Transformar Fatacil em Parque Urbano de Lagoa custa 7 milhões de euros

Transformar o recinto da Fatacil no Parque Urbano de Lagoa vai custar «7 milhões de euros» e demorar «três ou […]

Transformar o recinto da Fatacil no Parque Urbano de Lagoa vai custar «7 milhões de euros» e demorar «três ou quatro anos» a concretizar-se. O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara Francisco Martins, este domingo, precisamente no último dia da edição de 2017 da Fatacil.

O futuro Parque Urbano de Lagoa vai expandir-se para terrenos ao lado do atual recinto, de modo a dar espaço ao novo Picadeiro Municipal, que terá condições «para receber provas equestres internacionais», mas vai também incluir zonas de lazer, arborizadas ou pavimentadas, e uma área desportiva, com pista de patinagem, zona de fitness, campo relvado e campo de sintético, absorvendo o atual estádio Josino da Costa, mas dotando-o de melhores condições, nomeadamente bancadas e balneários.

Além disso, todo o recinto será reorganizado, de modo a criar uma praça de entrada «mais ampla e mais segura», mudando a localização do edifício que acolherá secretariado, sala de imprensa com pequeno auditório, sanitários, bilheteiras, garagens e oficinas para os serviços de manutenção.

Também o restaurante será mudado de sítio, construindo uma nova estrutura com condições mais modernas e em localização mais central.

Mas tudo isto será feito de modo a que o recinto possa continuar a acolher a Fatacil e outras feiras e eventos, de geometria e dimensão variável, que se queira ali promover. O mercado mensal, por exemplo, que agora decorre no terreno contíguo, onde será instalado o Picadeiro Municipal, irá mudar-se para dentro do Parque Urbano, assim como a Feira de Velharias mensal passará a ter outras condições.

E, apesar de isso não constar ainda do anteprojeto que ontem foi mostrado pela primeira vez ao público, o presidente da Câmara anunciou que haverá também «uma ligação em ponte pedonal e ciclável, entre as duas margens da EN125», que hoje atravessa e divide a cidade de Lagoa. «A 125 é um rio que separa estas duas margens da cidade e nós queremos acabar com isso», acrescentou Francisco Martins.

Luís Sobral, um dos jovens arquitetos do Atelier Depa Architects, responsável pelo projeto, explicou que «esta é uma área para ser apropriada pelas pessoas e pela cidade», transformando-a num verdadeiro «parque e não num recinto fechado», como hoje é.

Como já tinha sublinhado o edil lagoense, «este é um espaço que não pode ficar confinado aos dez dias da Fatacil. Será um espaço que vai ter uso nos 365 dias do ano, mas onde facilmente se monta a Fatacil ou qualquer outra feira».

Será, explicou Carlos Azevedo, outro dos jovens arquitetos do gabinete que concebeu o estudo prévio, «um parque que se transforma numa feira, um recinto que consegue acolher grandes eventos, mas que não se restringe a isso». Assim, as novas praças que serão criadas com a reorganização do espaço interior, serão «flexíveis para colher eventos, mas também para servir de estacionamento para o novo restaurante», por exemplo.

O trio de arquitetos admitiu, em conversa com os jornalistas, que a maior dificuldade do projeto foi «a resolução da dicotomia entre um recinto que seja um bom parque durante todo o ano, mas que tolere também este tráfego e exigências de uma grande feira, como é a Fatacil».

Por isso, tem havido trabalho acrescido, de modo a que «todos os espaços possam ser muito confortáveis».

No caso da área desportiva, que absorverá a zona do atual campo do Grupo Desportivo de Lagoa (relvado), e do campo ao lado (sintético), será construída uma «bancada que permita agregar todo o programa necessário». A nova estrutura terá uma dimensão «duas vezes e meia» maior que a atual bancada. Por baixo, serão criados os «equipamentos necessários e exigidos pela Federação», nomeadamente balneários e áreas técnicas.

Também o Picadeiro terá «duas vezes» a dimensão do atual e será dotado de 40 boxes para cavalos, «com todos os requisitos das federações para as competições internacionais».

Quanto ao futuro edifício público do secretariado, a ser construído ao longo da EN125, fazendo «frente de rua», na zona onde hoje se situa a área de restauração, terá «uma face mais urbana, voltada para a cidade, de modo a reforçar a ligação com o resto de Lagoa, que se pretende com este Parque Urbano».

O novo restaurante terá a mesma filosofia: será «relocalizado estrategicamente no centro do parque, criando-se um acesso mais franco à cidade e à EN125». Além disso, sublinharam os arquitetos, terá características de «verdadeiro restaurante no parque», tirando partido das zonas arborizadas.

A praça de entrada, que até já começou a ser construída, com a instalação do novo pórtico no ano passado, será «bastante maior, de modo a acolher as pessoas de forma mais protegida em relação à EN125», ao contrário do que acontece agora.

O projeto de criação do Parque Urbano de Lagoa, cujo estudo prévio vai ser amanhã discutido, e eventualmente aprovado, em reunião de Câmara, deverá ser candidatado a fundos europeus, para financiamento. O edil Francisco Martins acrescentou que as obras em si serão feitas «ao longo de pelo menos três ou quatro anos», de modo a «não prejudicar a Fatacil, mas também por causa das finanças da Câmara de Lagoa».

 

Parque Urbano de Lagoa: estratégia

O recinto que hoje está dedicado à Fatacil, murado e com uma mancha de ocupação equivalente a 1/5 do tecido urbano de Lagoa, revela-se um bloqueio à circulação e crescimento da cidade, tendo também perdido a sua capacidade de resposta às exigências, quer infraestruturais, quer de espaço, requeridos pelo evento.

Propõe-se assim uma mudança de paradigma: um desenho urbano que proporcione uma simbiose entre espaço verde público, recinto de eventos e equipamentos desportivos, três programas que possam coabitar de forma viva e dinâmica ao longo de todo o ano.

Parque Urbano de Lagoa: projeto

O novo parque urbano é desenhado num sistema de talhões de diferentes tipos de pavimentos que, no seu conjunto, criam uma vasta mancha verde, percorrível pela população, e que explora momentos de paisagem aberta, de sombra, de água, de descanso, de lazer e de desporto.

Ao mesmo tempo, parte destes talhões integrados no parque são cuidadosamente distribuídos e compostos por pavimentos capazes de absorver a realização da Fatacil e outros eventos, tais como o mercado semanal, que se podem apropriar pontualmente das praças criadas.

 

 

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