Oficina da Tecnidelta no EP de Silves dá formação e trabalho a cinco reclusos

Também foram inauguradas duas obras de melhoramento

Cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Silves vão receber formação, no próximo mês de Dezembro, para trabalhar na nova oficina da Tecnidelta, que foi instalada naquele EP e entrará em funcionamento em Janeiro. O protocolo foi assinado esta segunda-feira, na cadeia silvense, entre Celso Manata, diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, e Rui Lagarto, diretor nacional da empresa do grupo Delta.

Máquinas e moinhos de café, bem como máquinas de loiça, entre outro equipamento, provenientes de todo o Algarve, passarão a ser reparadas na oficina da Tecnidelta do EP de Silves, pelos reclusos que irão receber formação.

Rui Lagarto, diretor da Tecnidelta, explicou que este protocolo «assenta num processo que o Grupo Delta iniciou em 2008, tendo o Comendador Rui Nabeiro vindo a incentivar, desde então, as iniciativas de apoio social».

O objetivo principal desta rede que já atinge as nove oficinas, em outros tantos estabelecimentos prisionais de Norte a Sul do país, é «a formação de reclusos para a sua integração e reinserção social, no futuro», salientou.

Por seu lado, Celso Manata disse que este é «o melhor exemplo que temos de articulação entre os Serviços Prisionais e a Comunidade». «Este é um protocolo especial», que traça «um caminho sustentado e sustentável», acrescentou o diretor-geral.

No caso de Silves, Celso Manata sublinhou que «a Tecnidelta chegou ao ponto de fazer as obras nas instalações para a oficina».

O diretor-geral dos Serviços Prisionais sublinhou também que «o trabalho que os reclusos vão fazer é especializado. Uma coisa é andar a varrer a ala, outra é fazer intervenção em máquinas de café».

É que, defendeu Celso Manata, «esta formação tem saídas profissionais, no futuro», pelo que não se trata apenas de «ocupação» dos reclusos, mas também «da sua reinserção». É, por isso, um «protocolo modelo».

A experiência, que a nível nacional envolve já 70 reclusos, está a ter tão bons resultados que Rui Lagarto anunciou mesmo que, em 2019, será «alargada a outros estabelecimentos que têm interesse em aderir», nomeadamente o dos Açores, o de Vale do Sousa, no Norte, e ainda o de Olhão, também no Algarve.

Mas o maior exemplo do sucesso do projeto é o facto de a Tecnidelta ir, em breve, contratar para os seus quadros um recluso que tem trabalhado na oficina criada na cadeia de Elvas.

Mas o dia de ontem, com a visita ao EP de Silves de tantos ilustres, foi ainda aproveitado para inaugurar dois importantes melhoramentos no edifício: uma nova torre de vigia, com todas as condições para os guardas prisionais que lá têm de permanecer horas a fio, e uma sala de refeições, equipada com cozinha.

«São pequenas obras, mas estas intervenções não se podem medir em metros quadrados, mas nos benefícios que trazem às pessoas, nomeadamente aos guardas prisionais que aqui trabalham», disse o diretor-geral Celso Manata.

«São obras grandes em termos do afeto do lado da administração em relação a quem aqui trabalha», garantiu aquele resposável.

Referindo-se a outros melhoramentos que têm vindo a ser feitos em anos anteriores, Celso Manata acrescentou que «não é só fazer obras para os reclusos e as suas famílias, mas também olhar para o outro lado», para os funcionários «que aqui têm uma tarefa difícil».

Em declarações ao Sul Informação, Celso Manata adiantou que os Serviços Prisionais deverão ter investido nestes melhoramentos «cerca de 10 mil euros», embora o investimento global tenha sido bem maior, graças «à boa relação que o Estabelecimento Prisional tem com as autarquias e com o tecido empresarial». «Foram 10 mil euros, mas o que aqui foi incorporado é muito mais do que isso», frisou.

Joaquina Matos, presidente da Câmara de Lagos, explicou ao nosso jornal que a sala da messe do pessoal foi oferecida pela Associação de Municípios Terras do Infante, que engloba ainda as autarquias de Vila do Bispo e Aljezur. E, na sala, a autarca descerrou uma placa que assinala isso mesmo.

Mas, como acrescentou Ricardo Torrão, diretor do estabelecimento prisional, a Câmara de Silves também colaborou. Além disso, na sala de pessoal, decorada com conforto e bom gosto, até houve a colaboração de um hotel, que ofereceu as mesas e a televisão. «Temos muito bom apoio quer das autarquias, quer das empresas», disse aquele responsável.

Todas as obras foram feitas por reclusos, com a supervisão de um guarda prisional e da Direção dos Serviços Prisionais.

Mas Ricardo Torrão ainda não está satisfeito e já tem mais planos – o próximo é a criação de uma horta social, no terreno privado por trás da cadeia, num projeto em colaboração com a Junta de Freguesia de Silves. «Os reclusos irão trabalhar na horta e os legumes que aí produzirem serão depois doados pela Junta de Freguesia a famílias carenciadas».

Ao nível de intervenção no edifício do EP, que acomoda agora 68 reclusos, entre preventivos e condenados, também há planos para outras renovações, nomeadamente nas celas e num pátio exterior. Mas isso, salientou Ricardo Torrão, «depende dos apoios que conseguirmos». E tudo será feito «com mão de obra prisional».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

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