Produção de citrinos no Algarve continua a atrair novos investimentos

Há 17 mil hectares de citrinos plantados e em produção no Algarve, mais 6 mil que há nove anos. Os […]

Há 17 mil hectares de citrinos plantados e em produção no Algarve, mais 6 mil que há nove anos. Os dados foram revelados ao Sul Informação por Fernando Severino, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, que salienta o «grande interesse» que o setor citrícola continua a ter na região.

Mas estes citrinos já não são só as laranjas e tangerinas que se começaram a plantar em força nos anos 50 dos século passado, quando foi construída a Barragem do Arade, em Silves. Agora há a aposta em novas variedades, ao gosto do consumidor mais requintado. «Também se tem verificado uma certa procura por limão, com novas áreas a serem plantadas», acrescentou Fernando Severino.

Com uma produção anual de «250 a 300 mil toneladas» e concentrando «70% dos citrinos nacionais», o Algarve continua a ser a verdadeira capital da laranja em Portugal. Mas, a nível regional, quem reclamou e registou esse título foi Silves, que tem uma produção anual estimada de «5500 a 6000 hectares de citrinos», sendo, por isso, «um dos dois principais concelhos algarvios produtores, a par de Tavira».

Precisamente para celebrar essa sua capitalidade, Silves organiza, a partir de sexta-feira, dia 16, e até domingo, dia 18, a 2ª Mostra Silves Capital da Laranja.

Este ano, a principal novidade será a apresentação da «Rota da Laranja», marcada para sexta-feira, às 10h30. A Câmara Municipal, que promove o certame, pretende que esta rota seja «um importante e estrutural produto turístico, resistente à típica sazonalidade da procura turística que a região conhece, dando a conhecer e contribuindo para a dinamização de um produto identitário e de excelência do concelho».

No fundo, será uma rota por diversos produtores de citrinos ou de produtos à base de citrinos (doçaria, licores, cerveja, gastronomia), que permitirá dar a conhecer aos visitantes a paisagem e a riqueza deste produto. Haverá percursos diferentes consoante o meio de transporte dos visitantes (a pé, de bicicleta, de carro), que os levarão a descobrir não só os diversos aspetos das laranjas – desde a árvore à mesa -, mas também a conhecer os vários recantos do concelho de Silves.

Mas a Mostra em si contará com a presença de dezenas de expositores ligados à citricultura, vinhos, agricultura, produtos regionais, doçaria, artesanato e gastronomia, bem com algumas associações e entidades locais e regionais.

O destaque em mais uma edição desta mostra que promove a marca Silves Capital da Laranja vai para a realização de um ciclo de conferências, nas quais especialistas nacionais e internacionais debaterão temas centrais para a produção e produtores de citrinos.

Os cocktails também regressarão, com a realização do “Festival de Barmen Silves Capital da Laranja”. Além de barmen consagrados, o festival dará oportunidade aos jovens alunos do curso profissional do Agrupamento de Escolas Silves-Sul de mostrar o muito que têm aprendido.

Quanto ao cartaz de espetáculos, é forte e quase que só feito no feminino: estão previstas as atuações de Raquel Tavares (16), Amor Electro (17) e “Moçoilas” (18).

Rosa Palma, presidente da Câmara de Silves, disse ao Sul Informação que a Mostra se destina a «Promover um produto nosso, associando-o a Silves». É que, salientou a autarca, «muitas pessoas apenas associam o Algarve à praia e ao sol, mas nós somos também produtores de laranja ou de vinhos». E é preciso reforçar a promoção desses aspetos.

Serão, portanto, três dias para celebrar um setor que se mantém em força na região algarvia.

Apesar dos investimentos em outras culturas, como os frutos vermelhos e o abacate, parecerem estar mais na moda no Algarve, a verdade é que a citricultura continua a ser um setor forte e que atrai investidores. O diretor regional de Agricultura revela que «o volume de negócios gerado pelos citrinos do Algarve está estimado em 70 a 80 milhões de euros por ano», mantendo o setor com muita atratividade.

«Nos últimos anos, tem havido o arrancar de pomar velho, para plantar novo, com áreas maiores e com novas técnicas, o que permite aumentar as produções», explicou ainda.

Uma das razões para este renovado interesse num setor tradicional é sobretudo, segundo Fernando Severino, a maior facilidade atual de escoamento da laranja algarvia, que já é uma marca reconhecida, não só no resto do país, como nos mercados para onde é cada vez mais exportada.

«Há mais escoamento, mais exportação, mais organização comercial. Ainda não é tanta como gostaríamos a nível de organizações de produtores, mas já existe e bem estruturada mais a nível de privados. Neste momento, há uma certa concentração da produção e mais organização para exportação», disse aquele responsável.

Fernando Severino acrescentou que há produtores privados já com áreas muito extensas que exportam 80 a 90% da sua produção, garantindo bons preços. «Continua a haver muito interesse pela produção de citrinos no Algarve. E isto apesar de um pomar levar cinco, seis anos a começar a produzir e mais do que isso a atingir a plena produção».

Também a autarca silvense Rosa Palma destaca o investimento que tem sido feito, nestes últimos anos, na citricultura do seu concelho. «Hoje pode dizer-se que, devido às novas variedades, há produção de citrinos ao longo do ano todo. É um setor importante na economia e também no que diz respeito ao emprego». Por outro lado, reforça, «grande parte dos citrinos aqui produzidos são para exportação».

A presidente da Câmara só lamenta que não haja «mais apoios, mais bem pensados», para levar os jovens agricultores a investir no setor. «Trata-se de um investimento que só tem retorno passados uns dez anos e não há nada que apoie quem investe nesse período crítico».

Além do fruto fresco, os citrinos também já têm, há anos, uma fábrica de sumo de laranja no Algarve, a Lara, instalada em Silves. Inicialmente lançada por um empresário local, que nunca conseguiu levar o projeto a bom porto, depois comprada pelos espanhóis, a Lara foi há meia dúzia de anos adquirida por um grupo brasileiro, um dos maiores produtores de sumo de laranja do mundo.

Mas nem toda a laranja aí transformada é algarvia. «A Lara usa fruta algarvia, mas frequentemente se queixam de não chegar para as necessidades. Se o ano comercial for bom e a fruta tiver qualidade, há mais escoamento, nomeadamente para exportação, e há menos fruta a ir para a indústria e eles terão de recorrer à importação de outros mercados», nomeadamente de Marrocos, explicou o diretor regional de Agricultura.

 

Clique aqui para conhecer o programa completo desta 2ª Mostra Silves Capital da Laranja.

 

 

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