Jovem autista de Lagoa já tem um amigo de quatro patas

Mal o jovem Rui Marques se sentou junto do seu Farrusco, começou a fazer-lhe festas e a sorrir. Assim permaneceu […]

Mal o jovem Rui Marques se sentou junto do seu Farrusco, começou a fazer-lhe festas e a sorrir. Assim permaneceu sempre, calmo e descontraído, perto do seu amigo de quatro patas, que também pegou ao colo. Desde esta terça-feira, 12 de Junho, que o Rui, rapaz autista de 17 anos que mora em Porches (Lagoa), já tem um cão de assistência para que a sua vida melhore.

O dia foi de alegria, na casa da família Marques. O pequeno Farrusco, um cão-de-água português de 3 meses, foi entregue por Rui Elvas, presidente da Associação Portuguesa de Cães de Assistência.

Agora, durante cerca de três meses, o objetivo é que se crie laços entre o jovem Rui e o Farrusco, mas também há ensinamentos a reter já e que foram transmitidos à família: o cão não deve nem saltar, nem ladrar, nem morder.

O pai Rui Marques, o jovem Rui e a mãe Elsa

«A intenção é que, durante este tempo, os dois criem uma ligação, sejam amigos e, no fundo, que surjam laços. O cão vai conhecer o Rui quando ele está bem e quando está menos bem», explicou o presidente daquela associação.

Pelo que se viu, não será difícil que surja essa relação de cumplicidade. É que a ligação entre o cão e Rui foi quase imediata. A mãe Elsa Marques até comentou: «o primeiro contacto é muito positivo. Está ali sentado, calmo, e vê-se que está a gostar. O Rui está mais descontraído».

Para que a família ganhasse esta ajuda, houve uma campanha de angariação de 5 mil euros, como o Sul Informação contou, que correu «mais rápido do que se estava à espera». Os pais do pequeno Salvador, um menino de Odiáxere (Lagos), que sofria de um Glioblastoma Intramedular nível IV (tumor na espinal medula), acabando por morrer, deram um importante contributo depois de lerem o caso no nosso jornal, a que se juntaram muitos outros de particulares.

Elsa Marques não escondeu a satisfação por ter mais um elemento na família. «É um dia muito feliz. O cão será uma companhia para ele, porque um miúdo autista tem sempre muita dificuldade em ter amigos. De noite, o Rui é complicado. Às vezes, são 4 ou 5 da manhã e ainda não está a dormir. Tem crises e acaba por ser agressivo. Um cão vai ajudá-lo a ultrapassar certas coisas», disse.

No fundo, o Farrusco vai ser uma conexão de Rui com o mundo, para que a vida deste jovem de Lagoa melhore. «Todas as crianças com autismo têm uma grande dificuldade de conexão com o mundo que as rodeia e de lidar com ambientes que não lhe são confortáveis. Quando uma crianças destas está num ambiente como um centro comercial, não é de todo algo agradável. A função do cão é desfocá-lo desse ambiente e criar uma ponte entre ele e o mundo que o rodeia», explicou o presidente da Associação Portuguesa de Cães de Assistência.

Depois destes três meses para criar laços entre o Rui e o Farrusco, segue-se uma segunda fase do treino, relacionada com a parte da obediência e mais relacionada com o comportamento. No fim, vem o treino em espaço público, com tudo a ser acompanhado pelo treinador Rui Elvas. Todo o processo dura cerca de um ano e meio.

Durante todo este tempo, espera-se que a vida do jovem Rui, que adora pintar e até está a frequentar aulas na Escola de Artes Mestre Fernando Rodrigues, em Lagoa, ganhe um novo impulso. A presença do Farrusco vai ajudar a derrubar barreiras e a antecipar alterações comportamentais quando o Rui estiver num estado de maior stress.

«Vai ser uma grande ajuda», concluiu Elsa Marques, a mãe.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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