Alunos da Secundária de Tavira escrevem «apreciações críticas» sobre peça que põe a nu a escravatura

Hoje, 23 de Agosto, é o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição, declarado pela […]

Hoje, 23 de Agosto, é o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição, declarado pela UNESCO, a Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura.

Neste mesmo dia, mas há 226 anos, na noite de 22 para 23 de Agosto de 1791, homens e mulheres, levados da África e vendidos como escravos, revoltaram-se contra o sistema esclavagista para obter liberdade e independência para o Haiti, o que foi conquistado em 1804.

«A revolta foi um momento decisivo na história da humanidade, com um grande impacto no estabelecimento de direitos humanos universais, pelo qual somos todos responsáveis», escreveu, no ano passado, Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO.

A associação Partilha Alternativa produziu e tem estado a apresentar por todo o Algarve, em especial nas escolas secundárias da região, a peça «Filhos do Fogo de Deus», que aborda precisamente a questão da escravatura, a partir da visão de diversos escritores, portugueses, brasileiros e não só.

Trata-se de teatro em jeito de sessão de contos, com os atores Mário Spencer e Thomas Bakk, música incidental de Victor Gama, roteiro e direção de Tela Leão.

Esta performance junta-se às manifestações no âmbito da década dedicada pelas Nações Unidas aos afrodescendentes: People of African Descent: recognition, justice and development.

É construída com temas musicais ligados ao assunto, e com textos históricos selecionados a partir de monografias, dissertações, inquéritos, relatos e outros documentos da pesquisa histórica de Robert Edgard Conrad “Children of God’s Fire . A Documentary History of Black Slavery in Brazil”. O título refere um conceito desenvolvido num sermão do Padre António Vieira.

A proposta é tirar a história do domínio puramente académico e trazê-la para o domínio da emoção, para que não seja esquecida, para que o reconhecimento dos factos gere justiça, e na esperança de que assim, talvez, possa um dia vir a deixar de se repetir… pois infelizmente a escravidão moderna é uma realidade.

A peça está também em sintonia com a campanha 50forfreedom da Organização Internacional do Trabalho para a qual se proporá a recolha de assinaturas entre o público.

Um dos estabelecimentos escolares do Algarve onde o espetáculo já foi apresentado é a Escola Secundária Secundária Dr. Jorge Augusto Correia, em Tavira.

Numa parceria entre a Partilha Alternativa e o Sul Informação, foi então pedido aos alunos que assistiram à peça que escrevessem uma apreciação crítica, para ser publicada no nosso jornal.

Responderam ao desafio os alunos Brígida Fernandes, Cláudia Sequeira, Diogo Ribeiro, Joana Gromicho e João Infante, todos então alunos do 11ºB e da professora Ana Cristina Matias, que leciona Português naquela escola.

Aqui partilhamos, então, as apreciações críticas à peça «Filhos do Fogo de Deus», da autoria desses alunos. Para as ler, basta clicar e abrir, em PDF:

Brígida Fernandes

Cláudia Sequeira

Diogo Ribeiro

Joana Gromicho

João Infante

 

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«Homens que negociastes pela primeira vez com pretos!
Que primeiro vendestes escravos de novas terras!
Que destes o primeiro espasmo europeu às negras atônitas

A vós todos sangrentos, violentos, odiados, temidos, sagrados,
Eu vos saúdo, eu vos saúdo, eu vos saúdo!»

In Ode Marítima de Álvaro de Campos
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Clique aqui para ler a reportagem «Peça «Os Filhos do Fogo de Deus» fala de escravatura, sem tabus, em Tavira», do Sul Informação

Clique aqui para ver a reportagem em vídeo «“Os Filhos do Fogo de Deus” estão aí para quebrar preconceitos e alcançar novos voos», também da autoria do Sul Informação

 

 

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