Regresso ao Branco para um futuro mais colorido

“Regresso ao Branco” foi uma das iniciativas com que a Direção Regional de Cultura assinalou as Jornadas Europeias do Património

As ruínas romanas de Milreu, em Estoi, regressaram ao branco este sábado, a pensar no futuro. O grupo de teatro Doismaisum uniu-se à associação Música XXI para um espetáculo onde algumas das mais conhecidas personagens femininas da história do teatro servem de ponte de ligação entre o património – e o passado que representa – e algumas das grandes questões da atualidade.

Por entre os muros e paredes que nos foram deixados por aqueles que há quase dois milénios habitaram a agora aldeia do concelho de Faro, o público foi desafiado a pensar, desde logo, na condição feminina, ao longo dos séculos, mas também nos dilemas com que se debate a sociedade, hoje em dia.

A peça “Regresso ao Branco” foi uma das iniciativas do programa montado pela Direção Regional de Cultura do Algarve para assinalar as Jornadas Europeias do Património. Com esta peça teatral, o Dois mais Um procurou ir ao encontro do tema “Património, que futuro”, o mote do programa DiVaM – Dinamização e Valorização dos Monumentos de 2018, no âmbito do qual esta produção foi realizada.

«Fomos buscar figuras femininas de referência do passado, que nos têm ajudado a estrutura o nosso pensamento filosófico, jurídico, poético e etc. Bebemos a inspiração da sua luta e da tenacidade que tiveram no seu tempo para o transportar para os dias de hoje, para perceber que interpretação é que fazemos atualmente dessas heroínas e- se é que o fazemos – e de que modo nós podemos integrar isso no nosso viver e no nosso agir, em tempos tão conturbados como os que vivemos», explicou ao Sul Informação António Gambóias, encenador da peça.

António Gambóias

Em palco, cinco intérpretes falam-nos de temas como a precariedade no emprego, nos extremismos que ganham força na sociedade, na falta de perspetivas de futuro dos jovens, muitos dos quais acabam por emigrar, e do assédio sexual, entre outros.

«Eu penso que tudo isto está relacionado com o nosso desligar com o passado. Se perdermos a nossas referências, é um pouco difícil situar-nos e seguramente teremos mais dificuldade em projetar-nos no futuro», acredita o encenador de “Regresso ao Branco”.

António Gambóias trabalhou sobre um texto escrito por si, em coautoria com Ana Oliveira. Ambos foram, igualmente, intérpretes da peça, acompanhados pelas jovens atrizes Catarina Silva, Inês Martins, Leonor Mendes, Margarida Almeida e Luna Ruivo. Os alunos do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa André Pescada, Constança Ferreira, Nádia Viegas e Pedro Botequilha também participaram na peça.

A música, outro elemento central de “Regresso ao Branco”, foi garantida pelo Coral Feminino Outras Vozes, da Música XXI, composto por Ana Raquel Côrte-Real, Carla Lúcio, Cláudia Cabanita, Elsa Gonçalves, Isabel Trindade, Joana Cunha, Marisa Mendes, Patrícia Neto Martins e Vera Rocha, dirigido por Paulo Cunha.

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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