“Santuário” capaz de acolher 600 animais abandonados nasce em Loulé e São Brás

Um dos «maiores santuários de animais de Portugal» vai nascer nos concelhos de São Brás de Alportel e Loulé. A […]

Um dos «maiores santuários de animais de Portugal» vai nascer nos concelhos de São Brás de Alportel e Loulé. A responsável pelo projeto é a associação Animal Rescue Algarve (ARA) e as obras já começaram, para que a infraestrutura possa acolher cerca de 600 animais abandonados e maltratados do Algarve.

Sidney Richardson, um inglês que está radicado há 25 anos em Portugal, é o responsável pela maior parte do financiamento desta ideia que, segundo a associação, «muito em breve passará do papel para a realidade».

O objetivo passa pela construção de três abrigos para animais, em diferentes localizações no centro do Algarve. No total, «deverão ter a capacidade para albergar 600 animais e empregar cerca de 25 trabalhadores. Os santuários terão vigilância 24 horas por dia durante os sete dias da semana e funcionários de forma permanente no local», adianta a associação em nota enviada às redações.

A primeira fase do projeto, chama-se «Cabanita», e «irá alojar apenas uma pequena parte do total de 600 animais que ali permanecerão até encontrarem as suas famílias definitivas. As obras já arrancaram e o abrigo deverá estar totalmente concluído em Outubro».

Neste momento, a associação «está em conversações finais com os municípios de São Brás de Alportel e Loulé, para duas possíveis parcerias», para a instalação de mais dois espaços, nestes concelhos.

A ARA estima que existam cerca de 10 mil animais abandonados só na região do Algarve e acredita que «tem de haver uma resposta para este problema!» A nossa missão é ajudar os animais abandonados, doentes, maltratados e providenciar assistência veterinária, esterilização, socialização, treino e novos lares junto de famílias definitivas».

«Uma das grandes preocupações da nossa associação é tratar os animais com dignidade, respeito e conforto, e por isso mesmo, a construção do santuário obedece a um design moderno e ecológico. Desde o sistema de esgotos que reaproveita a água para outros trabalhos até às instalações altamente isoladas que alojam os animais, permitindo-lhes viver com o máximo de conforto e qualidade de vida», acrescenta.

No plano de obra, as instalações incluem espaços como uma recepção com zona de espera e um pequeno campo de treinos equipado com materiais que irão proporcionar a interação de pessoas e cães, um departamento veterinário com sala de operações e recobro, àreas para
cachorros, adultos e seniores, uma zona de quarentena, e ainda «instalações confortáveis equipadas para receber voluntários locais, nacionais e internacionais. Para além dos cães, existirá ainda áreas para alojar felinos».

O investidor do projeto explica que «durante toda a minha vida tive a oportunidade de amealhar alguma riqueza. A minha intenção é dividir o meu património entre a minha família e uma associação de caridade. Há cerca de 12 anos tive a felicidade de resgatar uma cadela espetacular de uma associação local. Ela tornou-se na minha melhor amiga e mudou a minha vida. Juntando este episódio ao facto de não existirem respostas para a problemática dos animais abandonados neste país, e em específico no Algarve, onde a responsabilidade recai totalmente sobre pequenas associações de animais geridas com escassos recursos, fez com que me apercebesse que este era o caminho a tomar. Decidi então, em vez de deixar um testamento com indicações, aplicar o dinheiro ainda em vida, e assegurar-me de que o projeto é realmente construído e colocado em ação».

A associação explica que «tanto necessita do apoio de empresas e de mecenas como de voluntários simplesmente interessados em interagir com os animais».

Por isso, quem quiser contribuir com donativo, trabalho voluntário ou simplesmente informar-se melhor sobre o projeto, a equipa e os cães e gatos para adoção, pode consultar este site.

Todos os contributos são necessários porque, embora os fundos para a construção das três infraestruturas do santuário já estejam garantidos, Richardson explica que «de nada serve financiar o desenvolvimento do santuário para 600 animais se o projeto não se mantiver auto-sustentável a longo prazo. Há que garantir que no futuro continuaremos a ter fundos de maneio para gerir a associação. Precisamos de patrocinadores. Responsabilizamo-nos por criar excelentes instalações mas pedimos apoio aos municípios, público e outras instituições!».

O Sidney Richardson quer «educar as pessoas e mudar mentalidades. Precisamos do contributo de todos para tornar este santuário sustentável e para sermos uma voz ativa pelos animais no Algarve. Estamos prontos para fazer a diferença e tornarmo-nos numa referência na Europa, pelas nossas instalações de qualidade, boas práticas e pela dignidade com que tratamos os nossos animais».

A ARA diz estar ciente que não representa «a solução final para todos os animais abandonados do Algarve e, por isso, o trabalho nunca deverá recair apenas sob uma associação». Por isso, além de valorizar «o trabalho crucial que outras associações estão a fazer», a ARA diz querer «trabalhar em conjunto pois este é um trabalho que deve ser feito em equipa».

Sue Sykes é a atual gestora do santuário e quem tem a responsabilidade de encontrar famílias para os animais temporariamente acolhidos no santuário.

Segundo Sue, «há várias formas de ajudar na ARA. Desde simplesmente interagir com os cães, como ajudando com a limpeza dos canis ou passeando os animais. Em breve teremos no local uma área de treino e estimulação com obstáculos como saltos, tunéis e rampas e a ideia é receber pessoas interessadas em interagir com os cães nessas infraestruturas».

«Temos recebido inúmeros contactos de voluntários de todo o mundo interessados em ajudar. Isto é algo que nos agrada bastante. Para eles providenciamos alojamento e comida em troca da ajuda diária em diversas tarefas», diz Sykes.

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