Teatro das Figuras aposta em «projetos arrojados», mas mantém propostas “mainstream”

Haverá lugar para alguns «projetos mais arrojados artisticamente», bem como para a produção local, mas não é por isso que […]

A Ballet Story, de Victor Hugo Pontes

Haverá lugar para alguns «projetos mais arrojados artisticamente», bem como para a produção local, mas não é por isso que se deixará de apresentar espetáculos «mais populares», que apelam a um público mais vasto. Estas são as premissas da programação do Teatro das Figuras para o 1º quadrimestre de 2018, que foi apresentada ontem, dia 24 de Janeiro, neste espaço cultural de Faro.

Nos próximos meses, o público pode contar com várias propostas mainstream, que prometem atrair muita gente às Figuras, como o espetáculo “Simone, o musical”, entre amanhã e domingo – com três sessões esgotadas e a quarta a caminho de lotar -, os concertos de Camané (3 de Fevereiro), de Rui Veloso (30 de Março) e de Raquel Tavares (30 de Abril) e o regresso dos “Commedia à la Carte” (21 de Abril).

Glenn Miller

Também de destacar é a passagem em Faro da “Glenn Miller Orchestra” (9 de Fevereiro), de Richard Galliano, acompanhado pelo algarvio Gonçalo Pescada (25 de Fevereiro), da cantora portuguesa Sara Tavares (14 de Fevereiro), da peça “O último dia de um condenado”, com Virgílio Castelo (17 de Março), e da banda brasileira “Liniker e os Caramelows” (8 de Abril).

Mas segundo Gil Silva, diretor-delegado do Teatro das Figuras, também se optou «por assumir algum risco», apostando em espetáculos mais alternativos.

Para isso, foi criado um ciclo de programação, o “Às Quintas no Teatro”, por onde vão passar projetos nacionais, dois dos quais com um toque algarvio.

No dia 1 de Fevereiro, a próxima quinta-feira, subirá ao palco o espetáculo “Dança”, concebido e encenado por Francisco Campos, do Projeto Ruínas, que, além do seu criador, terá como intérpretes Leonor Keil e João de Brito, este último do Laboratório de Artes e Média do Algarve (LAMA), parceiro desta produção.

Em Março, chega de Viseu o espetáculo de dança “Unbounded”, assinado pelo coreógrafo Romulus Neagu e interpretado por João Santiago, cocriador desta produção.

Em Abril, o Teatro das Figuras acolhe, no âmbito desta rubrica, uma ópera contemporânea inspirada no poema “Tabacaria”, de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, com música de Luís Soldado e encenação de Alexandre Lyra Leite. Em palco, estará o barítono farense Rui Baeta e a soprano Inês Simões, que serão acompanhado por um um quarteto dirigido por Rui Pinheiro, maestro titular da Orquestra Clássica do Sul.

Dança, de Francisco Campos

O “Às Quintas no Teatro” é apenas um dos três ciclos que foram programados, neste 1º quadrimestre de 2018. A estrutura cultural farense também criou um espaço especial para acolher criações vindas da Cidade Invicta, o “Porto em Faro”.

Neste âmbito, serão apresentados no Algarve os espetáculos “Climas”, da companhia Circolando (24 de Fevereiro), “A Tecedeira que lia Zola”, do Teatro Experimental do Porto (26 de Abril), e “A Ballet Story”, uma produção de Victor Hugo Pontes que estreou na Guimarães Capital Europeia da Cultura e tem vindo a circular o país desde então (28 de Abril).

Também será reeditado o ciclo “Noites de Sofá”, onde cabem espetáculos mais intimistas, naquilo que pretende ser uma recriação da sala de estar de nossas casas. Este ciclo decorre nos primeiros três dias de Março e terá como convidados a banda algarvia “Riding a Meteor” (dia 1), o trio “Harmonies” (dia 2 de Março) e “Six Organs of Admittance, do norte-americano Ben Chasny (3 de Março).

«O que tentámos, no fundo, foi fazer um equilíbrio entre os espetáculos mais mainstream e os espetáculos mais arrojados e de leitura mais difícil, mas que também têm de ser mostrados. O público precisa disto, para ser incentivado e ver outras coisas para além daquilo que se vê em todo o lado», resumiu Gil Silva.

Para pôr de pé a programação deste e dos demais quadrimestres de 2018, o diretor-interino do Teatro das Figuras conta com um orçamento reforçado, que acaba por ser um sinal de uma evolução positiva do teatro, que teve, em 2017, o seu melhor ano de sempre, ao nível de público.

Gil Silva, diretor-delegado do Teatro das Figuras

Em 2018, o orçamento do Teatro Municipal de Faro ascende aos 850 mil euros, quando, no ano passado, se ficou em cerca de 700 mil euros. Esta verba terá de servir, não só, para a contratação de espetáculos, mas também para algumas melhorias na infraestrutura.

«Desde há dois anos que vimos fazendo investimentos significativos no Teatro das Figuras. Fizemos intervenções no interior, entre as quais a renovação quase total dos equipamentos de luz e som», enquadrou Paulo Santos, vice-presidente da Câmara de Faro, durante a apresentação da programação.

Agora, a aposta será feita no exterior, mais precisamente «na parte traseira do edifício, para melhorar o acesso ao pequeno auditório e toda aquela área, bem como na parte da frente, onde há muitas lajetas a sair». As soluções a ser adotadas «ainda estão em estudo», disse Paulo Santos, mas a ideia é fazer uma intervenção que permita, não só, resolver os problemas existentes, mas também preparar o pátio frontal do teatro para acolher eventos.

Para já, e até porque a meteorologia a isso o aconselha, as iniciativas no Teatro das Figuras já agendadas realizar-se-ão dentro de portas. Mas, quando o calor começar a apertar, é provável que seja possível ir a este espaço cultural para ver espetáculos ao ar livre.

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