De 12, ficaram 2 candidatos a reitor e nem o Politécnico escapou ao corte

Houve 12 candidaturas ao cargo de reitor da Universidade do Algarve, três das quais internas, mas a Comissão Eleitoral que […]

Houve 12 candidaturas ao cargo de reitor da Universidade do Algarve, três das quais internas, mas a Comissão Eleitoral que avaliou as propostas só deu luz verde a duas, ambas de professores do subsistema universitário da instituição: Efigénio Rebelo e Saúl de Jesus. Paulo Águas, atual vice-reitor, foi  afastado por ser… docente no Politécnico.

O facto de Paulo Águas ser professor numa das Escolas Superiores da Universidade do Algarve, e não numa das Faculdades, é a justificação dada pela Comissão Eleitoral, liderada pelo presidente do Conselho Geral da UAlg Vítor Neto, para a rejeição desta candidatura.

A sustentar a decisão está um parecer jurídico pedido à Secretaria-Geral da Educação e Ciência, anexado a uma das duas últimas atas da comissão, a que o Sul Informação teve acesso, que considera que o lugar de reitor está interdito a professores do Politécnico.

O que há neste tipo de Instituição de Ensino Superior, frisa a tutela, são presidentes. Só que, no caso da academia algarvia, não há essa figura, já que a Universidade do Algarve tem, na sua orgânica, dois subsistemas, ambos tutelados por um mesmo órgão, a reitoria.

Esta particularidade é, de resto, salientada no próprio site da UAlg, que se apresenta como «uma instituição diferente das outras Universidades, dado coexistirem no seu seio Unidades Orgânicas de Ensino Superior Universitário e de Ensino Superior Politécnico».

Quem também passou a uma segunda fase, acabando por não ver admitida a sua proposta, foi o candidato Pedro Afonso Caetano, por, segundo a Comissão Eleitoral, «não ter feito prova inequívoca do seu vínculo como professor ou investigador de uma instituição nacional ou estrangeira, de ensino universitário ou investigação, em exercício efetivo de funções».

Certo é que, através de uma simples busca na Internet, descobre-se que Pedro Afonso Caetano é referenciado como investigador do Centro de Estudos e Doenças Crónicas da Nova Medical School| Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, no site desta instituição de ensino superior.

Uma busca online mais aprofundada permite perceber, que este candidato é dono de um vasto currículo, que começa com uma licenciatura em Ciências Farmacêuticas na Universidade de Lisboa e inclui um mestrado na conceituada Universidade de Harvard e um doutoramento na Ohio State, ambas nos Estados Unidos da América (onde também estudou e obteve diferentes certificados nas universidades de Michigan e Cincinnati), e um certificado em farmacoepidemiologia na London School of Hygiene and Tropical Medicine, da Universidade de Londres. Atualmente, é coordenador de investigação numa entidade ligada à Universidade de Oxford.

Quanto às demais candidaturas, oito foram afastadas logo na primeira reunião da Comissão Eleitoral. Em quatro dos casos, os candidatos eram estrangeiros e as suas candidaturas não foram admitidas com a justificação: «não apresenta o Curriculum Vitae em português e não faz acompanhar a candidatura do Plano de Ação e do Compromisso de Honra». Estas duas últimas eram condições claramente impostas pelo regulamento. Já a obrigatoriedade do currículo ser em português não está clara no regulamento das eleições para a reitoria da UAlg, onde apenas se frisa que a candidatura tem de ser apresentada em português e ser acompanhada de Curriculum Vitae, bem como do plano e do compromisso de honra.

Entre este contingente não português, dois dos candidatos também são rejeitados por «não terem competências na língua portuguesa», bem como, num dos casos, por não provar ser professor ou investigador.

Houve, ainda, três candidaturas «liminarmente rejeitadas», duas por os seus proponentes não serem professores ou investigadores universitários, outra por se tratar de um professor aposentado.

Num outro caso, a justificação para não admitir a candidatura foi que o proponente «não demonstra ser professor ou investigador universitário e não faz acompanhar a candidatura do Plano de Ação e do Compromisso de Honra».

Todos os candidatos que não viram a sua candidatura aprovada podem, agora, recorrer da decisão. Isto leva a que Vítor Neto, presidente do Conselho Geral e da Comissão Eleitoral, contactado pelo Sul Informação, não queira comentar as decisões da comissão.

«A Comissão Eleitoral decidiu em conformidade com o regulamento e em total respeito por ele. Aqueles que não viram a sua candidatura aprovada podem agora recorrer para o Conselho Geral. Já estava marcada uma reunião para o dia 23 de Outubro, onde serão avaliadas eventuais reclamações», revelou o presidente deste órgão da UAlg.

As candidaturas estrangeiras, que acabaram por ser todas rejeitadas, surgiram na sequência do anúncio publicado pelo Conselho Geral da Universidade do Algarve no prestigiado jornal britânico «The Guardian», em Julho. Mas os milhares de euros gastos na publicação do anúncio, pelos vistos, não conseguiram atrair candidatos com as caraterísticas desejadas.

Apesar de salientar que não lhe compete a ele comentar esta aparente dificuldade da Universidade do Algarve em atrair candidatos externos, Vítor Neto disse crer que «não se podem tirar ilações desse tipo apenas com um ato eleitoral».

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