Entre os dias 23 e 25 de Março, qualquer um poderá caminhar por cima das águas do Guadiana, entre Alcoutim e Sanlúcar. O Festival do Contrabando vai realizar-se na vila do nordeste algarvio e na sua vizinha espanhola e volta a ter como grande atração a ponte flutuante que permitirá passar o rio a pé.
Durante três dias, Alcoutim e Sanlúcar, parceiras na promoção do festival, vão celebrar a cultura e as memórias da raia do Guadiana com um programa reforçado, em relação à 1º edição do evento, que decorreu em 2017. Ao mesmo tempo, foi alargado o período de funcionamento da ponte pedonal que, desta vez, é inaugurada logo no primeiro dia, sexta-feira, às 15h00.
A base e o espírito do festival, revelou ao Sul Informação o presidente da Câmara de Alcoutim Osvaldo Gonçalves, vão manter-se, em relação ao ano passado, mas haverá um aumento da qualidade e da oferta, nomeadamente ao nível cultural, com a presença «de artistas e espetáculos que, em alguns casos, são estreia em Portugal».
O edil alcoutenejo tem, inclusivamente, dificuldade em nomear quais serão os momentos altos da programação. «O programa é tão vasto, que é difícil apontar este ou aquele espetáculo. O melhor é as pessoas virem cá e não perderem pitada do festival, porque vai ser muito bom», desafiou, com um sorriso, Osvaldo Gonçalves.
Ainda assim, há duas presenças que são destacadas pela Câmara de Alcoutim, tendo em conta que se trata de estreias nacionais. Uma delas é a do artista Chacovachi (cujo nome real é Fernando Cavarozzi), um palhaço e bufão argentino, que apresenta, em estreia em Portugal, o espetáculo “Cuidado! Um palhaço mau pode arruinar a tua vida”.
Também presente, estará Adam Read, «um artista sem fronteiras, que trabalhou no Cirque du Soleil, que traz algumas das suas personagens, palhaços ou mimos sobre andas», segundo a autarquia alcouteneja. “Mezzanine”, “La Strato”, “Parasomnia” e “TheGiant” são «espetáculos únicos», que o artista irá trazer a Portugal pela primeira vez.
Estes e os demais espetáculos e eventos de animação que serão promovidos ao longo dos três dias dividir-se-ão entre Alcoutim e Sanlúcar de Guadiana. Quem estiver num dos lados da fronteira e não quiser perder um espetáculo que terá lugar no país vizinho, precisa apenas de adquirir um bilhete para a ponte e fazer-se ao caminho.
A travessia estará aberta por períodos de duas horas e meia, ao sábado e domingo de manhã (encerra às 12h30), e durante a tarde, até às 18h30 de sexta-feira e sábado e as 19h00 de domingo. O programa completo, em formato pdf, pode ser descarregado seguindo este link.
Tudo isto acontecerá no meio de uma recriação histórica, em que contrabandistas, guardas-fiscais, carabineiros, vendedores ambulantes e artesãos se misturam e interagem com os visitantes.
O lançamento da 2ª edição do evento, à semelhança do que aconteceu em 2017, é marcado pelas Jornadas do Contrabando, um momento de reflexão e promoção do conhecimento sobre esta atividade, então ilegal, mas que hoje faz parte da herança histórica e do imaginário das terras de ambos os lados do Guadiana.
«Nesta edição, será apresentado um livro do João Rodrigues, que é já uma consequência das jornadas do ano passado», ilustrou o presidente da Câmara de Alcoutim. O encontro começa às 9h15 de dia 23 e é o pontapé de saída para os três dias de festa.
Será também na sexta-feira, às 14h00, que será inaugurado o mercado de ofícios e a feira que servem de base ao evento e onde se pode ter um contacto direto com as artes tradicionais algarvias, havendo mesmo artesãos a trabalhar ao vivo.
Do programa, fazem parte workshops de artesanato, que serão promovidos pelo programa TASA – Técnicas Ancestrais, Soluções Atuais, nos dias 24 e 25 de Março, na Casa dos Condes, em Alcoutim.
Para Osvaldo Gonçalves, este festival, «sendo ainda jovem, é algo que já é uma marca do território», assumindo-se como um dos grandes eventos anuais da raia do Guadiana, na linha «dos Dias Medievais de Castro Marim e do Festival Islâmico de Mértola».
Para isso, contribuiu, em grande medida, o apoio que chega do programa “365Algarve”, cujo financiamento, admite o autarca, foi fundamental para que este evento pudesse nascer. A verba que chega da iniciativa lançada em conjunto pelas secretarias de Estado do Turismo e da Cultura faz com que o contributo de Alcoutim para o festival seja maior que o do seu parceiro, o município espanhol de Sanlúcar de Guadiana.
«A vontade do meu colega [espanhol] é a mesma do que a minha. Mas, no que toca à capacidade financeira, nós temos mais do que eles», ilustrou. Isto acontece, em grande medida, porque não existe na Andaluzia nada semelhante ao “365Algarve”.
«No primeiro ano, eles tiverem um conjunto de apoios reduzido. Este ano, as entidades regionais da Andaluzia já aumentaram o apoio. Também já estarão em curso outras candidaturas, que poderão trazer ainda mais investimento, nos próximos anos», disse Osvaldo Gonçalves.
O Festival do Contrabando é organizado pela Câmara Municipal de Alcoutim, em parceria com o Ayuntamiento Sanlúcar de Guadiana. Os apoios surgem do Governo de Portugal, Turismo de Portugal, da Região de Turismo do Algarve e do “365Algarve”, bem como da Junta de Andaluzia e da Mancomunidad da Betúria, ambas de Espanha.
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