Fogo «completamente errático» andou a mais de 2 quilómetros por hora

Hoje à noite, «as condições meteorológicas previstas vão favorecer a progressão do incêndio»

Fogo a progredir a grande velocidade, por vezes «superior a dois quilómetros por hora», e com um «comportamento completamente errático» levou o incêndio que começou há seis dias em Monchique até bem próximo da cidade de Silves.

A Proteção Civil e os operacionais que estão a combater as chamas tiveram mais um dia de «grandes dificuldades», muito por influência da meteorologia, mas não só. «O fogo, hoje, teve um comportamento completamente errático. Ora alinhava com a força do vento, ora por força da topografia, o que tornou impossível a antecipação», assegurou Patrícia Gaspar, responsável operacional pelo combate ao incêndio de Monchique.

O vento forte que se fez sentir a partir do meio da tarde levou a diversos reacendimentos, nomeadamente na Fóia e na zona da Meia Viana, e a um avanço rápido do fogo da designada frente Este, aquela que tem estado a lavrar em Silves. «O incêndio chegou a ter uma progressão superior a dois quilómetros por hora», revelou a 2ª comandante operacional nacional da Proteção Civil num briefing realizado esta quarta-feira ao final da tarde, em Monchique.

Foto de Helia Coelho

«À tarde, o fumo impediu, em muitas situações, que os meios aéreos pesados atuassem, tanto em Monchique, como entre Silves e São Bartolomeu de Messines, onde a situação foi mais complexa», explicou.

Com o avançar do dia – e do fogo, a grande velocidade – surgiu outra «grande dificuldade», o momento «em que as chamas chegaram às zonas periurbanas», como a aldeia do Enxerim, pegada à cidade de Silves e com uma considerável densidade populacional.

«A GNR tentou andar, o mais que pôde, à frente da progressão do fogo», disse. Daí o pedido de ajuda à Comunicação Social – nomeadamente o Sul Informação – para lançar o apelo à população para que fechassem portas e janelas e se mantivessem em lugar seguro.

Foto de Bruno Gonçalves, por trás do Enxerim, Silves

«O que se passou ali [Silves] causou algum pânico e insegurança nos moradores. Daí o nosso apelo», admitiu Patrícia Gaspar, que pede à população que «siga escrupulosamente as indicações das autoridades».

Como tem vindo a acontecer desde domingo, «a noite não se adivinha nada fácil, sobretudo devido ao vento. As condições meteorológicas previstas vão favorecer a progressão do incêndio».

Isto não significa que as forças no terreno baixem os braços. «Vamos usar o período noturno para tentar aceirar de Norte para Sul todos os flancos dos montes, anunciou a responsável operacfional pelo combate ao incêndio de Monchique.

Patrícia Gaspar garantiu, ainda, que «não houve falhas. O que houve foi condições meteorológicas que levaram o fogo a ter um comportamento completamente errático. Foi um constrangimento com o qual tivemos de lidar», resumiu.

 

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