Sardinha «em abundância» e “gorda” começou a poder ser pescada a partir de hoje

A proibição de pesca à sardinha terminou hoje, segunda-feira, e a perspetiva é que, nos próximos meses, haja «sardinha em […]

A proibição de pesca à sardinha terminou hoje, segunda-feira, e a perspetiva é que, nos próximos meses, haja «sardinha em abundância e com elevados níveis de gordura». Depois de um período de defeso que começou em Janeiro e que durou mais do que inicialmente previsto, os representantes dos armadores algarvios mostram-se convictos de que a paragem ajudou a repor a população de sardinha e que, até dia 31 de Julho, este recurso não faltará.

Mário Galhardo, presidente da Barlapescas, que tem vindo a acompanhar o barco de pesquisa do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, não tem dúvidas: «há muita sardinha e está bem gorda».

O armador algarvio entrou a bordo do navio “Noruega” em Sines e tem vindo a acompanhar a monitorização que está a ser feita. «Hoje [dia 21 de Maio], fizemos cinco lançamentos e veio sardinha em quatro. Vê-se muita sardinha no mar, muita mais do que se via há um ano», assegurou, ao Sul Informação, o presidente da Barlapescas.

Miguel Cardoso, presidente da Olhãopesca, lembrou que, este ano, «houve uma ligeira redução da quota», daí que Governo e armadores tenham«decidido adiar o início da safra», que inicialmente estava prevista para 30 de Abril, mas que só começou hoje, 21 de Maio.

«A grande maioria das capturas são destinadas ao consumo em fresco, pelo que as associações decidiram começar mais tarde a campanha», revelou ao Sul Informação Miguel Cardoso.

A partir desta altura do ano, «as sardinhas já têm níveis de gordura desejáveis para o consumo», o que também virá beneficiar os apreciadores deste peixe.

Em 2018, está a ser imposto um limite diário de capturas, bem como medidas de proteção dos juvenis e monitorização da pescaria. Nos próximos dois meses e (quase) meio, poderão ser capturadas nas águas portuguesas 4855 toneladas de sardinha.

No caso do Algarve, os barcos com mais de 17 metros podem pescar, por dia, 3750 quilos de sardinha. Já as embarcações entre os 12 e os 16 metros têm um limite diário de 2500 quilos. «Não tenho ainda indicações precisas, mas penso que esta segunda-feira quase todos os barcos conseguiram atingir o limite. Hoje até se apanhou sardinha já de dia, com sol, o que não é normal», disse Mário Galhardo.

Na visão de Miguel Cardoso, as medidas que o Governo tem adotado, em sintonia e com o apoio das associações do setor das pescas, para aumentar o stock de sardinhas, estão a dar os seus frutos, «como provou o cruzeiro de monitorização do IPMA, feito em Dezembro».

«Nessa altura, houve evidências claras da recuperação do recurso. Está agora a decorrer nova pesquisa, que começou em Abril, após um período em que não houve capturas, pelo que estamos muito ansiosos por saber os resultados, que acreditamos serem igualmente positivos».

«Pensamos que haverá abundância do recurso no Mar, o que terá impacto na pesquisa e poderá trazer melhorias nas possibilidades de pesca para 2019, quem sabe, ainda para 2018. Vamos ver como as coisas correm», afirmou Miguel Cardoso.

Mário Galhardo, que está a acompanhar o trabalho de pesquisa mencionado por Miguel Cardoso, também se mostra esperançado que haja abertura da parte do Governo para aumentar a quota, embora ressalve que «os políticos nem sempre veem aquilo que nós vemos».

Os resultados da pesquisa só deverão ser conhecidos dentro de algumas semanas, já que, neste momento, o “Noruega” está na zona do cabo de São Vicente e só terminará a sua viagem dentro de cerca de uma semana, no golfo de Cádiz

A possibilidade de haver um ajuste à quota de pesca para 2018 foi adiantada pela ministra do Mar, em Janeiro, numa visita à Universidade do Algarve. Na altura, Ana Paula Vitorino disse que haverá «uma aferição [de stocks] a meio da campanha e poderemos ajustar, para cima ou para baixo, os limites, em função dos resultados».

Os limites diários e mensais, o alargamento do período de defeso, bem como as medidas de monitorização, foram impostos pelo Governo no sentido de garantir a sustentabilidade deste recurso marinho, na sequência de um parecer do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (CIES), divulgado em Outubro, que pedia que não se pescasse sardinha em 2018, em Portugal.

O cenário de pesca zero está afastado, mas, ainda assim, foram criadas zonas onde a pesca não é permitida, no sentido de preservar os juvenis de sardinha.

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