Viagem poética ao encontro da “bestia” que há dentro de cada um de nós [fotogaleria e vídeo]

«Bestias é sobre as coisas que todos temos em comum no interior, todos os seres vivos. É como uma viagem […]

«Bestias é sobre as coisas que todos temos em comum no interior, todos os seres vivos. É como uma viagem interior à procura daquilo que nos liga a todos». Mas “Bestias” é também «um espetáculo inteiro, quer dizer, é uma viagem, com muitas linguagens, a dança, a acrobacia, a música, o canto. E nesta equipa há também os humoristas e os animais».

As palavras são de Camille Decourtye e “Bestias” é o espetáculo que a sua companhia “Baro d’Evel” está a apresentar, por estes dias do 25 de Abril, em Odeceixe (Aljezur), no âmbito da sempre surpreendente programação do «Lavrar o Mar».

Neste espetáculo de circo contemporâneo, marcado pela beleza e pelas facetas múltiplas dos artistas que nele participam (que cantam, tocam, dançam, fazem acrobacias, humor, performance teatral), há animais: dois cavalos e quatro aves.

«Os animais são como guias. Por momentos, são eles que indicam a direção, é a eles que seguimos, por momentos são eles que nos seguem a nós. É como um diálogo. Têm um papel um pouco como um chefe, um mestre de cerimónias», acrescentou a diretora artística Camille ontem, antes do espetáculo, em declarações ao Sul Informação.

E que dizer a quem se opõe aos espetáculos com animais? Madalena Victorino, uma das responsáveis pelo projeto «Lavrar o Mar» desmistifica: «É por isso que Bestias acontece no 25 de Abril. É uma verdadeira revolução para as pessoas, de uma vez por todas, pensarem que, há de facto circo mau, que trata mal os animais, mas há um circo bom, fantástico, que trata os animais com a sua sensibilidade, a sua inteligência, o seu tempo, a sua forma de ser. E é isso que é Bestias: não se sabe quem é mais humano, se é um cavalo ou uma acrobata».

Giacomo Scalisi, o outro elemento do casal responsável pelo «Lavrar o Mar», por seu lado, acrescentou que «não é a primeira vez que acontece» trazer espetáculos deste género a esta zona do Algarve. «Temos o hábito de trazer circo contemporâneo a tendas como estas», como aconteceu em Monchique, na passagem de ano.

«A nossa programação inclui objetos muitos particulares, que dialogam com este território, com a natureza, com a força que a natureza tem, com os animais que fazem parte deste universo», acrescentou.

«Programar para o 25 de Abril, é como festejar esta libertação. Uma libertação desta ideia de que o animal é maltratado e não pode estar no meio artístico. Ao contrário, tivemos a própria veterinária que visitou os animais e disse que só lhes faz bem ter os aplausos das pessoas no fim do espetáculo. Foi um elogio fantástico!», concluiu Giacomo.

O espetáculo “Bestias” estreou-se ontem à noite e os 350 lugares da bonita e original tenda de circo montada no campo de futebol dos Malhadais (e bem visível da estrada EN120), estavam esgotados. Para hoje, dia 25 de Abril, ainda há bilhetes, assim como para as três apresentações, de dias 27, 28 e 29 de Abril, sempre às 21 horas. Amanhã, dia 26, o espetáculo pára, de modo a que os animais descansem. Mas, pelo que se viu ontem, na estreia, os cavalos Bonito e o Shengo e as aves Gus, Zou, Farouche e Midinette gostam e divertem-se com o que ali andam a fazer, com grande liberdade.

Os bilhetes custam 7 euros para o público em geral e 5 euros para crianças até aos 12 anos, e podem ser comprados aqui. O espetáculo realiza-se sempre às 21h00. E convém lá estar um bocadinho antes…porque o espetáculo começa ainda…antes de começar.

O espetáculo está classificado para maiores de 6 anos, não sendo apropriado para crianças pequenas. Está interdita a entrada após o seu início, para não perturbar os animais. Também é desaconselhado que pessoas que sofram de alergias graves ao feno assistam ao “Bestias”. É que vai haver por lá muito feno pelos ares e muita poeira.

Mas o que realmente está no ar, por estes dias, é a beleza e a poesia, com o “Bestias”.

 

Fotos e vídeo: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

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