ICNF está há uma semana a tentar capturar jovem raposa ferida numa praia de Tavira

Uma jovem raposa, visivelmente debilitada, está há três semanas na praia de Cabanas de Tavira, em pleno Parque Natural da […]

Foto publicada no Facebook, da autoria de Ana Fernandes

Uma jovem raposa, visivelmente debilitada, está há três semanas na praia de Cabanas de Tavira, em pleno Parque Natural da Ria Formosa. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sabe da situação e diz estar a tentar, sem sucesso, capturar o animal há uma semana, mas, por agora, garante que apenas avistou uma raposa «sem sinais de estar debilitada». 

Ora, certo é que, nas fotos e vídeos que têm sido tornados públicos, a raposa aparenta estar ferida e muito magra. Isto apesar de fonte do ICNF ter assegurado ao Sul Informação que a raposa «que a nossa equipa viu não estava nada debilitada, nem doente, como a outra estará».

O Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR está a colaborar nestas buscas, com homens no terreno em conjunto com o ICNF, mas fonte da GNR garantiu ao Sul Informação que «o nosso pessoal não tem visto os animais».

«Estamos a tentar ver, no terreno, se uma raposa está debilitada e, se sim, encaminhar para o RIAS [o Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, situado na Quinta de Marim, em Olhão], para depois de reabilitada a devolver ao habitat natural», acrescentou a fonte do ICNF contactada.

Quanto à armadilha que está a ser utilizada, é «uma caixa, com um isco dentro». Quando o animal entra nessa caixa, «há uma porta que se fecha». Tudo está a ser feito em articulação com a Capitania do Porto de Tavira (uma vez que a raposa tem sido avistada na praia), mas até agora sem sucesso. «Estamos a fazer o possível e a tentar todos os dias capturar a raposa», garante a fonte do ICNF.

Apesar de o caso se estar a passar no Parque Natural da Ria Formosa, foi o RIAS quem contactou as entidades competentes, logo que soube da situação, alertado por pessoas que viram a raposinha na praia de Cabanas. Em comunicado divulgado hoje ao princípio da tarde, aquele centro diz já ter «conhecimento de que estão a ser feitos esforços para capturar os animais em segurança».

Entretanto, alerta, «os animais não devem ser alimentados e o contacto e interação com humanos devem ser evitados ao máximo». É que «no caso destas raposas, a alimentação errada, disponibilizada pelas pessoas, é uma das causas para o seu estado de saúde. O facto de este animal estar a ser alimentado pelas pessoas está também a atrasar e prejudicar o processo de captura pelas autoridades competentes», sublinha.

Ao RIAS, têm chegado todos os dias «mais de meia dúzia de telefonemas e muitas mensagens no Facebook» de pessoas a protestar contra este caso, disse Diogo Amaro, daquele centro de recuperação, ao Sul Informação.

Foto publicada no Facebook, da autoria de Ana Fernandes

Mas os técnicos e voluntários do RIAS adiantam que estão de mãos atadas.

É que, explicou Diogo Amaro, «nós somos o hospital, não somos a ambulância. Por muito que queiramos ir lá buscar a raposa, a verdade é que não temos meios e, sobretudo, não temos competência legal para o fazer. Na prática, estamos proibidos de o fazer».

Ou seja, o RIAS apenas pode tratar o animal, depois de ele ser capturado pelas entidades competentes e por elas levado para as suas instalações.

Fábia Azevedo, coordenadora do RIAS, diz que aquele centro de recuperação tem feito pressão «junto das entidades competentes para que a raposa seja capturada e trazida para o centro de recuperação de animais selvagens, mas até agora sem resultado, infelizmente».

E as entidades competentes são, neste caso, o Parque Natural da Ria Formosa, o SEPNA da GNR e até os serviços de veterinária da Câmara de Tavira.

Ora, esta também é, em parte, uma questão de saúde pública, porque estes animais podem ser portadores de raiva. Ainda assim, considera o ICNF, «a raposa que nós vimos não está doente e, por isso, não há risco de saúde pública. Estes são animais selvagens, mas não são problemáticos».

A questão tem levantado polémica, com muitas acusações no Facebook à falta de competência do ICNF que, ao fim de uma semana, ainda não conseguiu capturar o animal. No entanto, a fonte dessa entidade garante que «do nosso ponto de vista, não é possível fazer mais por agora». Ainda assim, admite, «vamos continuar a insistir».

Para o RIAS, «este caso tem sido, infelizmente, um exemplo do que não deve ser feito na presença de um animal selvagem».

Apesar disso, aquele centro garante estar disponível «para receber todos os animais selvagens com necessidade de cuidados médicos a qualquer hora do dia ou da noite. A nossa equipa trabalha todos os dias do ano, sem exceção, para que todos os animais sejam tratados com todo o cuidado e a dignidade que lhes é devida».

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