Os jovens no centro do projeto europeu

Mais um artigo de opinião de Sofia Colares Alves, chefe da Representação da Comissão Europeia em Lisboa

São muitos os desafios que atravessam os horizontes dos jovens de hoje e que os fazem questionar o seu próprio futuro.

A desigualdade de oportunidades no acesso ao ensino e à formação, a falta de condições de trabalho e os elevados custos de habitação são apenas alguns dos problemas que afetam os 1,7 milhões de jovens portugueses.

Os números não são animadores: 23,9 % de desemprego jovem em Portugal; 62,4 % dos jovens portugueses tem contratos de trabalho temporários; a taxa de abandono escolar precoce rondava os 12,6 % em 2017.

Estes valores apresentam uma situação que, se não for abordada pelo Estado e pela sociedade civil, vai afetar o futuro da nossa sociedade. Não dar aos jovens a estabilidade de que precisam é desperdiçar recursos humanos. É deitar fora o potencial de criatividade, inovação e renovação da sociedade e, no fundo, comprometer o desenvolvimento económico do país. É urgente olhar para estas questões com seriedade e dar-lhes resposta.

A ação da Comissão Europeia e as políticas da União Europeia têm tido uma atenção redobrada a esta questão. Aliás, as condições sociais em geral têm sido trazidas para o centro da agenda Europeia nos últimos anos. Num primeiro passo importante, a Carta Social Europeia foi inserida no Tratado de Lisboa, em 2009.

Já no ano passado, foi aprovado o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, um claro sinal de que queremos cumprir o objetivo político de dar um papel mais relevante às políticas de emprego e sociais na Europa.

A atual Comissão aumentou e deu novo impulso a uma série de iniciativas para ajudar os jovens a enfrentar os desafios atuais: são exemplos o programa Garantia Jovem ou o Erasmus+, instrumentos como o Fundo Social Europeu, que apoia projetos destinados a ajudar as pessoas a melhorar as suas qualificações e perspetivas de emprego, ou projetos como o Corpo Europeu de Solidariedade.

Um inquérito do Eurobarómetro de setembro de 2017 permite concluir que as principais preocupações dos jovens europeus se prendem com a mobilidade profissional entre Estados‑Membros, a sua capacitação e autonomia intelectual e a inovação do sistema educativo. Estas são prioridades que a Estratégia da UE para a Juventude também contempla, o que demonstra a sintonia e o esforço que a UE tem desenvolvido no sentido de ouvir as partes interessadas e de apoiar as autoridades nacionais.

É importante que as políticas públicas se desenhem para dar resposta aos desafios enfrentados pelos jovens. Mais importante ainda é que estas políticas sejam adotadas com base em contributos que os jovens podem dar, tal como aconteceu neste inquérito. Se queremos aproximar os jovens das votações e decisões políticas, temos de debater temas que os preocupam e que têm um impacto direto na sua vida.

Temos de dialogar com eles e recolher a sua opinião. Temos de os envolver na tomada de decisão. Porque o futuro da União Europeia será muito mais risonho se tivermos uma Europa mais coesa e mais inclusiva.

As pessoas, os trabalhadores e os jovens são as peças centrais do projeto Europeu. Sem eles, o futuro da União Europeia estará comprometido.

Autora: Sofia Colares Alves é chefe da Representação da Comissão Europeia em Lisboa

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