 30 a 2 de Novembro e 2018:de 31 a 4 de Novembro», lembra o executivo portimonense.

Ou seja, «também a feira de Silves não tem data certa» e nem a sua duração «é constante», já que este ano «a Feira de Silves teve mais 1 dia que nos anos anteriores».

Mas o PSD não fica por aqui e acusa o município de Portimão de ser o causador do fim da Feira de Lagoa, dizendo que esta «seria no dia 6 de Novembro e, assim, provavelmente nem haverá este ano». Uma confusão dos social-democratas portimonenses, uma vez que, de facto, este ano não houve feira em Lagoa, uma vez que este certame «deixou de se realizar há pelo menos 20 anos».

Uma vez que esta medida «tem influência direta em três municípios contíguos ao de Portimão» (Silves, Lagoa e Lagos), o PSD/Portimão também quer saber se «houve uma articulação de datas entre os quatro municípios envolvidos ou se esta foi uma decisão unilateral e abusiva por parte do município de Portimão».

A Câmara portimonense, no seu esclarecimento, admite que «há cerca de dois meses», o executivo municipal foi alertado para a coincidência de datas das feira de S. Martinho e de Todos os Santos, «tendo sido feitos todos os esforços possíveis para o adiamento por uma semana» do certame em Portimão.

No entanto, «esta alteração só não foi possível por estar agendado, para o fim-de-semana de 17 e 18 de Novembro, um evento internacional de dança, a realizar no Portimão Arena, com mais de uma centena de participantes estrangeiros, já com as viagens compradas e alojamentos reservados».

Um tal evento não poderia ser realizado ao mesmo tempo da feira de S. Martinho, que decorre precisamente ao lado do Portimão Arena e gera muito ruído e confusão. Daí, defende o município, não ter sido possível adiar.

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