Ilha de Tavira “lambe feridas” do temporal enquanto espera pelo próximo

O mar subiu até onde raramente chega e levou com ele tudo o que encontrou. O temporal, associado a forte […]

O mar subiu até onde raramente chega e levou com ele tudo o que encontrou. O temporal, associado a forte agitação marítima, que atingiu a costa algarvia na  semana passada deixou a sua marca na Ilha de Tavira, onde há quem tivesse dezenas de milhares de euros de prejuízo e olhe para o futuro com preocupação. Diz quem viu que há quase um década que não acontecia algo assim.

Na última quarta-feira, o céu carregado e a chuva que se adivinhava iminente aconselhavam a que se procurasse abrigo. Mas nem por isso a praia da Ilha de Tavira estava deserta. Alexandre Figueiredo, acompanhado por alguns homens e ao volante de um trator, percorria as dunas, atarefado em recuperar material que o mar levou da sua concessão, em pleno areal, e espalhou um pouco por todo o lado.

Desde o dia 1 de Março, em que a manhã revelou um cenário de destruição nas zonas concessionadas da Ilha de Tavira, que o dono da concessão do Centro Náutico da Ilha de Tavira está no terreno a trabalhar afincadamente, até porque a previsão meteorológica apontava para que a agitação marítima e o vento forte voltasse, o que já está a acontecer.

«Já tínhamos a concessão quase toda montada. Foram palhotas, cadeiras e até passadeiras novas, de plástico, que tinham sido transportadas para a Ilha um dia antes, pela Tavira Verde. Foi uma coisa impressionante. Estamos a tentar recuperar aqui e ali», explicou ao Sul Informação o empresário.

«Estou a ver o que ainda consigo recuperar e o que ainda está em condições. Acredito que ainda posso salvar algumas palhas. Quanto às passadeiras de madeira, que ficaram enterradas debaixo da areia, ainda não fiz uma estimativa dos prejuízos», disse.

«Nunca previ que o mar comesse 50 metros lineares de areia. Foi coisa que eu nunca imaginei», desabafou.

Foto tirada por Alexandre Figueiredo no dia 1 de Março

O cansaço patente no rosto e olhos de Alexandre não deixa dúvidas: têm sido dias de muito trabalho, para este empresário, mas também de forte preocupação.

«Andamos aqui há vários dias, desde quinta-feira. Estamos a tentar recolher tudo porque se prevê que nos próximos dias a água venha parar aqui outra vez», disse.

Na altura, Alexandre Figueiredo estava a recuperar material bem próximo da zona dos restaurantes da Ilha de Tavira, aos quais a água esteve perto de chegar, na noite de 28 de Fevereiro para 1 de Março.

Osvaldo Gargiulo, funcionário do restaurante Sal, assistiu a tudo. «Eu estava cá, porque vivo na ilha. Quando esteve pior foi de quarta para quinta-feira [da semana passada]. Estava vento muito forte e a água chegou aqui perto dos restaurantes», contou, apontando para a zona entra a duna junto à praia e a área de restauração, que faz um baixio.

«Esta zona baixa aqui parecia uma piscina, uma banheira. Já vivo aqui há 11 anos e já estou habituado a situações como esta. Mas, com esta força, só tinha visto uma vez, há oito anos, quando a praia da Fuzeta foi destruída. Veio tudo parar aqui à ilha de Tavira», recordou.

Desta vez, não foi preciso importar destroços, eles vieram das concessões da própria ilha. Ainda assim, e apesar dos prejuízos, pelo menos para Alexandre Figueiredo, poderem atingir muitos milhares de euros, o empresário tem estado a recuperar o que pode recorrendo apenas aos seus próprios meios. «Ainda não tive qualquer apoio, nomeadamente da Câmara de Tavira, mas acredito que eles vão ajudar», disse.

Alexandre Figueiredo lembra que, no final de Março, a Ilha de Tavira vai acolher o International Sports Meeting, um evento que «trará para aqui milhares de pessoas». Esta foi, de resto, uma das razões que levou a que o empresário tivesse apostado em ter a concessão montada, quando ainda corre o Inverno.

«Nessa altura, temos de ter aqui as condições mínimas de segurança, porque as passadeiras [de betão] estão todas partidas. Uma pessoa mete ali o pé, aquilo levanta e parte uma perna. É complicado receber milhares de pessoas nestas condições», defendeu.

«O que nós precisávamos, urgentemente, era que a Polícia Marítima vedasse as zonas mais problemáticas, para evitar acidentes, pois há pessoas que ainda vêm cá, na sua maioria idosos, que podem magoar-se. E também que a autarquia, que penso que está a reunir esforços, mande para cá os meios necessários, nomeadamente ao nível de maquinaria pesada, pois há muita coisa para fazer aqui», considerou Alexandre Figueiredo.

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação e Alexandre Figueiredo

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