Será «um momento irrepetível», onde Custódio Castelo se vai «entregar de corpo e alma e tocar o que a alma sentir» ao ver o filme clássico do cinema mudo “Mãe”. O músico português vai estar amanhã, dia 7 de Dezembro, na Igreja De São Clemente, a Matriz de Loulé, às 21h30, como convidado especial de mais uma sessão do Vídeo Lucem, e antecipou o que será este espetáculo, numa entrevista ao Sul Informação.
Esta será a segunda sessão do ciclo de cine-concertos que o Cineclube de Faro está a promover em igrejas da região, numa parceria com a Diocese do Algarve e com o apoio do programa “365Algarve”. Nestes espetáculos, artistas de renome são convidados a musicar clássicos do cinema mudo.
Custódio Castelo aceitou o desafio e vai levá-lo ao limite, com a ajuda da sua guitarra portuguesa, no acompanhamento que fará à obra realizada por Vsevolod Pudovkin em 1926, inspirado numa obra de Máximo Gorki.
«Vou estar, minuto a minuto, a viver emocionalmente aquilo a que estiver a assistir e a receber a energia do público que estará na igreja. Esta será, sobretudo, uma viagem que não se repetirá mais. Não vou tocar música já feita, vou improvisar sobre motivos. Estarei a olhar para a tela e não para a guitarra», explicou Custódio Castelo.
«O público pode esperar, como sempre, um Custódio Castelo no seu todo, a tocar e a criar no momento. Neste caso, a inspiração é o filme – e como sabem, a palavra mãe tem um significado infindo de emoções e sentimentos – e eu irei viajar por esse tão imenso mundo», acrescentou o músico.
Assim, Custódio Castelo estará em Loulé em diferentes condições, desde logo como instrumentista, mas também como «alguém que está a viver o mesmo que o público está a viver», e enquanto criador, «que será intérprete, na hora, dos momentos emocionantes do filme».
«As pessoas que estiverem presentes são convidadas a viajar através da minha música, olhando para as imagens que eu também estou a ver e a sentir naquele momento», reforçou.
Como se percebe, esta será uma oportunidade única de ver um dos expoentes máximos da guitarra portuguesa no processo de criação. «Mesmo que eu desse um concerto nas mesmas condições depois de amanhã, já não seria igual, porque o nosso estado de espírito e de alma não é igual em nenhuma circunstância», ilustrou.
E Custódio Castelo vai sem rede, já que, por opção, estará a ver o filme, pela primeira vez, amanhã. «Eu prefiro não ver, porque se o fizer – e já estive tentado a ver – estarei a deitar a perder o que estiver a sentir no momento, ao nível emocional. Será o facto de estar a ver o filme pela primeira vez que me vai fazer criar de forma espontânea e emocionante», disse.
Em palco, Custódio Castelo será acompanhado por alguns convidados, nomeadamente pelo contrabaixista Carlos Menezes e pelos algarvios “Fad’NU”.
A formação algarvia, que junta José Alegre, antigo aluno de Custódio Castelo, e a cantora Cátia Alhandra, protagonizará «o único momento que terá voz, durante o filme». «O poema escolhido é de Pedro Homem de Melo», precisou.
A entrada na sessão de amanhã, como nas demais do Vídeo Lucem, é livre.
Sinopse do filme “Mãe”:
A Mãe é invariavelmente colocado com um dos mais importantes filmes de todos os tempos, e não só da época do cinema mudo. Adaptação da obra literária homónima de Máximo Gorki, conta a história das lutas operárias pela melhoria das suas condições de vida, contra patrões desumanos e cruéis, e de uma mãe-coragem que parte da protecção angustiada do seu filho até se tornar a heroína de todos os combatentes.
Pudovkin foi, a par de Eisenstein, o mais importante teórico da montagem cinematográfica naqueles anos em que o cinema dava os seus primeiros passos, e este seu filme é exemplo desse mesmo génio. Com interpretações poderosas, entre as quais ressalta a da inesquecível figura de Vera Baranovskaya no papel de mãe, contará com a criação ao vivo do genial guitarrista português Custódio Castelo, acompanhado por convidados seus, o que irá constituir um espectáculo de fabulosa originalidade.
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