Já abriu o «Faina», o restaurante que traduz em gastronomia o que o Museu de Portimão é

Emídio Freire ainda não teve tempo para colocar a placa na parede, mas o seu «Faina» já está a funcionar. […]

Emídio Freire ainda não teve tempo para colocar a placa na parede, mas o seu «Faina» já está a funcionar. Trata-se do restaurante do Museu de Portimão, que finalmente abre as suas portas, nove anos depois da inauguração da sua casa-mãe.

A abertura oficial teve lugar ontem ao fim da tarde, com um pôr do sol bem regado e ainda mais bem alimentado, tirando o máximo partido da localização do restaurante, mesmo à beira rio, com os barcos e o Arade como pano de fundo.

A abertura culmina um longo período desde que, em Dezembro passado, Emídio Freire, com a mulher e o sócio, ganharam, em hasta pública, a exploração do futuro restaurante do museu. Até então, o espaço só tinha funcionado para eventos pontuais, pelo que, quando o empreendedor pegou no restaurante, descobriu que havia muito, mas mesmo muito, para fazer.

Foram quase oito meses para «adequar o espaço ao nosso conceito, ou seja, ao tipo de produtos e de pratos que queremos apresentar», explicou ontem um extenuado mas feliz Emídio ao Sul Informação. Mas houve também que fazer a «revisão geral de todo o equipamento, já com nove ou dez anos», reformular muitos aspetos técnicos que ou estavam obsoletos ou estavam mal concebidos. E houve as burocracias…

Sem pregar olho há mais de 24 horas, Emídio Freire explicou ao nosso jornal que todo o «conceito» do «Faina» (um nome que tem tudo a ver com a história da cidade e do lugar) «se liga ao Museu e ao que ele representa». É, ainda assim, um «work in progress», um trabalho cujos pormenores estão a ser afinados.

Ontem, a abertura foi só para convidados, nomeadamente a presidente e o vice-presidente da Câmara de Portimão (Isilda Gomes e Joaquim Castelão Rodrigues), o diretor do Museu (José Gameiro), a sua chefe de divisão (Isabel Soares), o presidente do Grupo dos Amigos do Museu de Portimão (Daniel Cartucho), ou ainda Pepe Feu, um dos antigos proprietários da fábrica conserveira onde hoje se ergue a estrutura museológica, os atuais artesãos conserveiros algarvios (Vincent Jonckheere e Manuel Mendes, da Saboreal), bem como muitos amigos e familiares.

A ementa incluiu queijos e enchidos algarvios, uma degustação das petiscadas da Saboreal, camarão e tiras de lula envoltas em polme e fritas, com um molho especial, e rosbife, tudo para comer à mão e acompanhar com bons vinhos ou cerveja bem gelada.

Além de Emídio, a cozinha contou com a ajuda de um outro chef vindo de bem longe: Francisco Salema, o portimonense que, com o seu sócio Filipe Duarte, abriu há três anos o «Tertúlia», um restaurante de «comida portuguesa e algarvia», na cidade de Kampot, no Cambodja.

«Vim de férias a Portugal e, como conheço o Emídio há muitos anos, ele pediu-me ajuda para o arranque do restaurante. E cá estou eu!», disse ao Sul Informação um bem disposto Francisco Salema, enquanto cortava tiras de lula na cozinha acabada de estrear.

Emídio Freire e Francisco Salema, na cozinha do «Faina»

O restaurante «Faina», que tem que acompanhar o ritmo do Museu de Portimão, abrirá todos os dias das 10h00 à meia noite, fechando às segundas-feiras. No entanto, porque Emídio é também muito ligado às artes – foi fundador do cineclube de Portimão, o Contramaré -, haverá no «Faina» sessões de cinema e atuações musicais, aos fins de semana, dias em que o restaurante poderá fechar mais tarde.

Mas atenção: este fim de semana (dias 19 e 20 de Agosto), excecionalmente, o «Faina» apenas abre às 18h00, para o pôr de sol e jantar.

Emídio Freire explicou ao Sul Informação que o restaurante servirá «almoços, mas, pela sua localização frente ao rio, a seguir ao trabalho as pessoas poderão vir cá petiscar, fazer a cama no estômago para depois ficarem para jantar. E a seguir podem beber um gin tónico. Este é um espaço versátil e dinâmico, que irá mudando ao longo do dia».

Mais do que um simples local para beber um copo e comer, Emídio quer que o seu «Faina» seja «um ponto de encontro para as diversas fainas que há por aí». A comida, essa, como ontem se viu, «andará à volta da comida tradicional, mas com interpretação. Gosto muito de inventar sobre as nossas próprias referências».

O que não abre já é o primeiro andar do restaurante, uma sala que tem uma vista ainda mais estonteante que a do rés do chão, que se abre para o rio, também num espaço ao ar livre. «Em cima, teremos um tipo de refeição diferente, sem carta. Faremos umas viagens engraçadas, por regiões, por produtos, vamos chamar outros chefs».

José Gameiro, diretor científico do Museu de Portimão, vê na abertura do «Faina» o fechar de um ciclo na premiada estrutura. «Era a peça final que nos faltava», disse ao Sul Informação. «O restaurante vem dar resposta ao programa do Museu, não sendo apenas mais um restaurante, mas antes uma sala onde a cultura tem lugar. No fundo, é uma sala que vai continuar, do ponto de vista gastronómico, os objetivos do Museu».

Por isso, já sabe: aproveite estes fins de tarde e noites quentes de Verão e vá conhecer mais esta peça do Museu de Portimão…que, estando aberto até às 23h00 em horário estival, até poderá depois visitar.

 

Fotos: Elisabete Rodrigues|Sul Informação

 

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