Conceição Cabrita não quer ser recordada «apenas como a primeira mulher eleita presidente da Câmara de Vila Real de Santo António»

«Não gostaria de ser recordada apenas como a primeira mulher eleita presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo […]

«Não gostaria de ser recordada apenas como a primeira mulher eleita presidente da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António», mas como «alguém que deu o melhor de si, que não virou a cara aos desafios». Estas são palavras da social-democrata Conceição Cabrita, que ontem tomou posse como presidente daquela autarquia, numa cerimónia que decorreu no Centro Cultural António Aleixo, no centro da cidade do Guadiana.

Com um discurso curto, mas muito aplaudido, e sem entrar em pormenores sobre as prioridades do executivo, a nova presidente da Câmara salientou que o programa com o qual foi eleita pelos vilarrealenses, «a partir deste momento, deixa de ser “o programa da São” e passa a ser “o programa do município de Vila Real de Santo António”».

Referindo-se ao seu antecessor, Luís Gomes, com o qual trabalhou doze anos nos seus três mandatos, Conceição Cabrita citou o poeta Carlos Drummond de Andrade para dizer «ninguém é igual a ninguém, todo o ser humano é um estranho ímpar». E, por isso, este «novo ciclo» será também marcado pelo cunho pessoal que a presidente recém empossada lhe quer conferir.

Numa «nota pessoal», Conceição Cabrita sublinhou ter tido o «privilégio de ter trabalhado com um homem invulgar, um homem de causas, um homem de bem, um homem obstinado por fazer melhor pela sua terra e pelas suas gentes», que «ficará para sempre na história deste município».

«Luís, foste, mais do que ninguém, um fazedor!», sublinhou a nova presidente da Câmara de VRSA, virando-se para Luís Gomes, sentado na primeira fila da assistência.

No seu estilo direto, Conceição Cabrita abordou ainda o tema da campanha suja que diz ter-lhe sido movida, sobretudo pelo PS. E manifestou a sua tristeza por, «em pleno século XXI», constatar que «ainda exista quem ache que a política se faz com ódio, com rancor e usando a calúnia e a difamação».

«Não me peçam que sorria cinicamente para quem não teve o respeito que um combate político leal e sério tem necessariamente de implicar», acrescentou.

Só seis dos sete membros do novo executivo camarário tomaram posse

Na tomada de posse do novo executivo camarário – constituído por quatro elementos do PSD (Conceição Cabrita, Luís Romão, Carla Viegas e Rui Pires), dois do PS (António Murta e Cristina Mira) e um da CDU (Álvaro Leal) – apenas faltou precisamente António Murta, o antigo presidente da autarquia que foi agora de novo candidato dos socialistas à Câmara. Quando a sua ausência foi anunciada, ouviu-se uma vaia na sala.

Se o PSD garantiu maioria absoluta na Câmara Municipal, na Assembleia Municipal, cujos membros também tomaram posse na mesma cerimónia de ontem ao fim da tarde, garantiu a presidência e os dois lugares de 1º e 2º secretário da mesa. Isto apesar de, à partida, os social-democratas nem sequer terem, de facto, a maioria dos lugares na AM.

Os números das votações para a presidência da AM são curiosos – o PSD, entre deputados municipais e os dois presidentes de Junta de Freguesia eleitos pelos social democratas, contava à partida com 12 votos, o PS com oito (sete deputados mais um presidente de Junta), a CDU com quatro. Um dos elementos do PS não estava presente e por isso não tomou ontem posse, o que, em vez dos normais 24 votos, ditou que houvesse 23.

Desses 23 votos possíveis, José Carlos Barros (PSD), que foi ontem reeleito presidente da Assembleia Municipal, conseguiu 12 votos, enquanto os restantes dois candidatos ao cargo, Luísa Oliveira e Castro (PS) e José Cruz (CDU), recolheram seis e um voto, respetivamente. Houve ainda quatro votos em branco. Tendo em conta que a CDU, nestas coisas, costuma votar em branco, especula-se que tenha sido um dos elementos do PS a votar no comunista José Cruz.

José Carlos Barros, que acabou assim reeleito para mais quatro anos à frente da AM, manifestou-se «um convicto e entusiasta crente do nosso sistema democrático», salientando que «o poder local constitui-se como elemento base de toda a nossa arquitetura institucional».

A cerimónia de tomada de posse dos órgãos autárquicos de Vila Real de Santo António foi ainda marcada por um minuto de silêncio, em memória das vítimas dos mais recentes incêndios…e por gritos de «Viva o Benfica!».

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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