Cartoonista perseguida na Venezuela vai ao Festival Literário de Querença

Gastão Cruz, poeta farense, vai receber Medalha de Mérito Cultural das mãos do ministro da Cultura

Rayma Suprani, cartoonista venezuelana que foi expulsa do jornal “El Universal” por ter satirizado a política de saúde de Hugo Chávez, é uma das convidadas do Festival Literário de Querença (FLIQ) que arranca esta sexta-feira, 3 de Agosto. 

A venezuelana está exilada nos Estados Unidos da América, após ter sido censurada e perseguida na Venezuela devido a essa caricatura, publicada em 2014, e vai apresentar no domingo, 5 de Agosto, às 15h00, “La Magia de un Lapiz”, na Fundação Manuel Viegas Guerreiro, onde decorre o evento.

O festival, que decorre entre 3 e 5 de Agosto, é promovido pela Fundação Manuel Viegas Guerreiro e atrai à pequena e típica aldeia algarvia alguns dos nomes maiores da poesia e do desenho, não só a nível nacional.

Por exemplo, Cécile Bertand, vinda da Bélgica, junta-se a Cristina Sampaio, cartoonista portuguesa com percurso em Portugal e no estrangeiro, e Eduardo Salavisa, desenhador do quotidiano, para a conferência “Como Desenhar o Mundo”, com moderação da jornalista Ana Daniela Soares. Será no dia 5 de Agosto, às 15h30.

No total vão ser três dias dedicados à literatura, à ilustração, à música e ao convívio com os autores.

«Este ano, o festival tem a literatura e a ilustração como tema. O objetivo do FLIQ é chamar a atenção para nomes com origem no Algarve que não só em Portugal mas pelo mundo têm elevado a língua e a cultura portuguesas. São de facto expoentes máximos dessa cultura», adianta Marinela Malveiro, da comissão organizadora do festival.

Outros nomes fazem o FLIQ deste ano e irão mobilizar diálogos em torno da literatura e das artes, traduzindo pressões político-sociais e a liberdade de expressão. Entre eles: Gastão Cruz, Lídia Jorge, Nuno Júdice, Luís Filipe de Castro Mendes, Guilherme d’Oliveira Martins, António Carlos Cortez (que venceu este ano o Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, da Associação Portuguesa de Escritores), Mário Avelar, Jorge Silva, João Paulo Cotrim, António Jorge Gonçalves e Eduardo Salavisa, Filipe Raposo e Hugo Alves.

No dia da abertura, o FLIQ propõe, às 16h00, Poesia do Mundo, poemas estrangeiros ditos por jovens imigrantes residentes em Loulé e oriundos de países tão diversos como Nepal, Cabo Verde, República Dominicana, Índia e Venezuela.

Em alternativa, às 16h40, poderá assistir a uma estreia mundial, a projeção de slides inéditos do espólio Manuel Viegas Guerreiro, imagens raras captadas em Moçambique pela lente do etnógrafo algarvio, comentadas pelo arqueólogo da Universidade do Algarve Nuno Bicho.

Caricatura de Rayma Suprani

Em complemento, no primeiro dia, às 16h30, será feita uma viagem pelas grutas das Solestreiras, Querença, visitadas no século XIX por uma equipa de investigadores britânicos, através do trabalho que tem vindo a ser realizado pelo arqueólogo Frederico Tátá Regala.

Ainda no primeiro dia da edição dedicada à Ilustração, esta ganha dimensão com o assinalar do Centenário de Nascimento de Tóssan, como era conhecido António Fernando dos Santos (Vila Real de Santo António, 1918 – Lisboa, 1991), ilustrador, pintor, decorador e gráfico.

O lançamento de um livro, uma conferência e uma exposição celebrarão o artista com trabalho disseminado em solo nacional e estrangeiro. A moderação do painel, às 18h30, está a cargo de Dália Paulo, especialista em museologia e diretora municipal da Câmara de Loulé.

O escritor Nuno Júdice integrará o painel Ilustração e Artes Plásticas, no domingo, dia 5, ao lado de Mário Avelar e Carlos Martins Jesus, antecedido de leituras por Luís Vicente, diretor artístico da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve.

O grande momento deste Festival será às 15h30 com a atribuição da Medalha de Mérito Cultural ao poeta farense Gastão da Cruz, por Luís Castro Mendes, ministro da Cultura.

A pouco mais de 10 quilómetros da cidade de Loulé, o Festival Literário Internacional de Querença contará também com momentos musicais. Na sexta-feira, o quinteto da Orquestra de Jazz do Algarve, sobe à Praça da Fundação pelas 22h00, com o concerto Jazz whisperers under the stars: Latin-Afro Dream.

No sábado, às 18h00, concerto de voz e harpa por Helena Madeira e às 22h00 concerto e projeção digital em tempo real, com o pianista Filipe Raposo e o performer digital António Jorge Gonçalves, intitulado 4 Mãos.

A sessão de encerramento estará a cargo de Guilherme de Oliveira Martins, Administrador Executivo da Fundação Calouste Gulbenkian, ele próprio um fã da ilustração e da banda desenhada, que lançou recentemente o livro Património, Herança e Memória.

Em permanência, o 3º FLIQ contará com Feira do Livro, desenho (ao ar) livre e instalações artísticas. No sábado e no domingo, entre as 15h00 e as 19h00, serão dinamizadas oficinas artesanais de composição gráfica.

O FLIQ tem o apoio da Câmara Municipal de Loulé, União de Freguesias de Querença, Tôr e Benafim, Universidade do Algarve, Fundação António Aleixo, Bibliotecas Municipais de Faro, Loulé, Portimão, Silves, Tavira e da Universidade do Algarve, Ombria Resort e o apoio institucional do Ministério da Cultura.

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