Não há um Planeta B

Durante a minha visita ao Porto e Lisboa no mês passado, fiquei muito impressionado com os projetos que promovem um […]

Durante a minha visita ao Porto e Lisboa no mês passado, fiquei muito impressionado com os projetos que promovem um uso mais inteligente e inovador da eletricidade e com o incentivo ao transporte sustentável nas cidades.

Acelerar o desenrolar desta infraestrutura moderna representaria um valor acrescentado crucial para a Europa. Seria outra prova de que temos uma forte tradição na Europa e, especificamente, em Portugal de proteção do meio ambiente e desenvolvimento de energias renováveis, de inovação e de criação de soluções reais para ajudar na luta contra as mudanças climáticas e melhorar o nosso quotidiano.

Vamos começar com as energias alternativas para os transportes, como a eletricidade e o hidrogénio, e continuar com a infraestrutura necessária para a condução autónoma. No futuro, é isso que irá decidir quais são os melhores carros do mundo e devemos fazer tudo para que eles sejam fabricados na Europa. O nosso objetivo de descarbonização é, em primeiro lugar, sobre energizar e modernizar nossa economia europeia.

O nosso futuro são carros competitivos que usam energia limpa, mas a organização do tráfego também é urgente. Temos que partilhar mais os nossos carros, planear melhor e reduzir o tráfego nas áreas urbanas e criar uma solução sustentável para o problema que é o facto de metade das faixas das estradas da Europa estarem vazias.

A transição energética é uma grande oportunidade para Portugal. As empresas portuguesas estão a trabalhar muito para reduzir a emissão de gases com efeito estufa no setor dos transportes. Outro grande desafio do vosso país é a segurança energética, pois vocês querem ter a certeza de que terão energia sempre que precisarem.

Na Comissão Europeia, acreditamos que há uma base de negócios sólida para a nossa ambiciosa agenda climática. É importante saber como usar a tecnologia e os novos modelos de negócios para aumentar a eficiência energética e trazer mais dinheiro para a investigação e inovação e fazê-lo criando um mercado sólido, como fazem aqui em Portugal. Exportando a vossa tecnologia pelo mundo, desde Singapura à Califórnia.

A Europa foi o músculo diplomático mais importante do Acordo de Paris. Lideramos a luta contra as mudanças climáticas. Mas não paramos por aí. Queremos passar da centralização para a descentralização, do fóssil para o renovável, da distribuição de energia para um melhor armazenamento de energia. Estamos a capacitar os consumidores e queremos criar novos tipos de consumidores, pessoas que desejam produzir (os “prosumidores”) e, eventualmente, vender sua própria energia.

Para ter sucesso com esta revolução da energia limpa na Europa, precisamos de melhorar o nosso hardware e software. Ou seja, de melhores ligações, novas regras, novas leis, novos códigos a ser aplicados em toda a Europa. Temos que decidir o tipo de energia que queremos produzir e coordenar as soluções mais económicas com os nossos vizinhos. A ênfase está sobre a cooperação regional e otimização regional.

Os países estão prontos para trabalhar em conjunto, o que é essencial para garantir uma coesão positiva na produção de energia, na sua distribuição e no seu consumo. O meu objetivo é melhorar o que é mais importante para os nossos cidadãos: estabilidade da rede, preços acessíveis, menor poluição do ar, energia limpa e inovação inclusiva.

Não há um planeta B, por isso não temos nenhum plano B.

 

Autor: Maroš Šefčovič, Vice-Presidente da Comissão Europeia, União da Energia

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