«Recuperação da cidade» é o grande objetivo de Isilda Gomes na Câmara de Portimão

«Se o mandato anterior ficou marcado pela questão da dívida do município, este mandato terá de ter como objetivo a […]

«Se o mandato anterior ficou marcado pela questão da dívida do município, este mandato terá de ter como objetivo a recuperação da cidade», vista de forma abrangente e incluindo Alvor e a Mexilhoeira Grande, anunciou ontem Isilda Gomes, no seu discurso de tomada de posse para o segundo mandato como presidente da Câmara de Portimão.

A autarca socialista falou ainda de uma «primeira vaga de intervenções, que recoloquem os espaço público como o centro da vida da cidade».

Numa segunda fase, acrescentou, dando assim resposta a uma das principais críticas dos portimonenses, «através da criação do programa “Portimão resolve”, será possível repor todas as pequenas anomalias detetadas e devolver condições de fruição às ruas, praças e jardins», «reparando ou mitigando, na hora, os problemas identificados pelos serviços municipais ou referenciados pelos munícipes».

A aposta da Câmara, depois de anos em que nem dinheiro teve para cuidar dos espaços verdes e de lazer existentes, passará também, prometeu Isilda Gomes no seu discurso, pela criação de «novos espaços verdes», destacando-se «o jardim a ser criado no terreno entre o Mercado Municipal e a Escola Teixeira Gomes», hoje ocupado por estacionamento desordenado, um bairro de lata da comunidade cigana e postos de venda para membros desta comunidade, quase nunca usados.

A autarca socialista Isilda Gomes assumiu ontem um mandato de mais quatro anos, desta vez à frente de uma confortável maioria absoluta, já que o PS elegeu também três vereadores: Joaquim Castelão Rodrigues, Filipe Vital e Teresa Mendes. A coligação «Servir+Portimão» (CDS/PSD) voltou a conseguir eleger José Pedro Caçorino e conseguiu mais um vereador, Manuel Henrique Valente. O elenco do camarário portimonense fica completo com João Vasconcelos, que obteve a reeleição pelo Bloco de Esquerda.

Na Assembleia Municipal, onde teve números de votação bem menos expressivos que para a Câmara, o PS conseguiu os mesmos 12 lugares que a oposição. E assim, ontem tomaram posse nove elementos eleitos pelos socialistas, a que se juntam os três presidentes da Juntas de Freguesia, que são todos do PS e, por inerência, têm assento na AM. A coligação «Servir+Portimão» elegeu seis, o Bloco de Esquerda três, a CDU dois e o Nós Cidadãos, pela primeira vez, elegeu uma deputada municipal (Cristina Velha).

Tendo em conta que Carlos Gouveia Martins, cabeça de lista da «Servir+Portimão», tinha anunciado previamente que não apresentaria candidatura à presidência da Assembleia Municipal, acabou por ser reconduzido, nesse cargo, o anterior presidente, o socialista João Vieira.

Tomada de posse de Carlos Gouveia Martins, na Assembleia Municipal, que foi cabeça de lista da coligação Servir+Portimão

Depois da cerimónia de tomada de posse e com a sala principal do Teatro Municipal de Portimão completamente cheia, no seu discurso, a presidente da Câmara fez questão de lembrar a ausência dos representantes dos Bombeiros. «Aos homens e mulheres de Portimão que se juntaram aos bombeiros que combatem os incêndios na Lousã, o meu mais profundo agradecimento e o desejo que voltem são e salvos. Estamos convosco!», disse Isilda Gomes, arrancando a primeira grande ovação da sala.

Ao longo de um discurso de cerca de 25 minutos, a autarca foi apresentando outras prioridades do seu novo mandato: o «desenvolvimento da marca “Comércio tradicional de Portimão”», o reforço da «política de sombreamento» das ruas , a criação de «mais núcleos» da StartUp Portimão, e ainda a criação de uma «unidade de missão pluridisciplinar com vista à captação de investimento, que terá como primeira tarefa a criação de um manual do investidor».

Na gestão territorial, anunciou, as prioridades vão para «a consolidação e alargamento das áreas de reabilitação urbana» e a manutenção dos «benefícios fiscais para as áreas de reabilitação».

O programa de videovigilância da Praia da Rocha vai ser «finalmente» concretizado e até poderá «ser alargado a outras zonas sensíveis».

No que diz respeito aos transportes e mobilidade, será mantida a aposta na rede de transportes públicos, mas sem «aumentar os custos atuais», enquanto serão reparadas a V6, a estrada entre o Vau e os 3 Castelos ou a Avenida Afonso Henriques.

Também a zona ribeirinha deverá ser alvo de um olhar mais atento: «tentaremos revolucionar a circulação automóvel, na zona entre a ponte velha e a zona ribeirinha». Além disso, será redefinida «a política de estacionamento, promovendo um aumento considerável do número de lugares não tarifados».

Mas a autarca socialista falou ainda de outra questão, a da abstenção, que diz acompanhar «com preocupação crescente» e que, nas recentes Eleições Autárquicas, atingiu 58,84% em Portimão. Isilda Gomes referiu-se ao «nível de alheamento que uma fatia muito considerável da população demonstra, relativamente às diversas eleições em que é chamada a pronunciar-se». E quem são os responsáveis? «Somos todos responsáveis. Todos sem exceção», sublinhou.

A terminar, Isilda Gomes falou, com emoção, «de algo muito íntimo e pessoal»: «Nestes últimos quatro anos, a vida derrubou-me várias vezes e outras tantas me levantei do chão. Estou de pé. Isso deve-se sobretudo ao apoio da minha família, que comigo caiu e juntos nos levantámos uma e outra vez, sempre com mais força. Deve-se também a todos os que comigo privam e que têm sido a âncora nos momentos difíceis. Mas também a todos os amigos e a tantos portimonenses que diariamente me acarinharam e incentivaram com palavras de grande força, estímulo e esperança no futuro. Para todos vós, não tenho palavras suficientes para agradecer, fica apenas a promessa de tudo fazer para continuar a merecer o vosso carinho e a vossa confiança». Esta intervenção suscitou a maior ovação da noite, com as pessoas que estavam a assistir à tomada de posse, de várias cores políticas, a levantar-se para aplaudir.

Um último destaque para a atuação do trio de jovens músicos da Escola da Bemposta, que, a abrir a sessão da tomada de posse, interpretou dois temas, em guitarra portuguesa, viola de fado e contrabaixo.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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