Como o turismo pode ajudar a ciência

Um estudo agora publicado na revista Marine Ecology Progress Series (https://doi.org/10.3354/meps12551), avaliou a precisão de diferentes modelos de distribuição geográfica […]

Um estudo agora publicado na revista Marine Ecology Progress Series (https://doi.org/10.3354/meps12551), avaliou a precisão de diferentes modelos de distribuição geográfica de golfinhos, baleias e outros cetáceos dos Açores.

O estudo só foi possível graças à colaboração com empresas turísticas de observação destes animais no arquipélago, que durante sete anos recolheram informações sobre os avistamentos nas suas viagens e as submeteram na plataforma MONICET.

Os cetáceos têm um papel fundamental nos ecossistemas marinhos. Conhecer a sua distribuição geográfica e como esta varia com o tempo é muito importante para identificar áreas de preocupação para populações vulneráveis e desenvolver planos de conservação mais eficazes.

No entanto ainda sabemos pouco sobre a distribuição destes animais: não só são muito móveis, respondendo com rapidez a alterações ambientais no oceano, como as campanhas dedicadas ao seu estudo são dispendiosas e limitadas no tempo.

Os investigadores têm obtido estimativas de distribuição a partir de modelos computacionais que extrapolam o nicho ecológico de uma espécie a partir dos dados de localização existentes e das variáveis do ambiente.

Mas, no caso de espécies tão móveis como os cetáceos, que vivem num ambiente tão dinâmico como o oceano, com que intervalo de tempo – dias, semanas, meses – devem as variáveis ambientais ser introduzidas no modelo de forma a que os resultados sejam o mais precisos possível?

“A questão em si depende muito da espécie a estudar. Por exemplo: para espécies altamente dinâmicas como a baleia de barbas é muito melhor usar dados semanais. Mas para isso precisamos de uma recolha de dados constante, um grande esforço de amostragem, que neste caso foi obtido graças à colaboração das empresas turísticas de observação de cetáceos”, explica Marc Fernandez Morron, primeiro autor do artigo e investigador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c e da Universidade dos Açores.

Este estudo só foi possível porque os investigadores puderam recorrer a dados detalhados das dez espécies de cetáceos mais avistadas no arquipélago dos Açores, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2015.

Nas suas viagens turísticas – que embora tenham um pico de afluência durante o Verão, ocorrem durante todo o ano – os operadores de observação de cetáceos anotam as espécies que observam, contam animais e registam a sua posição. Estes dados são submetidos na plataforma MONICET – uma base de dados online inaugurada em 2008 e que conta com o apoio do Governo dos Açores – acompanhados de fotografias para identificação das espécies. Todos os dados são validados por especialistas antes de serem disponibilizados online.

“Na atualidade, o MONICET encontra-se numa fase adulta, com dez anos de funcionamento e oito empresas a colaborar. Estamos a trabalhar para que tenha uma maior autonomia, com candidaturas a novos projetos para melhorar e expandir a plataforma para outras áreas. Ao mesmo tempo estamos a trabalhar para demostrar outras potenciais utilidades dos dados recolhidos pelos nossos colaboradores que possam ser uteis não só para as próprias empresas como também para a gestão e conservação dos cetáceos”, frisa Marc Fernandez Morron.

 

Autor: Gabinete de Comunicação do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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