Dois livros de 2017 para ler em 2018

Durante o ano de 2017, foram publicados em Portugal vários livros muito interessantes de divulgação científica. Sobre alguns deles, fui […]

Durante o ano de 2017, foram publicados em Portugal vários livros muito interessantes de divulgação científica. Sobre alguns deles, fui dando conta neste espaço em que vos escrevo sobre ciência. Hoje, vou salientar dois que, embora publicados no final de 2017, são exemplo do melhor que se editou em Portugal e merecem destaque e uma leitura atenta em 2018.

Vou apresentá-los, brevemente, por ordem alfabética do apelido dos autores.

A primeira sugestão é a do novo livro do neurologista e neurocientista português António Damásio, “A Estranha Ordem das Coisas – A vida, os sentimentos e as culturas humanas”, publicado pela Temas e Debates e Círculo de Leitores, em Novembro de 2017.

É mais um incontornável livro deste importante cientista português, radicado nos Estados Unidos da América, que tem dado contributos fundamentais para a compreensão dos processos cerebrais que são subjacentes às emoções e sobre o papel destas e dos afetos na tomada de decisões racionais.

Neste livro, António Damásio propõe com argumentos científicos que os sentimentos ligados à dor, sofrimento ou prazer antecipado, “foram as forças motrizes primordiais do empreendimento cultural, os mecanismos que impulsionaram o intelecto humano na direção da cultura”. É um livro que nos faz refletir sobre as relações entre a mente e o corpo e a capacidade de a espécie humana criar cultura.

A segunda sugestão é a de um livro muito importante para um novo olhar sobre a história da ciência. “A Invenção da Ciência – Nova História da Revolução Científica”, do historiador da ciência britânico David Wootton, foi publicado entre nós também pela Temas e Debates e Círculo de Leitores, em Setembro de 2017.

É um livro surpreendente, meticulosamente organizado e fundamentado, com vastíssimas referências que nos permitem uma magnífica reconstrução e vivência da atividade das principais figuras (Copérnico, Vesálio, Tycho Brahe, Kepler, Galileu, Harvey, Newton e vários outros grandes nomes) que proporcionaram a Revolução Científica que se verificou entre o final do século XVI e meados do século XVIII.

Ao longo de mais de 800 páginas, somos conduzidos por uma escrita envolvente, rigorosa, uma admirável demonstração da erudição do seu autor. Não é exagero afirmar que este é um dos principais e extraordinários livros publicados recentemente em Portugal.

Por fim, digo que estes dois livros deveriam estar presentes em todas as bibliotecas escolares, pois, para além do conhecimento que proporcionam, estão muito bem escritos, e promovem o desenvolvimento do pensamento crítico e bem estruturado.

 

Autor: António Piedade
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

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