Ninguém é responsável pelo estacionamento caótico ao longo da EN125 junto ao Zoomarine

Ao longo da EN125, junto ao Zoomarine, há dezenas e dezenas de automóveis (mal) estacionados, alguns já a entrar pela […]

Ao longo da EN125, junto ao Zoomarine, há dezenas e dezenas de automóveis (mal) estacionados, alguns já a entrar pela faixa de rodagem. O estacionamento prolonga-se por centenas de metros, pelas bermas fora, nos sentidos de Pêra ou da Guia, para um lado e para o outro. Junto ao parque temático, em cima dos separadores da rotunda e dos acessos, há carros e mais carros estacionados.

Os visitantes, com crianças ao colo, em carrinhos de bebé ou pela mão, atravessam a estrada em qualquer sítio, mesmo na zona onde há três faixas de rodagem (duas a subir e uma a descer), fazendo verdadeiras corridas para fugir aos carros que circulam na EN125.

A situação arrasta-se desde o início de Agosto, mas, pelos vistos, ao que o Sul Informação apurou, ninguém pode fazer nada para a evitar ou para a disciplinar.

Para tentar perceber o que se passa, o nosso jornal falou com o Zoomarine, com as Rotas do Algarve Litoral (consórcio de empresas concessionário da EN125), com a Câmara de Albufeira e ainda com a GNR.

Diogo Rojão, responsável pela comunicação do Zoomarine, diz que o parque temático não pode «estar a responder pela conduta dos condutores» e que «a decisão de estacionar na berma é deles», dos condutores. Garantindo que «reforçámos muito os parques de estacionamento», acrescenta que «nunca enchemos os parques de estacionamento, eles nunca ficaram totalmente lotados».

Diogo Rojão defende que esta é uma situação «impossível de evitar», porque «é muita gente ao mesmo tempo e todas as pessoas vêm no mesmo horário».

E será que, constatando a situação de perigo potencial criada, o Zoomarine pretende fazer alguma pedagogia junto dos seus visitantes ou dar-lhes indicações? «O que podíamos fazer era ir para o meio da EN125 e depois íamos presos», ironiza.

Mas a verdade, acrescenta, é que a direção do parque temático até tem tentado minimizar a situação. De tal forma que, de manhã, na hora da abertura, e à tarde, no fecho, «todas as pessoas que conseguimos libertar, nomeadamente eu, vão ajudar no estacionamento, para tentar que o trânsito flua».

Mas muitos dos condutores, «em vez de estarem na fila para entrar, optam por estacionar na berma. O estacionamento dentro do nosso parque não é tão rápido como estacionar na berma. Isso acontece no Zoomarine, como pode acontecer na Marina de Vilamoura, num jogo de futebol ou num concerto», defende-se ainda Diogo Rojão.

Aquele responsável acrescenta também que o facto de haver carros estacionados nas bermas, ao longo da EN125, não tem a ver com uma eventual falta de capacidade dos seus parqueamentos. É que «o número de carros que temos no estacionamento não tem uma relação direta com a lotação do parque. Hoje temos mais carros no Zoomarine do que tivemos antes e temos menos visitantes».

Diogo Rojão garante ainda que as recentes obras na EN125, que eliminaram a possibilidade de, quem sai do Zoomarine, virar à esquerda, no sentido de Portimão, obrigando todos os carros a virar à direita, para a Guia, onde poderão então voltar para trás na rotunda, está a agravar ainda mais o problema, quer da circulação do trânsito, quer do estacionamento. «O tempo de saída do Zoomarine está muito mais longo que antes».

«Nós temos o bilhete de segundo dia. Pessoas que, se calhar, estiveram cá na semana passada e levaram uma hora e meia para sair do parque de estacionamento, agora, na segunda vez, vão pensar: “eu ir para o parque de estacionamento? Deus me livre!” E vão estacionar na berma, para depois não perderem tanto tempo a sair para Portimão».

«Já pedimos às autoridades para virem ver, já fizemos reclamações, mas até agora ninguém quis saber», concluiu Diogo Rojão.

Se o Zoomarine afirma nada poder fazer, qual a posição das Rotas do Algarve Litoral (RAL), a concessionária da EN125? Rui Sousa, administrador executivo do Grupo Rodoviário Rotas Regionais, a quem pertencem as RAL, responde que «cabe com efeito à entidade gestora do espaço [Zoomarine] providenciar as necessárias condições de acolher em segurança todos os que acorrem àquele espaço, o que deverá ser feito de acordo com as autoridades licenciadoras competentes».

Por outro lado, acrescenta na sua resposta às questões enviadas pelo Sul Informação, «o estacionamento ilícito/abusivo é uma matéria da competência das Autoridades Policiais».

E o que tem a Câmara de Albufeira a dizer quanto a uma situação que afeta o trânsito e põe em causa as condições de circulação na EN125, no troço que atravessa aquele concelho? Cristiano Cabrita, chefe do Gabinete de Comunicação, Relações Públicas e Relações Internacionais da autarquia, garante que não chegou à Câmara «qualquer tipo de queixa ou informação via GNR sobre esta situação».

Além disso, salienta, «a situação do estacionamento nas bermas deve ser fiscalizada por esta autoridade competente», ou seja, pela GNR.

Neste jogo do empurra, falta então saber o que pensa a GNR sobre o assunto e o que pretende fazer, se é que tem intenções de fazer seja o que for.

Fonte do Comando Distrital da GNR de Faro garantiu ao Sul Informação que «tudo está a ser feito para que, dentro da grande afluência de visitantes, não se ponha em risco a vida humana».

A verdade é que, sendo a EN125 uma estrada nacional, não é proibido estacionar nas suas bermas. Tendo em conta que o acesso ao Zoomarine, à entrada ou à saída, costuma congestionar a estrada, criando longos engarrafamentos, o Destacamento de Trânsito da GNR até tem por hábito lá estar, a tentar ordenar o caos, nas horas mais problemáticas.

O estacionamento nas bermas podia acabar se as RAL colocassem sinalização vertical a indicar a proibição de ali parquear. Aí, a GNR já poderia atuar, multando quem por lá estaciona.

E o acesso mais facilitado entre o parque do Zoomarine e a EN125, para quem quer seguir na direção de Portimão, poderia ser mais fluido se deixasse de haver traço contínuo naquela zona (o que, lá está, poderia criar outras situações de perigo) ou se houvesse um viaduto sobre a estrada, a garantir o escoamento dos carros, sobretudo à saída. Mas e quem pagaria esse viaduto?

O que é certo é que, como salientaram várias das entidades contactadas pelo Sul Informação, «estamos num ano excecional de afluxo de turistas, sobretudo em Agosto». Resta, portanto, rezar para que, até que a enchente passe no fim do mês em curso, não haja qualquer acidente que ponha em causa a imagem da região. E depois…no próximo mês de Agosto, daqui a um ano, provavelmente voltaremos a falar do mesmo.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

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