Grupo britânico para observação de vida selvagem apoia campanha contra a exploração de petróleo no Algarve

Uma campanha que tem alertado para os impactos da exploração de petróleo na costa do Algarve foi apoiada por um […]

Uma campanha que tem alertado para os impactos da exploração de petróleo na costa do Algarve foi apoiada por um donativo de um grupo britânico para observação de vida selvagem que esteve de férias na região, revela a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), em nota de imprensa.

Um grupo de turistas da empresa Honeyguide Wildlife Holidays doou 500 libras esterlinas (cerca de 550 euros) à Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA, BirdLife em Portugal). A SPEA faz parte da Plataforma Algarve Livre de Petróleo (PALP) que está em campanha contra a exploração de petróleo nesta região do país.

O dinheiro do grupo da Honeyguide, que esteve no Algarve em Novembro de 2017, serviu para pagar parte dos custos legais do processo que decorre no Tribunal de Loulé.

SPEA e PALP estão preocupadas pelo facto de a área destinada à exploração de petróleo em alto mar, cerca de 46,5 quilómetros ao largo de Aljezur, «ser adjacente à Zona de Proteção Especial Costa Sudoeste (ZPE)».

É que, salientam, «existe nessa área uma elevada concentração de boto (Phocoena phocoena) e roaz (Tursiops truncatus)». Os cetáceos, nomeadamente estas duas espécies de golfinho, «são conhecidos por serem altamente sensíveis ao ruído no mar, por exemplo resultante da perfuração, dado que esta atividade interfere com a sua forma de comunicação e orientação, a eco-localização».

A SPEA acrescenta que, além disso, «há uma rota migratória que atravessa esta área, importante para a pardela-balear (Puffinus mauretanicus), espécie ameaçada de extinção, e para o alcatraz (Morus bassanus). Muitos dos alcatrazes que usam esta rota provavelmente nidificam no Reino Unido, o que aumenta a relevância da cooperação e apoio entre diferentes países».

Ganso-patola ou alcatraz (Morus bassanus) na Costa Sudoeste – Foto: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

PALP/SPEA denunciam que «este processo não foi sujeito a avaliação de impacto ambiental, nem a consulta pública». Salientam ainda que «insistir na dependência de combustíveis fósseis é dar um passo atrás, numa altura em que o investimento tem de ser dirigido ao aumento do uso de fontes de energia mais sustentáveis, tais como a energia solar».

O grupo de observação de aves e vida selvagem da Honeyguide Wildlife Holidays, empresa sediada em Norwich, Inglaterra, fez o donativo durante uma visita ao Algarve e Alentejo em Novembro do ano passado.

Domingos Leitão, diretor executivo da SPEA afirma que «os riscos de um derrame acidental são óbvios e extremamente preocupantes, tanto para a vida selvagem no mar como para a costa algarvia, para as pessoas e para as empresas turísticas que dependem dos tesouros naturais desta costa».

«Proteger a natureza tem custos, portanto é com enorme gratidão que recebemos este apoio dos nossos amigos da Honeyguide. Este apoio internacional também nos relembra que a vida selvagem não reconhece fronteiras de países, o que é particularmente verdade no caso do precioso ambiente marinho», acrescenta Domingos Leitão.

O dono da Honeyguide, Chris Durdin, afirmou que todas as expedições da Honeyguide geram um donativo para fins de conservação da natureza, incluído no preço da viagem.

«Nós contribuímos sempre para a proteção da vida selvagem que vimos apreciar em Portugal e estabelecemos uma parceria de longa duração com a SPEA neste país», disse Chris Durdin.

«Tivemos a oportunidade de presenciar os prejuízos para a vida selvagem e para as comunidades costeiras do Reino Unido, resultantes da poluição por hidrocarbonetos, e estamos contentes em contribuir com o nosso apoio para salvaguardar o ambiente em Portugal», sublinhou.

Este donativo de 500 libras perfaz um total de 6.252 libras entregues à SPEA desde a primeira visita de um grupo da Honeyguide a Portugal continental, em 2005. No geral, as visitas da Honeyguide já contribuíram com 119.322 libras para fins de proteção da natureza em vários países.

Grupo da Honeyguide numa visita às aves pelágicas, em Sagres

A Zona de Proteção Especial Costa Sudoeste (ZPE), designada no âmbito da Diretiva Aves da UE, bem como o Sítio de Importância Comunitária Costa Sudoeste (SIC), designado no âmbito da Diretiva Habitats têm o seu limite muito próximo ao bloco de exploração. Juntos, ZPE e SIC formam a Rede Natura 2000, áreas naturais de importância a nível internacional e protegidas pela lei da UE.

O grupo da Honeyguide explorou parte do Algarve e Alentejo a partir de Alte e de Sagres. «Honeyguide Wildlife Holidays é digna de nota entre as restantes companhias para observação de vida selvagem pelo facto de ter uma componente filantrópica. Todos os seus grupos geram donativos, que são direcionados a projetos de conservação e entregues a organizações locais de proteção da natureza», salienta a SPEA.

Pode apoiar a proteção das aves em Portugal ao fazer-se sócio da SPEA, parceiro português da BirdLife.

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