Novo diretor do Teatro das Figuras quer ver mais jovens na plateia

Conhece o Teatro das Figuras como poucos e já desempenhou diversas funções dentro da estrutura deste espaço cultural. Agora, Gil […]

Conhece o Teatro das Figuras como poucos e já desempenhou diversas funções dentro da estrutura deste espaço cultural. Agora, Gil Silva tem um novo desafio pela frente, como diretor-delegado do Teatro Municipal de Faro (TMF), uma etapa onde promete dar continuidade ao trabalho que já vem sendo feito, mas também em apostar forte em captar mais público jovem.

Gil Silva foi o convidado do programa radiofónico Impressões, dinamizado pelo Sul Informação e pela Rádio Universitária do Algarve RUA FM (102.7 FM), onde falou da sua visão para o Teatro das Figuras, mas também da situação atual desta estrutura, que começou por ser autónoma, mas que é hoje um serviço municipalizado da Câmara de Faro.

Pouco mais de uma semana após ter sido nomeado para o cargo, Gil Silva assegurou que a sua gestão será pautada «pela continuidade, tendo em conta que o trabalho de Joaquim Guerreiro [anterior diretor-delegado, que faleceu em Setembro] foi muito bom e eficiente».

«Mas eu também quero garantir a consolidação dos recursos humanos do Teatro das Figuras e apostar na programação, porque acho que estamos numa fase em que é preciso dar um salto, que passa pelo apoio às estruturas locais, à fomentação das coproduções e captação de novos públicos», acrescentou.

O principal “alvo” de Gil Silva, na estratégia que será posta em marcha, são os jovens, «um público muito difícil de captar».

«Os públicos jovens têm uma vivência muito diferente das gerações anteriores. São mais imediatos e têm outras formas e ferramentas para ver o que lhes o interessa, como o vídeo e o digital. Aquilo que nós teremos de dar a este público terá de partir daí, embora, como é óbvio, tenha de ir mais longe. Há um tipo de espetáculo a que eles aderem muito,  o stand up comedy», disse.

A ideia passa por programar «ofertas com que eles se sintam bem, ao mesmo tempo que se aposta no serviço educativo, para lhes dar ferramentas para que eles possam ler, usufruir e fruir dos espetáculos que vão ver».

Estes serão passos a dar a curto prazo. Para o futuro, Gil Silva quer um Teatro das Figuras capaz de sair para fora das fronteiras do concelho e da região.

«Penso que o futuro deverá passar, também, por aí. Neste momento, o Teatro das Figuras não é apenas um local físico, é já uma marca que tem corrido pelo país. Cada vez teremos de nos afirmar e ser referência a nível nacional e, também, a nível internacional, embora isso já obrigue a ter outros meios e valências», revelou.

O novo diretor-delegado do Teatro das Figuras demonstra total confiança no potencial da “casa” que gere para crescer e na equipa a ele associada, cuja dedicação e competência elogiou. Até porque sabe bem o que é o TMF.

«Estou cá desde o início, sou um dos resistentes da equipa original. Para além de mim, só há mais três pessoas que estão desde 2005. Entrei através de um concurso, para ocupar a posição de Frente de Casa. A partir daí, fui progredindo e assumindo outros cargos. Em 2008, fui para a produção e, em 2013, assumi interinamente a direção, entre a saída da Anabela Afonso e a entrada do Joaquim Guerreiro. Nessa altura, assumi a programação, da qual sou responsável desde então», enquadrou.

Gil Silva foi, desta forma, testemunha do percurso de uma estrutura cultural que passou por momentos bons e por outros menos brilhantes. E um dos momentos mais marcantes foi a extinção da empresa municipal TMF, passando o teatro para a esfera da gestão direta da Câmara de Faro.

«Enquanto empresa municipal, nós tínhamos uma autonomia total. Tínhamos o nosso maior acionista, que era a Câmara de Faro, mas podíamos decidir autonomamente. Enquanto serviços municipalizados, temos orçamento próprio, que gerimos, mas perdemos, em termos jurídicos, essa autonomia», explicou.

Esta situação, no início, gerou alguma incerteza, já que houve necessidade de integrar os funcionários da empresa TMF na estrutura da Câmara.

Mas, desde o final de 2013, e passado o “choque” de passagem de empresa municipal para serviço municipalizado, houve uma estabilização, tendo em conta que «quase todos os que trabalhavam na TMF são agora funcionários da Câmara».

«Nesta altura, o Teatro está vivo, está com força. Obviamente ainda há algumas lacunas, que estamos a tentar resolver, nomeadamente ao nível dos recursos humanos – que é, provavelmente, o maior problema que temos -, mas estamos a trabalhar nesse sentido», revelou.

Por outro lado, desde 2014 tem havido um aumento do investimento para espetáculos, «senão não conseguiríamos oferecer a programação que hoje oferecemos».

Isto também é possível devido  à «mudança de paradigma» na programação desta estrutura cultural, desde há alguns anos.

«Hoje em dia, principalmente em espetáculos de índole mais comercial, nós partilhamos bilheteira, o que, de certa fora, nos retira o risco e nos permite gerir melhor o orçamento», explicou Gil Silva.

Ou seja, o público algarvio poderá continuar a contar com o Teatro das Figuras para trazer artistas de renome, nacionais e estrangeiros, mas também para dar a conhecer o que se faz por cá.

 

Clique aqui para ouvir a entrevista, na íntegra.

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