António Costa não pegou na enxada, mas veio ver como se está a limpar as florestas

Chegou e partiu de helicóptero, mas não pegou na enxada. O primeiro-ministro António Costa esteve esta manhã na aldeia dos […]

Chegou e partiu de helicóptero, mas não pegou na enxada. O primeiro-ministro António Costa esteve esta manhã na aldeia dos Vermelhos, perto do Ameixial, concelho de Loulé, para ver como se está as limpar os matos. A visita foi curta, mas o chefe de Governo ainda teve tempo de conhecer Leonel Pereira, proprietário de 150 cabras sapadoras, e a Dona Almerinda, que fez questão de o cumprimentar.

Logo quase à chegada, António Costa mostrou-se surpreendido com a «grandeza» do concelho de Loulé. Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal, respondeu-lhe prontamente: «Somos uma espécie de amostra do país».

Mas mais do que para conhecer o vasto concelho, a visita de António Costa ao Algarve foi «um gesto simbólico» para mostrar como «todos estamos empenhados» na prevenção aos incêndios, disse o chefe do Governo aos jornalistas.

Para António Costa, que se fez acompanhar, na visita, por Capoulas Santos, ministro da Agricultura, não se deve nem «desvalorizar os riscos», nem ficar «paralisado com medo». «Quando há um risco nós devemos procurar identificá-lo, mitigá-lo e diminuí-lo de forma aumentar a segurança de todos».

«A melhor maneira de prevenir é, desde já, diminuir o risco de combustão. Por isso, o trabalho de limpeza, aqui em Vermelhos, uma aldeia isolada, é da maior importância», acrescentou. Aliás, para António Costa, tem sido feito um «extraordinário trabalho em todo o país», quer pelas autarquias, quer pelos privados.

A ação desta manhã juntou não só o Exército, que esteve efetivamente a limpar os matos, durante todo o tempo, como associações de caçadores, a Marinha e a própria Proteção Civil. Este é «um bom sinal de que, pela primeira vez, está a haver uma grande consciência nacional de proceder a estes trabalhos», enquadrou António Costa.

É que, «quanto mais fizermos agora, menor é o risco amanhã», acrescentou, numa alusão aos catastróficos incêndios de Junho e Outubro do ano passado.

Certo é que a própria pequena aldeia dos Vermelhos também sabe bem o que é um fogo de grandes dimensões. Em 2004, o incêndio que devastou a Serra do Caldeirão passou por ali.

Também por isso, Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, disse estar «muito satisfeito por esta ação do Governo», precisamente «numa zona que já foi fustigada».

É que a iniciativa serviu, também, para a autarquia apresentar a sua Estratégia Municipal de Defesa da Floresta contra Incêndios, no âmbito da qual tem feito, por exemplo, a beneficiação de caminhos florestais, além da sensibilização, juntos dos proprietários, para a necessidade limpar os terrenos até dia 31 de Maio, para evitar multas.

«Há um despertar do país e Loulé tem feito o seu papel, esforçando-se o melhor que pode nesta área. Temos um envolvimento, que já vem do passado, com o Exército, que nos tem ajudado na vigilância. As populações sentem-se muito seguras e agradecidas», referiu.

Uma das estrelas da visita de António Costa foi Leonel Pereira. Ainda o primeiro-ministro não tinha chegado, já o algarvio Miguel Freitas, secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, trocava palavras com ele sobre… cabras sapadoras, um projeto que o Governo está a querer implementar.

Leonel Pereira é dono de 150 cabras e, já com António Costa em terra, trocou mesmo impressões com o primeiro-ministro. «A limpeza que está por aí, é feita por elas. Era a forma tradicional de o fazer», explicou, enquanto o chefe do Governo ouvia, com atenção.

Além dos terrenos de Leonel Pereira, as cabras limpam também propriedades de vizinhos deste produtor, mas agora o desafio passa por aumentar o rebanho, com financiamento do Estado para tal. Por enquanto, os 150 animais darão, segundo previsões de Miguel Freitas, para limpar cerca de 100 hectares.

António Costa, que não escapou a algumas pingas de chuva, falou de «azáfama» para classificar os trabalhos de limpeza que estão a ser feitos por todo o país, mas a verdade é que a palavra também serve para descrever a manhã de hoje nos Vermelhos. Muitos populares saíram à rua para ver o «acontecimento»: afinal de contas, não é todos os dias que o primeiro-ministro visita uma aldeia do interior algarvio…

Uma delas foi a dona Almerinda. Apesar das dificuldades de locomoção, chegou perto de António Costa, fez questão de o cumprimentar e de, com ele, trocar alguns sorrisos. Minutos depois, confessou ao Sul Informação, como tinha gostado de conhecer o primeiro-ministro.

«É muito importante limpar os matos. Nós fomos bastante fustigados pelos incêndios e ainda guardo recordações disso. As marcas ficaram», concluiu, sorridente.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

Comentários

pub