Vinte anos depois de Artur Pastor ter feito a sua última exposição em Albufeira, mas, em alguns casos, sete décadas depois de ter registado as primeiras imagens da então vila, a cidade presta agora homenagem à vida e obra do fotógrafo e ao legado que deixou no concelho.
Assim, a 9 de Junho, em dois núcleos expositivos, um no Museu Municipal de Arqueologia, outro no Arquivo Municipal, vai abrir a mostra «Albufeira por Artur Pastor».
A exposição, que pretende assinalar o Dia Internacional dos Arquivos, celebrado precisamente nesse dia, por iniciativa da UNESCO, foi realizada no âmbito de uma parceria entre o Município de Albufeira e o Arquivo Municipal de Lisboa – Núcleo Fotográfico, detentor do espólio do fotógrafo desde 2001, e conta com a colaboração de Artur Pastor (Filho).
Os dois núcleos expositivos, salienta uma das organizadoras, são «complementares e indissociáveis na leitura da obra e da visão de Artur Pastor sobre Albufeira».
No Museu de Arqueologia estará patente o núcleo «O mar e as suas gentes», onde Pastor «capta a fauna piscatória, o espírito marítimo das gentes de Albufeira e o ambiente turístico da época, permito-nos ver a dureza e a verdade de uma vida de pesca e o tipo de relação que os turistas estabeleciam com as praias de Albufeira e do Algarve, percebendo-se nas suas fotografias a harmonia existente nestas duas realidades com sentidos tão distintos».
A mostra apresenta-se ao público através de 35 fotografias das décadas de 40-60 e 80 e pela exibição do documentário “A Paisagem de Artur Pastor”, de 2014, realizado por Fernando Carrilho.
No Arquivo Histórico, poderá ser visto o núcleo «Locais com história», no qual Pastor «capta o quotidiano urbano de Albufeira, ao longo de várias décadas».
«O fotógrafo, sem o procurar, documenta duas épocas precisas, registando mais que uma visão, promove um documento antropológico e etnográfico, que cria a memória de um povo num local, as ruas, as gentes, os hábitos e costumes, as vivências» e, com isso, «oferendo à cidade um testemunho da sua memória coletiva».
Esta mostra é constituída por 42 fotografias entre as décadas de 1940 e 1990 e é complementada por um exemplar do álbum «Algarve – Portugal», de Artur Pastor, datado de 1965, do livro «Imagens do Passado», editado pelo Município de Albufeira em 2007, que integra fotografias de Pastor, um exemplar do catálogo da exposição «Motivos do Sul», de 1946, o livro de honra (e outros documentos) da exposição «Algarve (40 – 60) – Apontamentos», de 1998, uma coleção de fotografias de família das férias passadas em Albufeira, cedidas por Artur Pastor (filho) e a apresentação «o mar de Artur Pastor» (projeção de 90 fotografias e excertos de textos do livro «Algarve- Portugal»).
Quem era Artur Pastor:
Artur Pastor (Alter do Chão, 1 de Maio de 1922 — 17 de Setembro de 1999), foi um fotógrafo português.
Termina o curso de Regente Agrícola em Évora, na Herdade da Mitra, em 1942. O primeiro trabalho de fotografia que faz foi para ilustrar a sua tese final. Foi nessa altura que descobriu o gosto pela fotografia que o fascinaria até ao fim da sua vida.
Em Évora, onde vive na altura, envolve-se em inúmeros projetos e começa a apresentar trabalhos seus em publicações ilustradas, postais, selos e cartazes.
Durante este período inicial da sua vida artística, colabora em diversos jornais do Sul do País com artigos de opinião e de cariz literário.
No início dos anos cinquenta, vai trabalhar para os serviços do Ministério da Agricultura em Montalegre. Naquela época, tenta formar, em Braga, uma associação fotográfica. Em 1953, vai viver para Lisboa. Nesta cidade, passa a fazer parte do Foto Clube 6×6.
Pertenceu aos quadros do Estado durante cerca de trinta anos, como Engenheiro Técnico Agrário. Ao longo destes anos, foi responsável pela obtenção e organização das mais de 10 000 fotos que compõem a Fototeca da Direção Geral dos Serviços Agrícolas.
Paralelamente, colaborou com outros organismos ligados à agricultura, como as Juntas Nacionais do Azeite, do Vinho, das Frutas e a Federação Nacional dos Produtores de Trigo, entre outros.
Pelo serviço prestado enquanto fotógrafo do Ministério da Agricultura, foi-lhe atribuído o grau de Oficial da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe do Mérito Agrícola).
Registou milhares de fotografias por solicitação dos mais diversos organismos oficiais e grandes empresas, sobretudo no campo da agricultura e turismo.
Colaborou, com centenas de fotografias, em exposições oficiais e feiras, no país e no estrangeiro. Participou em Salões Nacionais e Internacionais de Fotografia. Nos Salões Nacionais, obteve, com regularidade, os primeiros prémios.
Horários:
Arquivo Histórico| «Locais com história»: 9h00 – 17h00 (segunda a sexta-feira)
Museu Municipal de Arqueologia de Albufeira | «O mar e as suas gentes»: 9h30 – 17h30 (terça-feira a domingo)
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