Nasceu uma orquestra de inclusão e amor na Costa Vicentina

“Dancing”, a nova produção do “Lavrar o Mar”, vai servir para estrear a Orquestra Vicentina

Foto: Pablo Sabater | Sul Informação

Há portugueses, um francês, uma israelita e até um brasileiro. São 12 pessoas unidas pela música e em prol da inclusão e da interculturalidade. Assim é a Orquestra Vicentina, cuja estreia está marcada para esta quinta-feira, 29 de Novembro, às 19h00, no baile culinário “Dancing”, do programa “Lavrar o Mar”, a realizar-se na sede do Rancho Folclórico do Rogil, em Aljezur 

André Duarte, também conhecido por Júnior, já tinha esta ideia «há algum tempo». O cofundador da conhecida banda Terrakota, que agora vive no concelho de Aljezur, é o diretor da Orquestra Vicentina e garante que o grupo vai mostrar, no palco, «todo o amor» que tem pela música.

«Sempre tive a vontade de criar uma orquestra de inclusão da comunidade local, mas precisava da circunstância certa para tornar real a ideia e ela surgiu com o “Dancing”», explica, em entrevista ao Sul Informação. 

Há cerca de um mês e meio que o projeto começou com «tudo a ser feito de raiz». No “Dancing”, a Orquestra vai apresentar 12 temas: 11 originais e uma adaptação.

«Tem sido feito tudo a correr. Temos pessoas de várias nacionalidades porque quero mostrar, cada vez mais, que Aljezur e a Costa Vicentina são um foco de multiculturalidade», justifica.

Para tal, neste baile culinário que vai ser o novo espetáculo do programa “Lavrar o Mar”, vão ser interpretadas músicas de vários estilos, mas todas com o mesmo tema base: o respeito mútuo pelas pessoas. «Sejam brancas ou pretas».

«Todas as músicas são positivas até porque vão ser dançáveis. Algumas podem ser um pouco mais de intervenção, apelando a situações tristes do ponto de vista social, mas todas têm uma mensagem de quebrar barreiras. Há denúncia, mas de forma construtiva», explica.

E que situações podem ser essas? Por exemplo: a falta de integração dos imigrantes na comunidade local. «A multiculturalidade precisa de tempo, mas vai ter de acontecer», acredita Júnior.

A questão da junção de culturas tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, tão iguais, também é o mote do “Dancing”, mais uma produção do “Lavrar o Mar” que promete surpreender.

Na sede do Rancho Folclórico do Rogil haverá «muita comida e muita dança», garante Madalena Victorino, uma das programadoras do “Lavrar o Mar”. Todas as receitas vão ter como base a batata-doce, mas a iguaria tradicional de Aljezur será «cozinhada de uma maneira que não é a habitual».

Haverá chamuças de batata doce, um prato típico da Eritreia com pão, lentilhas, carne e batata-doce, e até uma sobremesa, do Norte de África, com avelãs, passas, mel e, claro está, batata-doce. Ou seja, os pratos são usados como uma própria metáfora para a junção de culturas.

Neste jantar, exclama Madalena Victorino, entre risos, o melhor é mesmo «não comer nada e vir com a barriga vazia porque vamos ter um autêntico manjar!».

Mas também haverá maneiras de queimar algumas das calorias. Um grupo de bailarinos convidará o público a dançar ao som da Orquestra Vicentina. É que, neste espetáculo, a parte musical é «mesmo muito importante», realça Giacomo Scalisi. «Queremos que as pessoas sintam que este jantar é uma imersão na comida e na dança», acrescenta.

Para tal, a presença da Orquestra é um dos grandes atrativos.

«Nós sempre quisemos, enquanto Lavrar o Mar, despoletar iniciativas culturais no território. Para nós é muito importante ter esta ligação com quem é de cá ou vive cá e com os seus artistas, dando possibilidade de criar novos projetos», diz Madalena Victorino ao Sul Informação, na pausa de um dos ensaios da Orquestra Vicentina.

Além disto, um dos grandes objetivos de toda a programação do “Lavrar o Mar” é a ligação com «as iniciativas que já existiam antes, como o Festival da Batata Doce». Por exemplo, três dos quatro espetáculos vão decorrer ao mesmo tempo que se realiza o Festival da Batata Doce, em Aljezur, cujo início está marcado para esta sexta-feira, 30 de Novembro.

O “Dancing”, em que a Orquestra Vicentina vai participar hoje e amanhã (os espetáculos de sábado e domingo vão ser assegurados pela banda Fogo Fogo, de ritmos cabo-verdianos), vai servir para o novo projeto de 12 músicos amadurecer.

A semente está lançada e agora «vai florescer», garante André Duarte, que não esconde o orgulho no grupo de pessoas que conseguiu juntar para a Orquestra Vicentina. «São de sítios diferentes do Algarve, sim, uns de Tavira, outros de Portimão, de Lagos, Aljezur, mas todos me disseram: vamos a isto», conta sorridente.

No futuro, o objetivo passa por «percorrer todo o Algarve e mostrar a Orquestra Vicentina à região», concluiu, ambicioso.

Para este espetáculo, todos os bilhetes… já estão esgotados. «Temos uma lista de espera grande, inclusive», diz Giacomo Scalisi.

Por isso, avisa o programador cultural, o melhor é comprar, o quanto antes, ingressos para os futuros espetáculos do “Lavrar o Mar”, como o novo circo “Saison de Cirque”, em Monchique.

 

Fotos: Pablo Sabater | Sul Informação

 

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