Universidade do Algarve obtém mais de 1,5 milhões de euros de financiamento para projetos de investigação

A Universidade do Algarve já tem sete candidaturas aprovadas no âmbito do Aviso 02-SAICT-2017 (Projetos de IC&DT em todos os […]

A Universidade do Algarve já tem sete candidaturas aprovadas no âmbito do Aviso 02-SAICT-2017 (Projetos de IC&DT em todos os Domínios Científicos 2017). Nesta primeira fase, a UAlg obteve um total elegível de 1 571 583,67 euros, o que equivale a um financiamento de 621 633,27 pelo PO Algarve, sendo o restante suportado pelo Orçamento de Estado.

O Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) conseguiu apoio para desenvolver dois projetos de investigação na área da Medicina e Ciências da Saúde, num investimento elegível de cerca de 500 mil euros.

O projeto “DevoCancer – Descodificação da evolução do cancro da mama através de assinaturas de expressão diferencial do alelo mutado”, liderado pela investigadora Ana Teresa Maia, tem como objetivo contribuir para a identificação e caracterização dos diferentes tipos de tumores, por forma a conseguir pensar novas estratégias de tratamento e gestão da doença.

Tendo em conta que a heterogeneidade dos tumores é uma das principais causas da falha dos tratamentos e, consequentemente, da elevada mortalidade provocada por este tipo de cancro, a equipa pretende colocar a hipótese do RNA ser biologicamente revelante para compreender este tipo de mutações.

Já o projeto “VITAL”, coordenado pelo investigador José Bragança, pretende debruçar-se sobre a investigação em torno da Cardiomiopatia da não-compactação do ventrículo esquerdo, a terceira doença cardíaca mais comum, causada, presumivelmente, por uma falha durante o desenvolvimento fetal.

O grupo de investigação espera, assim, identificar um conjunto de genes envolvidos no desenvolvimento e progressão da doença por forma a utilizá-los como marcadores genéticos específicos para diagnosticar e tratar, de forma cada vez mais eficaz, este tipo de pacientes.

Também de 500 mil euros é investimento elegível do Centro Interdisciplinar de Arqueologia e Evolução do Comportamento Humano (ICArHEB), que viu financiadas duas candidaturas.

O projeto “Origens e Evolução da Cognição Humana e o impacto da ecologia costeira no SW Ibérico” irá investigar a emergência e o desenvolvimento da cognição humana durante o desaparecimento dos últimos Neandertais e a emergência dos primeiros Homens Anatomicamente Modernos no sudoeste da Europa, particularmente no Algarve, bem como verificar o impacto que as mudanças na ecologia costeira, incluindo o nível do mar e a localização das linhas costeiras, poderão ter tido neste momento particular do passado humano.

O projeto, coordenado pelo investigador Nuno Bicho, assenta na escavação de jazidas arqueológicas do Paleolítico Médio das grutas de Companheira e Ibn Ammar (Rio Arade), e do Paleolítico Superior do abrigo de Vale Boi, perto de Sagres.

Por sua vez, o projeto de investigação intitulado “MugePortal – Concheiros de Muge: Um novo portal para os últimos caçadores-recolectores do Vale do Tejo”, coordenado pela investigadora Célia Gonçalves, foca-se na requalificação e valorização do património arqueológico e paleoantropológico do complexo mesolítico de Muge, classificado como Monumento Nacional desde 2011.

A estratégia de ação envolve uma abordagem multidisciplinar e inovadora com o desenvolvimento de infraestruturas cibernéticas e iniciativas de e-ciência que permitirão a criação de uma base de dados arqueológica online (MugeData); e de um projeto-piloto para uma exposição sobre os concheiros de Muge baseada em tecnologias de realidade aumentada e virtual.

O trabalho será desenvolvido por uma equipa de investigação constituída por investigadores do ICArEHB, e docentes da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais (FCHS), do Instituto Superior de Engenharia (ISE) da UAlg e do departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra.

Integrará ainda seis novos membros que serão contratados no âmbito deste financiamento para desenvolver atividades de investigação relacionadas diretamente com o projeto.

O Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA) viu aprovado o projeto “Exploring New approaches to simuLAte long-term Coastal Evolution (ENLACE)”, coordenado pela investigadora Susana Costas, com um investimento elegível de cerca de 230 mil euros.

As previsões de longo-termo de evolução costeira, as escalas de décadas, são cada vez mais procuradas para o planeamento e adaptação face às alterações climáticas e à subida do nível médio do mar.

O ENLACE irá aplicar modelos numéricos baseados em processos físicos, com o objetivo de identificar a melhor estratégia para simular a evolução a longo-termo das costas arenosas.

Esta estratégia será determinada por um balanço entre reducionismo e síntese para capturar comportamentos morfológicos chave que expliquem e ajudem a prever alterações a um nível de “complexidade apropriada”.

Por seu lado, Natália Marques, investigadora do Centro de Eletrónica, Optoelectrónica e Telecomunicações (CEOT), candidatou-se com o projeto “SourUnion – Análise da interação entre o porta-enxerto laranjeira azeda e a variedade enxertada que provoca o declínio dos citrinos na presença do Citrus tristeza vírus”, obtendo um financiamento que ronda os 87 mil euros.

A laranja azeda tem características agronómicas altamente desejáveis, bem adaptadas à bacia do Mediterrâneo e à maioria das regiões de cultivo de citrinos.

No entanto, é suscetível à doença viral de maior importância económica dos citros, Citrus tristeza vírus (CTV), que induz o declínio (ou tristeza) e a morte de variedades cítricas enxertadas.

O objetivo deste projeto é identificar e validar compostos biomarcadores associados à doença em declínio para melhorar a laranja azeda e, assim, responder à sua procura e ao desenvolvimento da citricultura do Mediterrâneo.

Neste lote dos sete projetos aprovados, está ainda o do investigador João Brandão, do Grupo de Química Teórica da UAlg, que também viu aprovado o seu projeto na área da Química, intitulado “ReaDyHyCiCN: Estudos da dinâmica da combustão do hidrogénio em nanotubos de carbono”, com um investimento elegível total de cerca de 151 mil euros.

O programa Multiprocess Reaction Dynamics (MReaDy), que mostrou modelar com precisão a combustão em fase gasosa de uma mistura de hidrogénio e oxigénio, será adaptado para estudar a mesma reação confinada a um nanotubo de carbono em diferentes condições de diâmetro, pressão do gás e temperatura.

Este projeto visa estudar e otimizar as condições para a combustão de hidrogénio a baixas temperaturas, sem formação de chama, sendo a energia libertada neste processo acumulada como energia de vibração dos nanotubos de carbono e como energia cinética dos produtos.

A Universidade do Algarve salienta que «estes são os primeiros resultados conhecidos», enquanto se aguarda ainda «a comunicação de mais projetos ao abrigo de outros Programas Operacionais, e de fundos nacionais, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia».

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