Mar e Turismo são apostas ganhas da Estratégia para a Especialização Inteligente do Algarve

Francisco Serra, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, considera que a região tem de procurar «outras fontes de financiamento», além dos fundos comunitários

Foto: Pablo Sabater | Sul Informação

O mar e o turismo foram apostas ganhas da Estratégia Regional para a Especialização Inteligente (RIS3) do Algarve e, agora, a região está a preparar o futuro, fazendo uma auscultação antes do novo programa comunitário. 

A RIS3, que definiu, como prioritários, os domínios do turismo, mar, agroalimentar, energias renováveis, saúde, TIC e Indústrias Culturais e Criativas, foi o tema central de um seminário realizado na passada quarta-feira, 14 de Novembro, no Auditório Municipal de Albufeira, que juntou entidades públicas, associações e empresas.

Entrevistado pelo Sul Informação, à margem da conferência, Francisco Serra, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, disse que este é o tempo de «fazer um balanço» de como correu a RIS3.

«É nossa expetativa que, no futuro, as regiões tenham de apresentar algum tipo de opção para justificar os fundos. Para o Algarve, estamos a perceber se devemos acrescentar inovação à estratégia ou uma alteração das proporções das apostas dos setores ou, ainda, apostar em novos conceitos», explicou.

«Já se sabe que o Governo tem proposto domínios de especialização, relacionados com grandes temas como as alterações climáticas ou migrações, com os quais estamos alinhados. Estamos a fazer um conjunto de sessões, onde já pedimos colaboração dos cidadãos, para perceber se há prioridades que julguem importantes», acrescentou ainda.

Foto: Pablo Sabater | Sul Informação

Segundo Francisco Serra, na região «existem propostas diferenciadoras, baseadas na valorização da identidade e da cultura própria. No fundo, uma ideia de inovação e competitividade, associadas ao conhecimento e ao ecológico. Queremos competitividade, mas não a qualquer custo».

Fazendo um balanço da RIS3, o turismo e o mar foram as áreas em que houve mais projetos e maior financiamento. Ou seja: «os setores âncora da RIS3 estão fortemente representados».

Se, no que toca ao número de projetos, o turismo foi o que teve mais, no que diz respeito ao financiamento foi o mar que obteve uma parcela maior, equivalente a perto de 8 milhões de euros.

Para Francisco Serra, estes são «setores consolidados, que vão puxar pelo dinamismo da economia nos próximos tempos». Quanto às outras áreas da RIS3, definidas como prioritárias, «desejava-se um dinamismo suplementar, mas isso não consegue ser provado até agora».

Certo é que, para o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, o Algarve necessita de arranjar «outras fontes de financiamento», além dos fundos comunitários.

«Como somos considerada uma região de transição, não há o mesmo nível de apoios. Pode acontecer não conseguirmos encontrar fontes de financiamento que permitam fazer os grandes investimentos que desejamos implementar», lamentou Francisco Serra.

Uma das soluções pode passar pelo Orçamento de Estado. «O Algarve contribui para a riqueza nacional e espera, por isso, uma certa solidariedade para suprimir eventuais carências», considerou. Mas não é isso que tem acontecido, como lamentou José Carlos Barros, deputado do PSD, recentemente.

Este seminário em Albufeira também serviu para reunir o Conselho de Inovação Regional do Algarve (CIRA), órgão consultivo que junta representantes de entidades públicas, associações, empresas e a academia, no âmbito da dinamização da Estratégia Regional para a Especialização Inteligente (RIS3 Algarve).

Nelson de Souza, secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, participou nesta reunião, onde fez um «balanço bastante positivo» do Portugal 2020.

«Em termos de execução, temos 77% da verba comprometida e 30% executada, o que coloca Portugal como o país com o maior nível de execução ao nível europeu, entre os países que têm pacotes financeiros semelhantes, acima de 5 mil milhões de euros», disse.

Nelson de Souza e Francisco Serra na reunião do CIRA – Foto: Carlos Cruz | CCDR Algarve

Já o Algarve «dispõe de um programa específico, com taxas de compromisso e de execução na ordem dos 60% e dos 17%, respetivamente, o que coloca a região em linha dos outros programas operacionais regionais do continente», afirmou o governante.

Nelson Souza desafiou ainda os participantes a «envolverem-se na elaboração da estratégia pós-2020 e a procurarem novas formas de financiamento, além dos fundos da União Europeia».

Durante a reunião do CIRA, dinamizada pelo Órgão de Acompanhamento das Dinâmicas Regionais da CCDR Algarve, foi aprovada ainda a criação de dois novos grupos de trabalho nos domínios temáticos das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e das Indústrias Culturais e Criativas (ICC), completando assim o modelo de governança da RIS3 Algarve.

O CIRA tem como missão concreta acompanhar e dinamizar a execução da Estratégia Regional de Especialização Inteligente (RIS3 Algarve).

O seminário serviu, ainda, para apresentar projetos inovadores apoiados pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) nos domínios definidos como prioritários pela RIS3.

A sessão terminou com as intervenções de Alexandre Almeida, da Agência Nacional de Inovação (ANI), e de António Sampaio Ramos, da Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C), que falaram sobre o futuro dos fundos europeus e as perspetivas de desenvolvimento das políticas públicas de inovação e competitividade.

 

Fotos: Pablo Sabater | Sul Informação

 

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