NERA alerta empresários algarvios para «evolução preocupante» do Brexit

NERA aconselha os empresários algarvios a «preparar-se para um quadro mais complexo»

O NERA- Associação Empresarial da Região do Algarve alertou os empresários algarvios para a necessidade de se prepararem para o Brexit, «um processo que dificilmente voltará atrás, que já apresenta sinais negativos e ameaça uma evolução preocupante».

Num texto assinado por Vítor Neto, presidente da associação, o NERA considerou que os empresários do Algarve «devem tentar conhecer melhor o que se está a passar, ganhar consciência dos riscos e preparar-se para um quadro mais complexo».

Para os ajudar, a associação fez uma análise ao que poderá significar o Brexit, para o Algarve, partindo do principio que este é um processo irreversível, «seja com acordo bom, mau ou sofrível», que quem vai pagar a maior preço é o Reino Unido, principal mercado emissor de turistas para a região , e que quem tiver relações económicas com o Reino Unido, como é o caso do Algarve, terá «de enfrentar as consequências inevitáveis do novo quadro económico britânico».

Para justificar estes receios, o NERA avança com alguns dados. Desde logo o facto do Reino Unido ser o 1º cliente turístico de Portugal, com 24% das dormidas (9,3 milhões) e 18% das receitas externas de turismo (2.600 milhões euros). Olhando para o Algarve «o maior destino dos turistas britânicos em Portugal, a influência do Reino Unido é ainda mais evidente: 66% das dormidas (6 milhões) são garantidas por britânicos e 50% dos passageiros  do Aeroporto Faro provêm do Reino Unido.

Uma eventual diminuição do número de turistas britânicos, no Algarve, levaria à «diminuição das receitas externas, o que provocaria um enfraquecimento no contributo para o saldo da balança comercial que depende sobretudo do Turismo, o maior setor exportador do país (15 mil milhões de euros em 2017).

Também será de esperar uma «diminuição dos consumos de bens e serviços em geral e não só dos mais diretamente ligados à oferta turística, tendo como consequência uma quebra da produção regional e nacional, de variados setores e regiões do país», bem como uma «diminuição do contributo para o PIB, do investimento e do emprego».

«Portugal – e o Algarve – não se podem acomodar a uma eventual quebra de turistas britânicos e pensar que «outros mercados» os poderão substituir. Seria erro enorme. É evidente que devemos procurar, sempre, atrair novos turistas e outros mercados. Mas não devemos esquecer que o mercado britânico é estruturante e insubstituível. Devemos agir para atenuar eventuais quebras, para consolidar posições e crescer», exorta o NERA, no texto assinado por Vítor Neto.

Perante este cenário, a associação defende que os empresários devem reagir «com serenidade e inteligência» e devem procurar «entender a situação, definir respostas e prioridades, desenvolver ações».

«Esclarecer empresários e opinião pública sobre o Brexit e o que está em jogo», trabalho de equipa entre entidades públicas e privadas do setor do turismo, «reforçar as relações com os atores britânicos do Turismo – operadores, companhias aéreas, agências, plataformas online, etc.»  e  «adequar a oferta turística e a política comercial ao novo quadro competitivo» são algumas das sugestões feitas pelo NERA aos empresários, de modo a atenuar as consequências negativas do Brexit.

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