Investigador da UAlg descobre como atrasar efeitos de doença incurável

A investigação levada a cabo pela equipa coordenada por Clévio Nóbrega baseou-se no fármaco cordicepina, já usado para outros fins

O investigador Clévio Nóbrega, do Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) da Universidade do Algarve, descobriu um novo fármaco capaz de atrasar a doença de Machado-Joseph, «uma doença de origem genética, incurável, que se manifesta por uma progressiva perda de controlo nos músculos e na coordenação motora, provocando atrofia muscular, rigidez dos membros, dificuldades na deglutição, fala e visão, associadas a um progressivo dano de zonas cerebrais específicas».

Segundo a UAlg, o resultado da investigação de Clévio Nóbrega e da equipa que coordena foi recentemente publicado na revista Human Molecular Genetics e é «uma importante descoberta na área das doenças neurodegenerativas».

«Após diversas experiências, com resultados bastante positivos em modelos animais, os investigadores avançam agora com importantes revelações para aquela que parece ser, até ao momento, uma possível opção terapêutica para esta doença neurodegenerativa que apresenta especial prevalência nos Açores», revelou a universidade algarvia.

O projeto de investigação centrou-se num fármaco chamado cordicepina, que já se encontrava aprovado, para outros fins, nos Estados Unidos da América. Isto poderá «acelerar a sua utilização num contexto clínico e tornar-se uma opção futura no tratamento da doença».

Clévio Nóbrega salienta que «não se trata de uma cura», mas que a descoberta tem uma especial importância uma vez que «a cordicepina pode constituir, no futuro, uma estratégia eficaz para atrasar a progressão desta e até de outras doenças neurodegenerativas».

«Para já, fica uma certeza: a de que este medicamento constitui uma nova abordagem – segura e efetiva – a uma doença relativamente rara em quase todo o mundo, mas que afeta uma em cada 4000 pessoas de ascendência portuguesa e que, só nos Açores, bate todos os recordes, com uma pessoa afetada em cada 140 indivíduos», considera a UAlg.

Os resultados da investigação, realizada em colaboração com o Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra e financiada pela AFM – The French Muscular Dystrophy Association, já estão online.

O investigador do CBMR da UAlg, que foi considerado em 2017 como o mais jovem e promissor investigador europeu, na sua área, recebeu, nesse mesmo ano, uma bolsa de 22 mil euros para investigar a Ataxia Cerebelosa do tipo 2, uma doença incurável rara do foro neurológico. Este ano, foi convidado a testar uma terapia inovadora para empresa de biotecnologia em França.

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