Palácio de Belmarço ganhou nova vida sem perder a ligação ao seu passado

O chão, as paredes e o teto do Palácio de Belmarço, em Faro, ainda mantém aquele brilho caraterístico das coisas […]

O chão, as paredes e o teto do Palácio de Belmarço, em Faro, ainda mantém aquele brilho caraterístico das coisas novas. Mesmo assim, é difícil não se ter a sensação de estar a viajar no tempo, ao entrar neste antigo edifício, que está quase a reabrir portas, depois de um empresário algarvio ter investido na sua total recuperação.

Esta aposta, que começou com a compra do imóvel, em 2014, por João Rodrigues, empresário que é o atual presidente do Farense e dono da marca de vinhos Couteiro-Mor, e continuou com a total recuperação do edifício, foi uma das obras que a Câmara de Faro mostrou na última edição do Faro Positivo, que decorreu na sexta-feira.

Pode mesmo afirmar-se que este é um dos casos em que se investiu milhões (?) para deixar tudo como era. O que não significa deixar tudo igual, antes pelo contrário.

Quando João Rodrigues comprou o Palácio de Belmarço por 455 mil euros, numa hasta pública promovida pela Câmara de Faro, o edifício estava em elevado estado de degradação, principalmente no seu interior. E foi depois de investida uma verba que o empresário não quis revelar, mas que se adivinha bem avultada, que este elemento patrimonial da capital algarvia recuperou a beleza que antes teve.

O palácio foi totalmente regenerado, por dentro e por fora, mas mantendo a traça original e muitos dos elementos pré-existentes, alguns dos quais com cerca de cem anos.

Apesar de não apontar números, João Rodrigues confessa que a obra não saiu em conta. Apenas disse que gastou «duas ou três vezes mais por metro quadrado» do que num edifício normal. Até porque foram feitas escolhas para manter o imóvel o mais próximo possível daquilo que uma vez foi, que se revelaram dispendiosas, como a opção por recuperar as madeiras que já existiam, em vez de usar material novo.

 

Esta opção percebe-se melhor ao ouvir o empresário falar das intervenções que foram feitas. É com orgulho que aponta os painéis de azulejos datados de 1916, que foram recuperados e mantidos no local onde sempre estiveram, bem como os tetos trabalhados, em gesso, que remetem para os originais, e os elementos em madeira, no chão e nas paredes.

Dentro de poucos meses, o Palácio de Belmarço passará a ser o centro dos negócios de João Rodrigues, dono de diversas empresas, que ali instalarão a sua sede. Ao todo, deverão trabalhar aqui «20 ou 30 pessoas», havendo, igualmente, a possibilidade «de alugar quatro ou cinco gabinetes» a outros negócios que ali se pretendam instalar.

Mas o público em geral também terá a oportunidade de desfrutar do espaço. Segundo o empresário farense, serão promovidos eventos no rés-do-chão, «um ou dois por cada estação do ano», que podem ser «exposições ou concertos de música clássica». No piso inferior do palácio foi, igualmente, instalada uma vinoteca, onde são dad0s a conhecer os diferentes vinhos da Couteiro-Mor.

O Palácio de Belmarço acolherá o backoffice do hotel que será construído no antigo edifício do Magistério Primário, que também foi adquirido por João Rodrigues. Para já, não há uma previsão para o início da construção desta nova unidade hoteleira. Aliás, o empresário avisou que, antes disso, vai «avançar para outra coisa», mas sem revelar o quê.

Construído no início do século XX, o Palácio (ou Palacete) de Belmarço é um dos edifícios notáveis de Faro e um ex-libris da cidade. Ali funcionou, até meados dos anos 90, o Tribunal do Trabalho.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

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