«Situação continua muito crítica» no incêndio, diz Rui André

O presidente da Câmara de Monchique está preocupado e avisa que ainda não se pode baixar os braços

A situação do incêndio de Monchique «continua muito crítica», disse Rui André, presidente da Câmara desta vila serrana.

«Depois de tantos dias de fogo, já não tenho coragem para estar a fazer cenários otimistas», admitiu o autarca, em entrevista ao Sul Informação.

«Continuamos ainda a ter algumas áreas quentes e a possibilidade de reacendimentos, que, aliás, estão a acontecer a toda a hora», acrescentou, no momento em que um morador parava o jipe ao seu lado para dar conta de um reacendimento junto ao restaurante «Jardim das Oliveiras», na encosta que sobe de Monchique para a Fóia. De imediato, Rui André reportou ao comando operacional e, escassos segundos depois, um helicóptero levantava do heliporto.

Entretanto, chegava também a informação via rádio de que estava de novo a arder com força no concelho de Silves.

«Estou muito preocupado. Se essas zonas, no concelho de Monchique, mas também em Silves e Portimão, não forem bem monitorizadas, se não forem resolvidas completamente, de modo a não haver sequer pontos quentes, se não ficar apagado mesmo, podemos ter surpresas chatas esta tarde, com o vento que se vai levantar», salientou o edil. A sua preocupação prende-se sobretudo com a zona da Fóia, em especial a encosta norte.

«Espero que nas próximas horas a situação seja muito mais favorável, mas, por agora, ainda não podemos baixar os braços», garantiu.

Bombeiros a controlar reacendimento na Serra de Monchique – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

Apesar de tudo, há zonas onde, depois do incêndio, o perigo passou, e as pessoas que foram deslocadas querem regressar às suas casas.

«Hoje de manhã, às 9h00, tínhamos 223 pessoas retiradas, mas algumas delas já regressaram às suas casas. Neste momento, há 181 pessoas a ser assistidas pelos nossos serviços, em complementaridade com a Proteção Civil e a Segurança Social».

Essas pessoas, recordou o presidente da Câmara de Monchique, foram «reencaminhadas para sete locais, nos concelhos de Vila do Bispo, Aljezur, Portimão e Silves, acompanhadas sempre por técnicos da Segurança Social».

Agora, e porque as pessoas querem naturalmente regressar a casa, há «equipas multidisciplinares a avaliar se as casas têm condições para as pessoas regressarem. Quem puder, irá fazê-lo ainda durante o dia de hoje», nomeadamente moradores da vila de Monchique.

Mas há «perto de 20 casas» destruídas pelas chamas, total ou parcialmente, em especial nas zonas da Picota e das Corchas. «Para esses casos, estamos à procura de soluções para o imediato», diz Rui André.

«Vamos ter um processo de reconstrução e essas pessoas estarão algum tempo fora do seu local de residência», anunciou.

«Há situações bastante preocupantes, com pessoas que não têm qualquer apoio de retaguarda familiar e isso vai exigir, nos próximos tempos, muito trabalho na área social, para recolocar essas pessoas no seu dia a dia, trazê-las de volta à vida normal», acrescentou o autarca.

O problema é que a maior parte das pessoas afetadas são idosos. «Ainda há pouco falei com um senhor de 90 anos, que perdeu tudo, e ele disse-me: “E agora o que vou fazer? Fiquei sem casa, sem horta…”. Nem sabia o que lhe dizer…», contou Rui André, com emoção na voz.

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